Capítulo 6

Um frio profundo subiu das solas dos pés de Chloe.

Instintivamente, ela se escondeu no ponto cego da visão deles, tentando ouvir a conversa.

"Arthur, fiquei apavorada quando comecei a sangrar," disse Avery, com uma voz lamentosa.

Chloe podia imaginar Avery aninhada felizmente nos braços de Arthur.

"Felizmente, o médico disse que era apenas um pequeno sangramento. O bebê ainda está saudável."

"Mas o médico disse que você deveria passar mais tempo comigo, caso contrário, esse pequeno encrenqueiro vai continuar aprontando."

Avery olhou para Arthur. Embora seu rosto permanecesse frio, ele permitiu que ela guiasse sua mão até a barriga.

Todos os homens eram volúveis. Ela acreditava que, à medida que o bebê crescesse, os sentimentos dele por ela se aprofundariam.

E se Chloe continuasse causando problemas, Arthur se cansaria de uma mulher tão imatura.

Parada no canto, Chloe cerrou os punhos. O movimento puxou seus braços doloridos, lembrando-a do sofrimento que estava suportando pelo filho de Arthur.

Chloe acariciou a barriga e sussurrou, "Bebê, nós podemos viver muito bem sem um pai, certo?"

O feto não estava desenvolvido o suficiente para responder com um pequeno chute.

Pensando no aviso do médico de que ela precisaria de todas as suas forças para manter esse bebê, uma onda de dor a invadiu.

Preservar essa gravidez teria um custo enorme. Ela tinha sido um canário enjaulado por tanto tempo—adaptar-se ao mundo exterior exigiria um esforço considerável.

Arthur não estaria mais ao seu lado.

Mesmo que ele estivesse disposto, ela não queria que seu filho passasse pelas mesmas dificuldades que ela havia experimentado.

Chloe piscou para conter as lágrimas e falou com determinação, "Bebê, não precisamos de um pai. Vamos ficar bem sozinhos."

"A mamãe vai te dar tudo o que ela tem."

Chloe sentiu seus olhos arderem enquanto uma leve sensação de cólica se espalhava pelo abdômen.

Quando estava prestes a sair, a voz açucarada de Avery soou, "Chloe? O que você está fazendo aqui?"

Chloe não teve escolha a não ser se virar e encontrar os olhares deles.

Avery se apoiou em Arthur, o triunfo brilhando em seu olhar.

Arthur segurou Avery, seu rosto escuro como carvão, seus olhos afiados fixos em Chloe.

"Chloe, não fique brava. Eu mandei aquela mensagem para que você soubesse como eu estou," disse Avery, acariciando a barriga, sua voz gotejando doçura. "Eu sei que você está chateada com o bebê, mas essa criança não é só minha—é do Sr. Williams também."

"Você ama tanto o Sr. Williams. Não deveria considerar o que é melhor para o filho dele?"

Usar os sentimentos dela por Arthur para manipulá-la?

"Quando eu pedi o divórcio, nosso relacionamento já tinha acabado," disse Chloe firmemente, olhando para Avery.

Ouvindo as palavras de Chloe, Avery sentiu uma onda de triunfo.

Ela nem precisou pressionar—Chloe já havia se rendido.

Se ela conseguisse ter esse bebê, garantir seu lugar na família Williams seria apenas uma questão de tempo.

Com esse pensamento, Avery se aninhou ainda mais no abraço de Arthur, não percebendo o ligeiro passo para trás dele em desgosto.

"Quanto aos seus joguinhos competitivos, não tente comigo. Não vão funcionar," disse Chloe friamente. "Desde a infância, você tirou tudo de mim, jogando charme e sendo esperta. É patético."

"Chloe, o que você está dizendo? Eu só estou tentando ajudar o Sr. Williams. Você está culpando ele?" retrucou Avery.

Chloe olhou para Arthur.

O olhar de Arthur se fixou no rosto dela. "Chloe, o bebê de Avery é importante para nós dois. Não seja tola. Se algo acontecer com essa criança, eu ficarei muito chateado."

Chloe ficou paralisada, sentindo como se água gelada tivesse sido derramada sobre ela dos pés à cabeça.

"Você está sugerindo que eu estou aqui para prejudicar seu filho com a Avery?"

Que risível, verdadeiramente absurdo!

"Por que mais você estaria no hospital, dizendo essas coisas para a Avery?" Arthur franziu a testa.

"Eu já cedi—Avery vai deixar o país depois de dar à luz. Você não vai precisar vê-la. Isso não é suficiente? Chloe, se houvesse uma opção melhor, eu não teria feito essa escolha. Você é inteligente—não entende?"

"Sim, eu entendo você," Chloe sorriu tristemente, seus olhos já não mostravam a dependência e o carinho que antes tinham. "Arthur, você não precisa mais mandar a Avery para o exterior. Eu vou me retirar da equação."

Chloe se virou para sair.

Cada segundo passado com eles parecia tóxico.

"Chloe, espera."

Uma dor aguda percorreu seu braço.

O aperto de Arthur era poderoso. Gotas de suor frio se formaram na testa de Chloe enquanto ela sussurrava, "Arthur, você está me machucando."

Arthur recobrou a consciência e soltou seu pulso, a culpa brilhou em seus olhos. Ele abaixou a voz, "Volta comigo. Você pode continuar sendo a Sra. Williams. Quando essa criança nascer, eu vou anunciar que a adotamos. Ninguém vai ameaçar sua posição."

"Passamos por tanta coisa juntos, Chloe. Você também não quer deixar isso para trás, quer?"

"Quando a família Williams quis te levar de volta e te separar da sua mãe, você se lembra de como se sentiu quando veio até mim, Arthur?" Chloe puxou o braço e olhou para ele.

O corpo de Arthur se tensionou com suas palavras.

Anos atrás, ser forçado a se separar de sua mãe e voltar para a família Williams tinha sido sua ferida mais profunda.

"Arthur, eu não quero que essa criança passe pela mesma separação. Deixe a verdadeira mãe do bebê assumir o papel de Sra. Williams."

"Vamos nos divorciar."

Depois de dizer essas palavras, como se tivesse usado sua última gota de força, Chloe empurrou Arthur.

O rosto de Arthur se contorceu de dor. "Chloe, eu estou pensando no quadro maior—nosso futuro. Se você me deixar, qual foi o sentido de tudo que eu fiz? Além disso, a situação dessa criança é diferente da minha. Eu vou garantir que ela se torne uma herdeira legítima da família Williams."

Uma herdeira legítima da família Williams.

"Arthur," os olhos de Chloe se encheram de lágrimas enquanto ela inclinava a cabeça para trás para não deixá-las cair. "Você se lembra por que eu não posso engravidar?"

O olhar de Arthur se nublou momentaneamente, seus olhos mostravam dor.

"Para ganhar aquele contrato de design de joias, eu fui andar a cavalo com os executivos do Grupo Miller. Cair daquele cavalo é o motivo pelo qual eu não posso ter filhos."

No final, a voz de Chloe estava embargada pela emoção.

Ela ainda se lembrava da pata do cavalo atingindo seu abdômen, a dor avassaladora que a engolfou.

Ela também se lembrava de acordar no hospital, Arthur prometendo que mesmo sem filhos, ele ficaria com ela para sempre.

O tempo passou, e aquelas promessas se tornaram vazias.

Agora ele estava ali segurando Avery, que carregava seu filho, falando sobre o quadro maior.

Chloe sorriu. "Eu não me arrependo do nosso passado. Vamos terminar isso com dignidade."

"Jacob, leve a Avery embora. Eu preciso falar com a Chloe."

Jacob assentiu e levou Avery embora.

Avery saiu relutante, olhando para trás repetidamente.

Assim que Avery desapareceu, Arthur puxou Chloe para seus braços, como havia feito inúmeras vezes antes, pressionando sua cabeça contra seu peito.

A dor dos últimos dias e seus braços doloridos embaçaram a visão de Chloe.

A mão de Arthur acariciou sua bochecha, gentilmente enxugando suas lágrimas.

"Chloe, apenas um ano. Em um ano, depois que essa criança nascer e eu garantir a herança, eu te darei tudo o que você quiser. Está bem?"

"Durante esse ano, se você quiser, pode viajar pelo mundo. Você sempre quis estudar em Milão, não foi? Eu vou reservar suas passagens imediatamente..."

No calor do abraço de Arthur, Chloe se sentia como se estivesse presa em uma cela fria.

"Arthur, você está dizendo que enquanto eu me comportar, tudo será como antes?"

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