Capítulo quatro
Mais tarde naquele dia, Adam Black finalmente escapou do caos do hotel. A infinita fila de hóspedes implorando por sua atenção—querendo fotos, autógrafos ou apenas um momento do seu tempo—o tinha desgastado. Quando chegou à sua cobertura, sua paciência já estava no limite.
Ele afrouxou a gravata ao entrar no espaço elegante e moderno, as luzes da cidade lançando um brilho tênue através das janelas do chão ao teto.
O silêncio o recebeu, uma mudança bem-vinda da incessante tagarelice do dia.
Nita não estava lá. Ele a tinha deixado no hotel mais cedo sem pensar duas vezes. Ela tinha cumprido seu propósito, como sempre acontecia.
Ele não sentia culpa. Nunca sentia. Apego só levava a complicações, e Adam não tinha interesse em complicar sua vida já tão exigente.
Com um suspiro, ele se serviu de uma bebida e afundou no sofá de couro, deixando o álcool queimar os resquícios do dia.
Seu telefone vibrou, mas ele ignorou, olhando para o horizonte da cidade. Por enquanto, ele só queria silêncio.
O telefone de Adam vibrou novamente, iluminando-se com outra notificação. Finalmente, ele se esticou para pegá-lo da mesa de centro de vidro. A tela exibia quinze chamadas perdidas—todas do seu pai.
Ele exalou profundamente, apertando a ponte do nariz. Claro, seu pai estava preocupado. Ele não tinha dito que passaria a noite na própria cobertura em vez de voltar para a casa da família.
Relutantemente, Adam tocou o botão de chamada. Seu pai atendeu imediatamente, sua voz severa, mas com um toque de preocupação.
"Adam, onde você esteve? Estou te ligando a noite toda!"
"Estou na cobertura, pai. Eu só precisava de um pouco de espaço," Adam respondeu, seu tom casual, mas um pouco defensivo.
"Espaço? Sem me avisar? Você sabe como sua avó se preocupa quando ouve que você não está em casa."
Adam se recostou no sofá, esfregando a têmpora. "Estou bem, pai. Não sou mais uma criança. Não preciso dar satisfação toda vez que decido ficar no meu próprio lugar."
Seu pai suspirou do outro lado. "Eu sei, mas você poderia ao menos ter mandado uma mensagem. Sua avó veio dos EUA esta noite. Ela está perguntando por você desde que chegou."
As sobrancelhas de Adam se franziram. "A vovó está aqui?"
"Sim. Ela queria te surpreender, mas você não estava em casa. Ela está esperando o dia todo."
Adam sentiu uma pontada de culpa. Sua avó raramente viajava, e suas visitas eram sempre especiais. Ela tinha uma maneira de fazê-lo se sentir como um garotinho novamente, não importava o quanto ele tentasse parecer adulto ou poderoso.
"Vou passar aí amanhã," Adam disse, sua voz suavizando. "Diga a ela que a levarei para almoçar ou algo assim."
"Não a faça esperar muito, Adam. Você sabe o quanto ela sente sua falta," seu pai disse, seu tom mais gentil agora.
"Eu sei, pai. Vou compensar," Adam garantiu antes de desligar.
Ele colocou o telefone de lado e olhou pela janela, sua mente fervilhando de pensamentos. Sua família, especialmente sua avó, sempre foi seu elo com a normalidade.
Ele fez uma anotação mental para priorizá-la amanhã, mesmo que isso significasse pausar sua rotina caótica.
Na manhã seguinte, Adam acordou com a luz do sol entrando pelas cortinas. Após um banho rápido, vestiu uma camisa branca impecável e calças escuras, colocando o relógio de pulso antes de seguir para a garagem.
Entrando no carro, ele ligou o motor e começou a dirigir até a propriedade da família. Seus pensamentos se voltaram para Nana—mãe de sua mãe (vovó)—a única pessoa que ele nunca poderia decepcionar.
Quando chegou, o aroma de doces recém-assados o recebeu, seguido pelo som suave de teclas de piano ecoando pela casa. Ele parou, ouvindo. Nana estava tocando, seu toque leve e deliberado, preenchendo o ambiente com uma melodia que ele não ouvia há anos.
Ele seguiu o som até a sala de estar. Lá estava ela, seus cabelos prateados brilhando à luz da manhã enquanto seus dedos dançavam sobre as teclas do piano. Ela olhou para cima e sorriu calorosamente para ele.
"Adam," ela disse suavemente, fazendo um gesto para ele se aproximar.
Ele se aproximou, colocando uma mão no ombro dela enquanto ela tocava a última nota. "Bom dia, Nana. Essa é uma peça linda."
Ela deu um tapinha na mão dele. "Sua mãe adorava essa música. Ela costumava dizer que a lembrava da calmaria após a tempestade."
Adam assentiu, com um toque de emoção na voz. "Você ainda toca perfeitamente."
"Para você, sempre tocarei," ela disse, seus olhos brilhando. "Agora sente-se. Temos muito o que conversar."
Nana deu outro tapinha na mão de Adam, seu olhar caloroso, mas curioso. "Agora, me conte o que está acontecendo. Seu pai tem me atualizado, mas prefiro ouvir diretamente de você."
Adam abriu a boca para responder, mas antes que pudesse, a porta rangeu ao abrir. Seu pai entrou, equilibrando uma bandeja com xícaras de café e um prato de doces.
"Bom dia a todos," seu pai disse casualmente, colocando a bandeja na mesa. "Achei que deveria participar. Parecia uma reunião familiar importante."
Adam recostou-se na cadeira, passando a mão pelo cabelo. "Bom dia, pai. Não sabia que estava tão ansioso por novidades."
Seu pai riu, servindo café em uma xícara e entregando primeiro para Nana. "Ansioso? Talvez. Preocupado? Com certeza. Liguei para você quinze vezes nas últimas 24 horas."
"Estou bem," Adam respondeu com um leve sorriso. "Passei a noite na minha cobertura. Só precisava de um tempo."
"Tempo do quê?" A voz de Nana era gentil, mas investigativa.
Adam hesitou. "Trabalho. Pessoas. Tudo, na verdade."
Seu pai lhe deu um olhar compreensivo enquanto servia outra xícara de café. "Você tem estado sob muita pressão ultimamente. Mas evitar todos não vai ajudar. Sua avó veio dos Estados Unidos só para te ver, sabia?"
Nana assentiu, sua expressão suavizando. "Adam, você está sempre tão ocupado. Quero ver mais de você antes de ficar muito velha para te importunar devidamente."
Adam não pôde deixar de rir. "Você está mais afiada do que nunca, Nana. E eu estou aqui agora. Então, o que você precisa de mim?"
Ela sorriu, conhecedora, tomando um gole de café.
