Continuação do capítulo 4

Uma garota estava ao lado do armário, vestindo seu jeans. Seu cabelo estava despenteado, e todo o seu visual gritava que ela havia passado as últimas horas com alguém. Era a mesma garota que eu tinha visto fugindo.

"Oi, Jay," a morena sorriu e veio até nós.

"Ela é toda sua. Mostre e conte tudo para ela aqui. Se você deixá-la escapar, eu te mato," o cara rosnou e saiu da sala, batendo a porta com força.

"Ok, Hailey. Me siga, vou te mostrar seu quarto," a garota pegou minha mão e me arrastou pelo corredor.

"Qual é o seu nome?" Minha voz estava baixa, como se eu tivesse medo de incomodar as pessoas nesta casa.

"Rose."

"O que você está fazendo aqui? Você não quer sair daqui?"

"Se eu tentar, eles me matam. Estou bem aqui, na verdade, já me acostumei, sabe. Não há outra saída."

Entramos no quarto. Havia uma cama de casal no meio do quarto, encostada na parede. Um lustre de cristal pendia do teto. No canto, havia uma pequena escrivaninha e uma TV de plasma, perto da qual havia um sofá.

"Aqui você vai morar," a garota sentou na cama, me observando.

"Você ainda não respondeu minha pergunta. Você dorme com eles?"

"Sim," ela não parecia nem um pouco constrangida.

"Por quê? Então há garotas nesta casa que são forçadas a fazer isso e você está dizendo que agora sou uma delas?"

"Não me perguntam, querida. Eles simplesmente pegam e..."

"Entendi," interrompi Rosie, levantando as mãos.

Não quero ouvir esses detalhes. Não gosto de estar aqui. Parece um bordel. Eles vêm aqui, pegam qualquer garota que querem e se divertem. Não acho que elas resistem, no entanto.

"Tenho que te contar sobre este lugar." Rose se recostou na cama. Sentei no sofá e olhei para a morena. "Você já sabe o que é o lado esquerdo do prédio, suponho." Rose ficou em silêncio, esperando minha confirmação.

"Não muito, mas sei."

"Oh," a garota soltou um longo suspiro. "Dean estava realmente irritado porque Jay o mandou lá por sua causa."

"Desculpe, ele tentou me estuprar!" Levantei a voz.

Ela está preocupada com ele? Fui tocada, humilhada na frente de todos, e ela não se importa. Isso não está certo. Neste mundo, cada um por si. O tempo de "um por todos e todos por um" acabou. Foi-se, como areia em uma ampulheta.

"Aqueles que quebram as regras ou reféns são enviados para a ala esquerda," a garota continuou calmamente, sem prestar atenção em mim.

"Reféns?"

"Sim, a gangue 'Escuridão' está sempre indo para negociações e tiroteios. Como posso dizer," a morena se levantou e apertou os olhos. "Eles pegam pessoas ruins ou violadores como reféns."

"Ok, e os membros?"

"James Williams Foster. O pai dele é um figurão."

"Quem é ele?"

"Desculpe, não posso te contar tudo isso."

"Por favor, me conte," levantei e fui até a garota, sentando na cama ao lado dela.

"Não, apenas esqueça isso. Lembre-se, ninguém realmente sabe de nada. Jay não fala sobre sua vida pessoal."

"Ok, continue," suspirei, ainda sem obter uma resposta.

"Dean é a mão direita de James."

"Ele é uma pessoa horrível," suspirei e me recostei na cama.

"Não, não," a garota protestou, balançando a cabeça em protesto. "James, ele é um monstro."

"O quê, ele me protegeu da violência, mesmo que tenha me batido!"

"A máscara. É apenas uma máscara. O tempo vai passar e você verá os demônios dele. Você vai se lembrar do que eu disse."

E se for verdade? Mas Dean... Ela está dizendo que ele é melhor do que ele? Eu não sei. Realmente não sei. Este é um lugar estranho.

"Vou embora. Não se atreva a fugir. As consequências serão ruins."

A morena saiu da cama e abriu a porta, virando-se uma última vez: "Não se atreva a fugir," Rosie sussurrou novamente. "Se ele descobrir, você sentirá os demônios dele na sua própria pele. Você é o brinquedo pessoal dele, e ninguém pode te proteger dele."

O quarto mergulhou na escuridão. A janela estava aberta e uma brisa fresca entrou, causando arrepios no meu corpo. A única fonte de luz neste quarto é a lua.

Não, eu não vou me levantar para acender a luz. Não, eu não vou me levantar para fechar a janela.

Deitei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos novamente. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha, e antes que pudesse cair, foi enxugada por uma palma fria. Apenas um dia neste lugar e eu já desisti. Sempre fui fraca, mas sempre tentei mostrar uma fachada de força para não ser quebrada, para que não vissem meu lado frágil. Sempre sonhei com aquela pessoa que se levantaria por mim e me protegeria em caso de problemas.

Meu passado é terrível. Cada memória, cada lembrança dele me traz dor. Uma facada direto no coração. Um soluço silencioso preencheu o quarto. Enterrei meu nariz no travesseiro e gritei de dor em um grito mudo. Lágrimas quentes rolaram pelas minhas bochechas, caindo em pequenas gotas no lençol. A memória voltava todas as noites. Cada palavra ruim dirigida a mim, cada provocação ecoava no meu coração. Eu sinto a dor. Isso é bom. Significa que ainda posso sentir. Mas com o passar do tempo, vou me sentir vazia por dentro. Um passo e não poderei sentir mais. Um passo e estarei indiferente. Parei de falar tanto. Comecei a ouvir mais, absorvendo cada palavra. O fogo nos meus olhos há muito se apagou. Queimei como uma vela. Queimei. Do lado de fora da janela, eu podia ver estrelas brilhantes enquanto a lua lutava contra a escuridão. Passos soaram no corredor. Fiquei tensa, porque minha porta estava aberta. A porta abriu, e alguns segundos depois, a cama afundou sob mim. Apertei os lábios, fechando os olhos.

"Desculpa," o cara sussurrou antes de se levantar, fechar a janela e sair do meu quarto, fechando a porta atrás dele.

O que acabou de acontecer? Pulei da cama e corri para a porta da frente, abrindo-a silenciosamente.

Ninguém estava lá. Um corredor completamente vazio. Revirei a voz na minha cabeça e não a reconheci. Não conheço esse cara? Fechei a porta antes de conseguir ver Dean saindo do quarto de Rose. Bati a porta e me deitei na cama, fechando os olhos. Lentamente afundei no meu mundo de fantasia.

"Hale, levanta!" O cobertor começou a deslizar de mim e, através das minhas pálpebras fechadas, vi a luz do sol. "Hailey, levanta agora!"

Desesperadamente tentei puxá-lo de volta sobre mim, ainda sem abrir os olhos, mas não consegui.

"Tá bom, estou de pé!" Pulei da cama, não querendo ouvir esses gritos.

A caminho do banheiro, empurrei Rose para o lado e entrei no banheiro. Apoiei as mãos na pia, levantei a cabeça e olhei nos meus olhos exaustos e marcados pelas lágrimas. A visão não era das melhores. Cabelo embaraçado, olheiras da falta de sono, pele pálida e... Virei de lado, examinando minha bochecha. Havia o mais leve traço do tapa de Jay.

Rose abriu a porta e espiou por trás dela, olhando para mim. "Posso te arranjar um pouco de maquiagem."

"Está tão ruim assim?" Perguntei sarcasticamente e sorri.

"Bem..." A morena se esticou, sem saber o que dizer.

"Não me diga." Me limpei e saí do banheiro. "O que vamos fazer o dia todo? Ficar com os caras? Interessante."

Eu não tinha nenhum desejo de estar aqui. Não posso sair daqui. Então, teria que fazer com que eles me expulsassem. Ou, no mínimo, me matassem.

"Joe vai chegar em um minuto para te levar ao escritório do James," Rose murmurou.

"Por quê? Eu não vou lá," cruzei os braços sobre o peito, franzindo a testa com essa afirmação.

"Oh, querida. Ninguém vai te perguntar." A garota passou maquiagem e pegou o celular, começando a navegar nas redes sociais.

Quando vi o celular, lembrei que ele tinha caído da minha posse quando fui pega no telhado. Mesmo que eu o tivesse, não teria sido de nenhuma utilidade. A polícia está encobrindo a gangue Darkness e não há como alguém me ajudar. A porta se abriu, forçando-nos a parar o que estávamos fazendo, se é que isso poderia ser chamado de algo. Joe estava parado na porta, olhando para mim com firmeza.

"Você vai para o Jay," ele saiu, fechando a porta atrás dele. Meu corpo ficou coberto de arrepios e puxei as mangas do moletom mais apertadas ao redor dos meus braços.

"Vai."

"Estou com medo," minha voz tremeu, mostrando o quão assustada eu estava.

"Vai e por favor," a morena pausou, comprimindo os lábios. "Por favor, não o deixe irritado. Ele é mais assustador do que parece."

As palavras dela ecoaram na minha cabeça, repetindo a mesma coisa cem vezes. Ela não pode mentir. Não faz sentido.

"Hale, sai," Joe abriu a porta, esperando por mim.

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