Capítulo 1 Ela está de volta, estamos nos divorciando

Na cidade de Ivrea, à noite, no Bloco Queens Villa

Duas pessoas estavam sentadas uma de frente para a outra em uma sala de estar espaçosa e iluminada. Na frente deles estava um acordo de divórcio.

O homem estava vestido com um terno perfeitamente passado, com traços perfeitos e uma expressão fria, emanando uma forte sensação de opressão.

Seu olhar caiu sobre a garota silenciosa sentada em frente a ele, seus olhos tão profundos quanto a noite lá fora.

"Nós vamos nos divorciar na segunda-feira," Charles Lancelot falou decisivamente, suas palavras frias e sua voz baixa. "Além da compensação estabelecida no acordo de divórcio, você pode solicitar qualquer outra coisa que precisar."

"Por que isso é tão repentino?" A voz de Daphne Murphy estava vários graus mais baixa do que o normal.

Charles simplesmente respondeu com algumas palavras, "Kayla está de volta."

Daphne sabia quem era Kayla.

Depois de um breve momento de silêncio, ela concordou, "Está bem."

Charles fez uma pausa, aparentemente surpreso com sua rápida concordância.

Daphne abriu o acordo de divórcio e viu as palavras densamente escritas nele, desencadeando memórias de seu passado com Charles.

Eles se conheceram há dois anos no Clube Insomnia da cidade de Ivrea. Atormentada por seus próprios pensamentos, ela encontrou o desolado Charles.

Depois de algumas bebidas, parecia que tinham encontrado bons amigos um no outro, e eles desfrutaram da companhia e conversa um do outro.

Foi uma noite descomplicada. Depois de terminarem suas bebidas, saíram separadamente.

Eles se encontraram novamente três dias depois.

Charles foi até a porta dela com seu assistente pessoal para discutir sobre se casarem.

Ela concordou.

Durante o casamento deles, ele realmente a tratou bem.

Ele cuidava dela com atenção, resolvendo prontamente quaisquer dificuldades que ela enfrentasse, fazendo remédios para ela quando estava doente e secando pessoalmente seu cabelo depois de lavá-lo.

O relacionamento deles era particularmente bom.

Foi apenas seis meses atrás que ele recebeu 'a' ligação, e depois dessa ligação, ele mudou. Ele se tornou indiferente e distante com ela, não mais gentil.

Foi naquele dia que ela descobriu o motivo pelo qual Charles se casou com ela e a tratou tão bem após o casamento. Simplesmente porque ela se parecia com sua paixão, Kayla Baker.

Pensando em tudo isso, Daphne franzia os lábios e perguntava calmamente a Charles, "Você acabou de dizer que posso solicitar qualquer compensação por conta própria, certo?"

"Sim," Charles respondeu concisamente.

"Qualquer tipo de compensação?" Daphne levantou o olhar para olhá-lo. Seus traços delicados não tinham seu espírito habitual.

Sob o escrutínio desse tipo de olhar, Charles sentiu um aperto de culpa em seu coração. "Sim."

Ele já havia pensado sobre isso.

Desde que os pedidos de Daphne não fossem excessivos, ele tentaria o seu melhor para atendê-los.

Afinal, ela tinha sido boa com ele durante todo esse ano.

"Está bem, eu quero o carro esportivo de edição limitada mais caro da sua garagem."

"Está bem."

"Uma vila nos subúrbios."

"Acordo feito."

"Pelo dinheiro que você ganhou durante esses dois anos de casamento, vamos dividir."

Ao ouvir isso, Charles, que manteve uma expressão inalterada o tempo todo, finalmente moveu levemente os olhos.

Com medo de ter ouvido errado, ele perguntou suavemente, "O que você disse?"

"Após o casamento, os bens do casal pertencem a ambas as partes. Eu fiz os cálculos, excluindo seus investimentos e gerenciamento financeiro. Ao longo dos últimos dois anos de casamento, incluindo seu salário e dividendos da empresa, soma-se a vários bilhões de dólares americanos," Daphne disse seriamente, sem nenhum indício de brincadeira. "Eu não quero mais, apenas me dê quarenta por cento."

"Quarenta por cento???" Charles questionou.

Daphne continuou, "Claro, minha renda também lhe dará catorze por cento."

"Daphne!" Charles estava furioso.

Apenas um momento atrás, ele se sentiu culpado porque estava com raiva, mas como ele nunca percebeu o quanto ela era orientada para o dinheiro antes?

Daphne levantou o olhar para olhá-lo, perguntando sinceramente, "Isso não é aceitável?"

"Claro, não é aceitável!" Charles negou sem nem mesmo pensar.

"Se não é aceitável, então esqueça," Daphne colocou a caneta em sua mão. "Da próxima vez que eu encontrar sua família, vou discutir sua infidelidade emocional durante nosso casamento. Acredito que eles ficariam felizes em estar do meu lado."

Charles gradualmente se tornou mais frio em seu comportamento, seus olhos afiados como uma faca.

Ele nunca esperava que essa pessoa tivesse duas faces. Então, toda aquela consideração anterior era apenas um ato.

"Você tem certeza de que quer falar comigo assim?"

"Absolutamente." Daphne o encarou de volta.

Ela sabia que ele odiava ser ameaçado, mas e daí? Ela também detestava infidelidade dentro de um casamento!

"Tudo bem." O olhar de Charles se tornou pesado, seu rosto gelado. "Eu vou te dar o que você quer. Mas se esse divórcio não correr bem, você sabe das consequências."

"Senhor Lancelot, você está me ameaçando?" Daphne recostou-se em sua cadeira, seus olhos claros e cheios de seriedade.

Charles nunca a tinha visto assim antes.

Durante os dois anos de casamento deles, Daphne tinha sido compreensiva, obediente e gentil. Ela nunca havia se oposto a ele como está fazendo agora.

"Não." Charles já havia pensado em uma solução e disse, "Você pode ficar com a casa e o carro. Vamos nos divorciar na segunda-feira."

O olhar de Daphne mudou enquanto ela falava lentamente, "Há mais uma coisa."

"Fale." A paciência de Charles estava lentamente se esgotando.

"Vá fazer compras comigo amanhã," Daphne parecia não perceber a frieza que emanava dele, "Depois das compras, eu irei de volta para a Mansão Lancelot com você e informarei sua família sobre nosso divórcio. O motivo do divórcio será que eu não gosto mais de você."

"Está bem," Charles concordou.

Após a conversa, Charles não queria ficar ali por mais um momento. Ele caminhou em direção à porta.

Antes de vir, ele até pensou que, se Daphne achasse difícil aceitar o divórcio, poderia dar a ela mais tempo para se adaptar lentamente.

Agora, pensando sobre isso, ela mal podia esperar para se divorciar o mais rápido possível para colocar as mãos em sua riqueza.

Se Daphne soubesse sobre seus pensamentos, ela apenas zombaria silenciosamente em seu coração. Eu realmente me importo com esse dinheiro?

"Não voltarei esta noite. Vou buscá-la às nove da manhã para fazer compras," Charles parou na entrada e falou, "Liste os lugares que você quer ir antecipadamente."

"Você vai encontrar a Kayla?"

"Não é da sua conta."

"Não gosto de ser enganada." Daphne o confrontou sem rodeios, dizendo, "É melhor não compartilhar a cama com ela antes do divórcio."

O rosto de Charles escureceu. Ele se virou e encarou Daphne, olhando para baixo para ela.

Sem se abalar com sua atitude condescendente, Daphne retrucou, 'O quê? Você não pode esperar mais dois dias e meio?'

"Eu sei que você tem ressentimentos. Não há necessidade de dizer essas coisas para me provocar," Charles respondeu calmamente.

Depois de pensar um pouco, ele percebeu que talvez fosse mais radical do que ela se suas posições fossem invertidas. 'Nós estamos apenas nos divorciando, não nos tornando inimigos.'

Daphne permaneceu em silêncio.

"Descanse um pouco." Com essas palavras, Charles saiu.

Enquanto a porta se fechava atrás dele, Daphne ficou ali por um longo tempo, imóvel.

Seria falso dizer que ela não sentia nenhum tumulto emocional. Desde que descobriu seis meses atrás que era apenas uma substituta, ela vinha se sentindo miserável.

Charles foi seu primeiro amor nos últimos vinte e quatro anos. Antes daquela ligação, ele tinha sido um marido perfeito em todos os aspectos, exceto por ser calado.

Ele era paciente e gentil, quase a fazendo sem preocupações.

Assim, quando descobriu que ele tinha sentimentos por outra pessoa, embora achasse difícil aceitar, ela ainda pediu o divórcio, permitindo que ele perseguisse sua paixão e realizasse seus desejos.

Mas Charles não concordou na época.

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