Capítulo 3
DAMON
Suas sobrancelhas se franziram enquanto ele tragava o cigarro, deixando a fumaça "escorrer" pela boca enquanto exalava lentamente. Normalmente, Damon relaxaria ao fumar, mas não agora. Suas emoções estavam à flor da pele. Ele estava incerto sobre seus sentimentos.
Ele não sabia por que tinha salvado aquela garota mais cedo. Não havia nada em seu plano que incluísse salvar a mulher de se matar. Ele planejava roubá-la de seu primo, mas acabou salvando-a. Ele ainda conseguia visualizar a mulher caminhando no meio da rua com os olhos mortos e lágrimas escorrendo pelas bochechas. Ele apenas se viu correndo para salvar a garota.
- A situação não está a seu favor? Você pode facilmente ganhar a confiança dela agora.* Sua mente respondeu. Ele tragou o cigarro novamente. Pensou cuidadosamente sobre o que havia acontecido.
Ele não tinha intenção de salvar a garota, mas a situação parecia ter funcionado melhor para ele. Agora que Roseana estava próxima dele, ele poderia executar seu plano facilmente. Tudo o que ele precisava fazer era conquistar o coração de Roseana e fazê-la se apaixonar.
O canto de sua boca se levantou. Pelo que viu mais cedo, aquela mulher era bastante vulnerável. Parecia que seria fácil brincar com ela. Damon não conseguia dizer se a mulher estava pensando ou apenas sendo estúpida. Ele simplesmente a ajudou, e ela foi com ele tão facilmente. Ela nem sequer perguntou para onde ele a estava levando.
Seus pensamentos foram interrompidos quando seu celular tocou. Ele colocou o cigarro entre os lábios com preguiça e franziu a testa ao tirar o celular do bolso da calça.
Era o homem que ele havia ordenado para investigar Roseana. O homem lhe enviou as informações sobre aquela mulher. Ele olhou pela janela de seu escritório por alguns minutos, observando os carros passando, antes de decidir ler os arquivos que lhe foram enviados. Damon não podia negar que Roseana despertou sua curiosidade. Afinal, não havia nada de especial na mulher. Ela não era rica e não tinha nada de que se orgulhar. Então ele se perguntava por que seu primo inútil, Cedrick, estava apaixonado por ela. O que Roseana tinha que outras mulheres não tinham? Por que Cedrick deixou Viviane e decidiu perseguir essa mulher?
"Acho que vou descobrir," ele murmurou para si mesmo. Ele abriu o computador e examinou as informações que lhe foram enviadas.
Roseana Fuentebella era o nome da garota. Ela veio do interior. Sua mãe biológica morreu ao dar à luz, e ela vivia com sua madrasta. Parecia que Roseana e sua madrasta não se davam bem.
Damon olhou mais uma vez para as informações enviadas a ele, mas tudo era trivial sobre Roseana. Sua pergunta ainda não tinha sido respondida. Ele ainda não sabia por que Cedrick estava atrás dela. Ele não queria pensar que Cedrick a amava, porque não era assim que ele via a situação. A última vez que se lembrava, o tipo de Cedrick era como sua ex-namorada, Viviane, que era rica e educada. Foi por isso que Cedrick roubou Viviane dele, certo? Ele queria uma namorada troféu—alguém que ele pudesse exibir e se gabar para todos só porque ela era elegante e vinha de uma família proeminente. Ele sabia que Cedrick estava com ciúmes dele por ter Viviane como namorada, então ele roubou a garota dele.
Roseana, por outro lado, não tinha nada a ver com sua ex-namorada. Ela não falava muito. Parecia ter pouca autoestima, como se não pudesse se sustentar sozinha. Pelo amor de Deus, a família dela ganha salário mínimo!
Ele bateu o punho com força contra a mesa. Fez um barulho alto, mas ele não pareceu se importar. Seu maxilar estava trincado, e ele estava prestes a jogar o computador contra a parede. "Que merda, eu posso procurar essa informação eu mesmo," ele rosnou. Ele recebeu informações sem sentido daquele investigador particular. Ele apenas desperdiçou dinheiro.
Ele se recostou na cadeira giratória. Cerrava os punhos, irritado. Enquanto tentava adivinhar os movimentos de Cedrick, sua cabeça doía. Ele tinha certeza de que Cedrick estava escondendo algo. Ele sabia que seu primo não era estúpido o suficiente para perder tempo com uma garota como Roseana. Damon tinha certeza de que, seja o que for que essa mulher tenha, ele tem algo a ganhar com ela.
Suas sobrancelhas se uniram quando ouviu passos leves. O cuidadoso fechamento da porta também não escapou de sua audição. Momentos depois, um doce e fresco cheiro de baunilha invadiu suas narinas. Ele abriu os olhos, procurando pela pequena mulher. Não precisava adivinhar quem fez aquele pequeno barulho. Ele podia facilmente identificar que era a mulher que ele trouxe para o quarto de seu escritório apenas pelo cheiro que acalmava seu nariz.
No escuro, ele viu Roseana caminhando na ponta dos pés em direção à porta. Ela andava muito cuidadosamente para não fazer barulho. Ele não pôde deixar de sorrir. Que mulher boba ela é.
Ela achou que poderia escapar de mim?
Ele zombou.
Roseana, você me pertenceu no momento em que meu corpo decidiu salvá-la da morte; você me agradeceu por salvá-la sem perceber que estender a mão para mim é pior do que estar com Cedrick.
Damon limpou a garganta de propósito. "Para onde você vai?" Ele notou o quão surpresa a garota ficou ao ouvi-lo. Ela provavelmente não esperava ser pega.
A mulher virou a cabeça para ele como um robô. Ele arqueou a sobrancelha. Essa mulher é estranha, ele pode dizer.
"Ahm, eu estava me perguntando se eu poderia ir para casa agora. Sabe, eu já te incomodei muito. Não é sua obrigação me ajudar, mas você ainda assim o fez. Você até me trouxe aqui..." ela olhou ao redor do quarto, "para sua casa. Eu não quero que você pense que estou abusando da sua bondade. Eu me sinto bem agora."
Damon quis rir do que ouviu a mulher dizer. Ele? Bondoso? Quando ele foi gentil? Em toda a vida de Damon, Roseana foi a única que lhe disse que ele era bondoso. Ela realmente não fazia ideia de que tipo de pessoa ele era, e isso o deixava empolgado. Ele mal podia esperar pelo dia em que Roseana descobriria quem ele realmente é—o implacável Damon.
Ele acendeu a luz do escritório usando o celular. Roseana ofegou alto. A mulher ficou surpresa quando a luz se acendeu de repente.
"Eu não sei quem está atrás de você, mas tenho certeza de que eles não vão parar até conseguirem te pegar," ele disse em um tom autoritário.
Isso é mentira. Você não conhece seu primo, Cedrick? Você sabia claramente quem estava atrás dela.
Damon apagou a ponta do cigarro no cinzeiro. Levantou-se da cadeira giratória, caminhou até o sofá individual e se sentou. Ele sabia que os olhos de Roseana seguiam cada um de seus movimentos. Ele cruzou as pernas e lançou um olhar preguiçoso para ela, que estava parada perto da porta. Ele fez um gesto para que ela se sentasse no sofá longo à sua frente.
Ele observou a mulher caminhar em sua direção. A barra de seu vestido branco e esvoaçante dançava a cada passo. O tecido deslizava contra sua pele rosada e delicada. Seu cabelo estava solto, enfatizando seu rosto em forma de coração.
Deus, ela é linda.
Damon lembrou-se do corpo sedoso de Roseana. Ela parecia frágil e pequena em seus braços. Era isso que ele estava pensando mais cedo enquanto ela estava em seus braços. Ele não podia acreditar que havia alguém tão vulnerável—alguém que qualquer um consideraria proteger simplesmente porque ela era tão frágil.
Deus, ela é linda.
Quando ele viu os cortes em seu cotovelo, algo dentro dele se contraiu. Sua pele pálida fazia os hematomas em sua pele se destacarem.
Algo dentro dele puxou quando ele olhou para as feridas em seu cotovelo. Sua tez clara fazia os hematomas em sua pele serem tão visíveis.
Roseana sentou-se modestamente no sofá antes de lhe dar um sorriso suave. Ela não conseguia olhar diretamente em seus olhos.
"Obrigada por tratar meus ferimentos," ela murmurou suavemente. Seu nariz e bochechas coraram, e os olhos de Roseana ficaram ainda mais brilhantes.
A donzela em perigo é tímida, hein?
"Também, obrigada por me emprestar este vestido; eu vou devolvê-lo depois de lavá-lo, ou me diga quanto custa, e eu pago," ela acrescentou timidamente.
Ah, querida, duvido que você possa pagar. Esmeralda só usava roupas de marca, então tenho certeza de que as que você está usando são de marca.
"Não precisa. Tenho certeza de que meu primo não se importaria."
"Mas ainda assim—"
Ele a interrompeu. "Por que não falamos sobre o que aconteceu mais cedo? De quem você está fugindo? Há quanto tempo isso está acontecendo?" Ele perguntou, tentando soar preocupado.
Damon queria aplaudir a si mesmo. Ele soava tão sincero. Qualquer um pensaria que sua preocupação por Roseana era real. Até ele quase se enganou.
Roseana olhou para ele hesitante. A inquietação era visível em seus olhos. Ela mordia o interior das bochechas.
"Oh, que rude da minha parte. Se você não se sentir confortável em falar sobre isso, tudo bem. Estou apenas preocupado porque você quase morreu mais cedo por causa dessas pessoas, e pensei que, se soubesse toda a situação, poderia ajudá-la," disse Damon.
Roseana balançou a cabeça. "Não, está tudo bem," ela murmurou em voz baixa.
"Eu só não quero incomodar ninguém com meus problemas. As questões com as quais estou lidando são muito complicadas. Eu não quero causar problemas para você."
Ele levantou uma sobrancelha com o que Roseana disse. Ele queria rir do que ouviu. Ela não quer causar problemas para ele. Engraçado, porque ela foi quem se meteu em problemas no momento em que Damon decidiu se envolver na vida dela.
"Acho que, dadas as circunstâncias, gostando ou não, já estou envolvido na confusão em que você está. Você me envolveu na sua bagunça," Damon disse sarcasticamente. Quando ouviu o quão arrogante sua voz soou, ele estremeceu. Ele havia esquecido que estava fingindo ser gentil na frente dela. É realmente difícil ser gentil se você não é realmente gentil.
Houve um longo silêncio entre os dois depois que ele disse isso. Parece que seu disfarce será revelado mais cedo ou mais tarde. Ele se gabou cedo demais. Ele não pensou claramente antes de abrir a boca.
Damon esperava que Roseana ficasse chateada com ele, mas o oposto aconteceu. A cabeça da mulher estava abaixada, e o rosto de Roseana estava quase coberto pelo cabelo. Ela mexia nos dedos.
Ok. Que tipo de drama é esse?
Ele estava olhando para ela distraidamente, se perguntando o que ela estava fazendo com a cabeça abaixada, quando ouviu seu soluço. Sua testa se franziu em perplexidade. O soluço acentuado da mulher tirou seu fôlego. Damon não conseguia se mover do lugar. Ele continuava olhando para a mulher porque não sabia o que fazer.
Os ombros de Roseana estavam tremendo. Damon podia perceber que ela estava tentando conter o choro, mas sem sucesso. Ele ainda podia ouvi-la.
Ele estava em pânico por dentro e não sabia por quê. Ele não sabia o que fazer. O pensamento de Roseana chorando o fez querer confortá-la. De repente, ele sentiu a necessidade de consolá-la. Ele não conseguia entender por que se sentia assim. Ele nunca havia se sentido assim antes. Não era a primeira vez que ele via uma mulher chorar na frente dele. A verdade é que ele já viu muitas mulheres chorarem por ele e, na maioria das vezes, implorarem por ele, mas isso nunca o afetou dessa maneira. Seu coração parecia estar sendo apertado ao ver Roseana chorando.
"Está tudo bem. Eu vou te ajudar. Eu estou aqui agora. Não vou deixar ninguém te machucar novamente," ele disse suavemente.
Ele sentiu Roseana congelar com o que ele disse. Até ele ficou surpreso com o que disse. Ele não podia acreditar que havia dito aquilo. E ele não podia acreditar ainda mais quando percebeu que agora estava segurando Roseana em seus braços, acariciando suavemente suas costas para impedir que ela chorasse.
Merda.

























































