Capítulo 3 Estou aqui para entregar algo para você

Aurelia não se deu ao trabalho de responder à pergunta de Betty. Em vez disso, perguntou: "Betty, quem está lá fora?"

"Não se preocupe com isso; só alguns golpistas," respondeu Betty casualmente.

Nesse momento, Aurelia ouviu a voz zangada de um homem do lado de fora. "Aurelia, sua vadia! Você acha que é alguma coisa só porque se casou com a família Heilbronn! Abra a porta! Eu sou seu pai!"

Betty não reconheceu a voz, mas Aurelia sim. Era Norman Thompson, o homem que atormentou ela e sua mãe, Helen Semona, por mais de uma década. Felizmente, Aurelia não via Norman há mais de dez anos.

Aurelia costumava ter uma família feliz. Seu pai, Norman, dirigia uma empresa de capital aberto. Não era enorme, mas proporcionava uma vida confortável e abastada.

Mas então, como muitos homens que ficam ricos, ele começou a trair. Quando Aurelia estava no ensino fundamental, Helen sofreu um acidente de carro. Antes mesmo de ser enterrada, Norman trouxe sua amante e a filha ilegítima para casa. Essa filha era Chelsea, o que explicava por que Chelsea e Aurelia se pareciam tanto.

Ouvindo a voz zangada de Norman do lado de fora, Aurelia zombou. 'Primeiro, a mãe de Chelsea, Maria Lewin, destruiu o casamento dos meus pais. Agora Chelsea está tentando destruir o meu. Essas duas realmente têm um talento para serem destruidoras de lares.'

Apesar de ter um pai tão ruim, Aurelia teve a sorte de ter uma avó amorosa, Amelia Martinez. Amelia não suportava Chelsea e Maria, achando que elas eram uma mancha no nome da família Thompson. Ela achava que Norman era cego demais para ver através dos esquemas delas.

Então, Amelia levou Aurelia embora. Ela disse que nunca voltaria enquanto Chelsea e Maria estivessem lá, e cumpriu sua palavra. Norman não parecia se importar.

Depois que Amelia levou Aurelia embora, Norman nunca ligou ou visitou. Mesmo quando Amelia estava morrendo, ele não veio vê-la uma última vez.

Aurelia sabia que Norman estava tentando forçar Amelia a desistir dos 10% de ações que ela tinha no Grupo Thompson. Felizmente, Amelia foi esperta até o fim e nunca devolveu essas ações a Norman.

Amelia e Reed eram velhos amigos. Quando Reed descobriu que Aurelia não tinha ninguém em quem confiar, ele arranjou para que Nathaniel se casasse com ela, querendo dar-lhe uma família para cuidar dela.

Nathaniel se casou com Aurelia, dando-lhe uma família, mas nunca lhe deu seu coração. Aurelia costumava ficar de coração partido por isso, mas ao olhar para os papéis de divórcio assinados em sua mão, pensou: 'Nathaniel quer sair primeiro, então não me culpe. Eu também não o quero mais.'

As batidas na porta eram ensurdecedoras, como se fossem sacudir toda a casa. Norman ainda estava do lado de fora, batendo na porta com toda a força.

"Aurelia, abra a porta para mim!" As batidas de Norman na porta estavam cheias de raiva e ressentimento, como se ele estivesse tentando liberar todas as suas emoções reprimidas.

Lá dentro, o coração de Aurelia apertou. O barulho e a ideia do rosto ganancioso de Norman a deixaram enjoada. Ela correu para o banheiro e vomitou.

Betty a seguiu, preocupada que Aurelia pudesse ter comido algo estragado. Mas ela sempre comprava os ingredientes mais frescos, e sua comida estava boa. "Sra. Heilbronn, você está grávida?" Betty perguntou cautelosamente.

"Não, acabei de terminar meu período. É só que pensar naquela pessoa lá fora me dá náuseas," respondeu Aurelia.

Os olhos de Betty se arregalaram. "Você conhece eles?"

"Claro, é meu pai," disse Aurelia, fraca, do banheiro.

Os gritos e as batidas de Norman na porta criavam uma atmosfera sufocante, enchendo o espaço de tensão.

"Eu sei que você está aí! Não se esconda!" Norman gritou, exatamente como fazia quando expulsou ela e Amelia de casa.

Depois de um tempo, Norman parecia cansado. Então, outra voz, uma que fez o coração de Aurelia doer, chamou. "Aurelia, abra a porta. Eu sou sua madrasta. Sei que você não quer me reconhecer, mas não posso ignorar você."

Era a mãe de Chelsea, Maria, a amante que destruiu a família de Aurelia. Ouvindo sua voz, Aurelia ficou instantaneamente furiosa. 'O que Norman está pensando, trazendo sua amante aqui para me encontrar!'

"Vão embora. Eu não quero ver vocês!" A voz de Aurelia ainda estava fraca por causa do vômito. Ela ficou logo atrás da porta, ouvindo Norman e Maria tentando persuadi-la a abrir. Mas, não importa o que dissessem, Aurelia não abriu a porta nem respondeu.

Eles continuaram repetindo seu suposto amor por Aurelia e sua esperança de se reconectar com ela. Norman até expressou alguma nostalgia por Amelia.

Claro, Aurelia não acreditou em uma palavra. "Já falaram o suficiente? Se sim, podem ir embora."

"Eu sou seu pai, e você ousa me mandar embora!" A raiva reprimida de Norman finalmente explodiu.

Maria, ao lado dele, puxou sua manga, sinalizando para ele não se irritar. Ela tirou uma pulseira de sua bolsa. Não era muito valiosa, mas era claramente uma antiguidade, bem preservada.

Maria segurou a pulseira em frente ao olho mágico. "Aurelia, não fique brava com seu pai. Estamos aqui para te dar algo. Você reconhece esta pulseira?"

'Isso é algo que Helen deixou para trás. Como Maria ousa tocar nisso?' pensou Aurelia. Então ela disse, "Vão em frente e digam o que quiserem."

Norman parecia querer se irritar novamente, mas Maria balançou a cabeça para ele, sinalizando para ele manter a calma. Norman se acalmou.

Vendo isso pelo olho mágico, Aurelia sentiu um profundo senso de ironia. Eles realmente deveriam ficar juntos para sempre. O maior e único erro que Helen cometeu na vida foi se casar com Norman. Sem ele, Helen teria sido muito mais feliz!

"Aurelia, você tem que nos deixar entrar para que possamos te dar a pulseira, certo?" disse Maria.

"Tá bom," respondeu Aurelia.

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