Capítulo 3

O grande salão estava banhado pela suave luz da manhã que filtrava pelas janelas estreitas. Suas paredes de pedra eram adornadas com tapeçarias antigas, enquanto tochas tremeluziam em arandelas de ferro, lançando sombras dançantes pela câmara.

Alpha Randall estava sentado na cabeceira da longa mesa de carvalho, seu cabelo longo, da cor da meia-noite, caía solto sobre seus ombros largos.

— Alpha Randall? — De uma distância muito longe, ele ouviu alguém chamando seu nome e foi quando ele voltou à realidade com um sobressalto.

— Sim? — Ele respondeu, tentando mascarar suas emoções.

— Estamos na mesma página? — Perguntou o Ancião Zar, o mais velho do conselho, parecendo um pouco preocupado.

Desde o início da reunião, Alpha Randall não estava exatamente participando. Ele estava muito distante, perdido em seus próprios pensamentos.

— Sim, Zar — respondeu Randall, esforçando-se para se concentrar na reunião à sua frente.

Por mais que tentasse, ele não conseguia tirar a imagem daqueles olhos encantadores de sua mente. Eram os olhos mais bonitos que ele já tinha visto em toda a sua vida.

A maneira como ela o olhava fazia-o sentir algo que nunca havia sentido antes. Mas, é claro, ele sabia o que estava acontecendo. A Deusa da Lua nunca iria pegá-lo nessa. Maldito vínculo de companheiro.

Desde o incidente da noite passada, Keir havia se retirado para o fundo de sua mente, com raiva. Ele não gostou da maneira como sua companheira foi tratada por Randall. Mas quem se importa?

— Já que estamos na mesma página, podemos prosseguir com os preparativos — disse o Ancião Troy, olhando ao redor para ver se todos apoiavam o que ele disse.

— Que preparativos, Troy? — Perguntou Randall em seu tom usual neutro, totalmente perdido sobre o que estavam falando.

O conselho de anciãos era composto por lobos e bruxas mais velhos que cuidavam dos assuntos de cada alcateia no Sul e no Oeste. Eles garantiam manter cada alcateia e cada região sob controle, mantendo as tradições, a moral e os valores de sua espécie.

— A coroação, Alpha Randall — respondeu o Ancião Zar, se perguntando o que estava acontecendo com o Alpha. Ele nunca tinha estado tão confuso antes.

— O quê? — Questionou Randall. — Que coroação? Quem vocês estão coroando? — Seu olhar inquisitivo fez todos se mexerem desconfortavelmente em seus assentos.

— Sua Luna, é claro. Você não tem ouvido nada do que estamos dizendo? — O Ancião Zar, agora ficando irritado, respondeu com frustração. Ele era o único que ousava falar com o Alpha dessa maneira, e isso porque ele era o mais velho do conselho e era amigo do falecido pai de Randall.

— Eu nunca disse que queria ela como minha Luna. Ela é apenas minha companheira, e nada mais. Visha é quem eu quero como minha Luna, não Reyana — Ele calmamente deixou claro suas intenções, esperando que ninguém questionasse.

— Não funciona assim, Alpha. Isso não é sobre o que você quer ou não quer. Desde que você encontrou sua companheira destinada, não há necessidade de escolher outra companheira. Você sabe as consequências disso, não sabe? — Alertou o Ancião Troy.

— Você também sabe que sua alcateia é a inveja de outras alcateias. Isso dará uma má reputação à sua alcateia — acrescentou o Ancião Edgar.

— E mais importante, assim que a notícia de você rejeitar sua companheira chegar às alcateias inimigas, você sabe que eles usarão isso como uma oportunidade para atacar, sabendo o quão fraco você ficará após passar por uma rejeição — disse o Ancião Asher.

— Alpha Randall, não deixe seu amor por Visha causar sua queda e a de sua alcateia. Faça a coisa certa — acrescentou o Ancião Zar em conclusão. — E, onde está Aldric? Por que ele não está na reunião?

Foi nesse momento que Randall percebeu que não tinha visto Aldric em nenhum lugar ao redor do salão de reuniões. Ele imediatamente tentou se comunicar mentalmente com ele, mas não conseguiu.

— Onde está Aldric? — Ele perguntou a Kellan, que estava ao seu lado, seus pensamentos correndo soltos, mas ele tentou controlar suas emoções.

— Ele disse que não estava se sentindo muito bem mais cedo hoje, Alpha. Eu o vi caminhando em direção à ala sul — respondeu Kellan.

Randall franziu a testa. A câmara do médico ficava na ala leste. O que ele... — Droga! — Ele rosnou, cerrando o punho esquerdo enquanto se levantava abruptamente, seus olhos brilhando com um tom vermelho brilhante enquanto saía apressadamente do salão.


— Reya... Eu te amo tanto. Eu não me perdoarei se algo acontecer com você. Apenas venha comigo. Vamos fugir o mais longe possível daqui. Por favor, meu amor. — O apelo de Aldric fez seu coração doer ainda mais.

— Estou com medo, Aldric. E se... E se ele nos encontrar? Ele vai nos matar, Aldric — Reyana desejava que fosse tão simples.

— Ele não vai. Você não precisa ter medo. Confie em mim nisso — Ele a assegurou.

— Para onde correríamos? Eu não quero me tornar uma desonrada. E se nenhuma alcateia concordar em nos aceitar? Você sabe que estamos em inimizade com muitas outras alcateias, tudo graças ao monstro, Alpha Randall.

Ela tinha razão. Mas agora, tudo o que Aldric queria era que eles deixassem a alcateia Blood Crescent o mais rápido possível.

— Há uma alcateia... Eu conheço uma... Muito além das Montanhas do Norte. Ninguém jamais nos encontrará lá — disse ele, um brilho de esperança cintilando em seus olhos enquanto esperava pela resposta dela.

Reyana hesitou por um momento. Fugir era tão perigoso quanto ficar. Mas era melhor morrer tentando do que não tentar.

— Ok... — ela sussurrou. — Quando partimos?

Parecia que um grande peso havia sido tirado de seus ombros. Aldric a puxou para um abraço apertado, beijando-a suavemente na testa.

— Eu te amo tanto, Reya. Não suporto a ideia de você pertencer a outro homem.

— Eu também te amo. Obrigada por sempre estar ao meu lado.

— Encontre-me no caminho do mato atrás do carvalho quando todos estiverem dormindo — Aldric sussurrou. — Leve apenas algumas coisas com você. Precisamos viajar leves, ok?

Reyana assentiu em concordância. — Farei isso. Você deve ir agora. Não podemos ser vistos juntos.


Randall usou todo o controle que tinha para impedir que Keir assumisse completamente, mas ambos compartilhavam o controle neste momento.

Ele correu em direção à ala sul, ignorando as saudações dos membros de sua alcateia. De longe, ele podia perceber o cheiro intoxicante de sua companheira.

Seu cheiro era tão intoxicante que cada vez que ele estava perto dela, ele lutava e se esforçava para manter a sanidade. Mas agora, tudo isso não importava.

Em poucos segundos, ele estava de frente para a porta dela.

Randall abriu a pequena porta de madeira com uma urgência perigosa enquanto invadia o quarto dela.

Ele sentiu seu coração parar ao ver a cena diante dele.

— Reya... — foi tudo o que ele conseguiu murmurar. O nome lentamente saiu de seus lábios enquanto ele engolia um nó duro na garganta.

— Oh, Selene! Alpha Randall! — Suas bochechas coraram de vergonha enquanto ela ficava congelada no lugar. — Eu... Eu sinto muito, Alpha, eu... — Ela procurava as palavras certas para dizer, mas ao mesmo tempo, sentia-se sufocando com suas palavras.

O brilho nos olhos de Randall intensificou-se e ele podia sentir Keir lutando para assumir o controle total. Por um momento, tudo o mais deixou de existir, exceto sua companheira, que estava completamente nua na frente dele.

Sua pele irradiava como o sol da manhã. Cada curva de seu corpo, cada contorno, era uma obra-prima de artesanato divino, perfeitamente esculpida e adornada com a graça de uma deusa.

Sua cintura esbelta e abdômen tonificado enfatizavam sua feminilidade. Seus quadris bem formados sugeriam a plenitude de seu traseiro, fazendo-o querer virá-la para ter uma visão melhor.

Ele lentamente percorreu seu olhar faminto sobre o corpo dela, seus olhos repousando em seus seios redondos e suculentos, que estavam firmes e pontudos, chamando por ele.

Randall engoliu em seco, cerrando o punho com força enquanto a contemplava, seu coração batendo com uma intensidade que ecoava nas profundezas de sua alma. Seu cabelo molhado e sedoso caía em cascata pelas costas como uma cachoeira de ébano líquido.

Ele sentiu uma atração primal por ela, uma onda de desejo pecaminoso e puro percorreu suas veias e acendeu um fogo dentro dele que queimava com uma intensidade que ele nunca conhecera.

A urgência de possuí-la sobrecarregou seus sentidos com uma necessidade urgente de reivindicá-la como sua. Ele ansiava por fazê-la saber, da maneira mais pecaminosa possível, que ela pertencia a ele e somente a ele. Sua para torturar... Sua para reivindicar... Sua para punir... Sua para possuir...

Cada fibra de seu ser ansiava por sentir o corpo suculento dela contra o dele.

— Alpha Randall? — Reyana, que estava morrendo de vergonha e embaraço enquanto o olhar escrutinador dele fazia sua pele esquentar com uma sensação à qual ela não estava acostumada, conseguiu chamar, esperando que isso o tirasse do transe em que ele estava.

Ele imediatamente trancou Keir enquanto o brilho vermelho em seus olhos era substituído imediatamente por seus olhos verdes habituais, apagando qualquer traço de emoção que ele acabara de sentir. — Onde ele está? — Ele perguntou friamente, seus olhos percorrendo o pequeno quarto.

— Quem poderia ser, Alpha? — Sua voz suave perguntou, evitando o olhar dele. Ela tentou com todas as forças parar seu coração de bater tão alto, mas não estava funcionando.

— Não teste minha paciência, Reyana! — Ele avançou em direção a ela, puxando-a rudemente pelo longo cabelo negro. — Onde está Aldric?

— Eu não sei... Eu não o vi... Eu não... — Ela choramingou enquanto lágrimas enchiam seus olhos.

Ele deu uma risada ameaçadora. — Espero não descobrir o contrário, Companheira. — Ele sussurrou lentamente em seu ouvido, enviando uma onda de medo pelo corpo dela antes de soltá-la rudemente de seu aperto.

Ele podia jurar que Aldric estava ali. O doce cheiro dela estava misturado com um cheiro diferente que o irritava. Ele ia descobrir com certeza.

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