Ser mágico inseguro
Custos caminhava confiante à frente, seguido de perto por Crystal, que não conseguia deixar de se perguntar como o horário da academia era tão rigoroso para que os alunos já estivessem nos dormitórios quando ela estava apenas dez minutos atrás dos demais.
Ao se aproximar da porta quebrada da cabana, Custos estendeu a mão para tocá-la e, para a surpresa de Crystal, ela se abriu sozinha. Ela se lembrou de esperar o inesperado, preparando-se mentalmente para o que quer que estivesse por vir.
Ambos entraram na cabana, e Crystal se certificou de não piscar como da última vez, enquanto via a escuridão completa desaparecer em outro céu noturno, mais brilhante que o anterior.
Ao entrarem, Crystal fez questão de manter os olhos abertos, determinada a não perder nada. Para sua surpresa, ela se viu transportada para um reino de completa escuridão, que gradualmente se dissolveu em um céu noturno mais brilhante do que qualquer outro que ela já tinha visto.
A grama sob seus pés brilhava como se tivesse sido recém-borrifada com água, e as árvores imponentes, de dez a quinze vezes sua altura, eram diferentes de tudo que ela já tinha visto. Seus troncos eram verdes com clorofila, e suas enormes folhas pareciam um emaranhado denso de plantas que ainda não tinham amadurecido completamente, mas o tamanho dizia o contrário.
Quando Crystal se virou para olhar para trás, viu que tinha acabado de sair de outra cabana, muito semelhante à da Terra, e a porta se fechou sozinha.
Ela se virou novamente e viu que Custos estava saltitando à frente enquanto ela arregalava os olhos e corria atrás dele com sua bagagem, sentindo uma nova onda de empolgação no coração.
Mal se passaram dois minutos quando ela viu enormes muros surgindo à sua frente, à medida que o número de árvores começava a diminuir. Os muros eram feitos de tijolos vermelhos e eram até alguns centímetros mais altos que as próprias árvores.
“Estes são chamados de Teikhi Prostasias, os muros de proteção. Qualquer ser não mágico ou conhecido por seus atos bizarros entre nós, seres mágicos, não consegue atravessar esses muros, não importa o quão poderoso seja. Sob a aparência deste muro está a magia de todos os reis dos seis reinos, reunindo seus poderes centrais,” Custos explicou.
Crystal estava prestes a fazer uma pergunta quando Custos a interrompeu, respondendo antes mesmo que ela pudesse abrir a boca. "Você logo aprenderá sobre os seis reinos," ele disse. "Eu não sou a pessoa para te dizer quem você é ou o que você enfrentará a partir de agora. A diretora Basil Cole Selinofoto fará isso por você, para quem estamos indo agora."
Crystal arregalou os olhos em pânico, pois não esperava visitar a diretora da academia no momento em que chegasse.
“Ah-- Por que-- Quero dizer, eu pensei que iria direto para o dormitório. Por que a diretora? Ha-ha-- ha--” Custos não respondeu novamente, continuando a saltitar à frente e atravessando o muro, deixando Crystal perplexa e parada do lado de fora.
“O que é isso, uma feitiçaria de Harry Potter?” ela murmurou para si mesma enquanto olhava para o muro com os olhos arregalados. Ela passou a mão pela superfície de tijolos do muro e, para sua surpresa, sua mão atravessou o muro sem resistência, como se ele nem estivesse ali.
“Você vai continuar se maravilhando assim com cada coisa que passar? Já te disse que estamos atrasados,” repreendeu Custos enquanto colocava a cabeça para fora do muro, e Crystal imediatamente se desculpou, olhando para ele.
Ela respirou fundo e, woosh, deu um salto. Agora estava do outro lado do muro sem nenhum problema. “Meu Deus, a primeira coisa e já sinto que minha energia está se esgotando,” murmurou para si mesma e seguiu o saltitante Custos mais uma vez.
...
Custos havia partido, deixando Crystal sozinha em uma vasta sala de escritório. Cada centímetro do cômodo era forrado com estantes de livros, algumas contendo livros de tamanho enorme, outras com volumes em miniatura.
Sentando-se diante da grande mesa de madeira polida, Crystal observou o ambiente. A atmosfera exalava um senso de sabedoria, sugerindo que o dono do espaço era uma pessoa de idade avançada e benevolente.
Era um dos muitos talentos de Crystal discernir a personalidade de uma pessoa apenas examinando seus pertences, mesmo algo tão pequeno quanto um lenço. Por isso, ela sempre achou sua própria casa desprovida de vida, como se estivesse abandonada.
De repente, Crystal pulou de surpresa quando alguém entrou na sala pela porta da frente, enquanto as estantes de livros se moviam para o lado. Ela estava prestes a gritar, mas se acalmou instantaneamente quando a sombra desapareceu e uma mulher idosa surgiu. Embora o rosto da mulher estivesse coberto de rugas, seus olhos roxos e penetrantes revelavam que ela devia ter sido uma beleza em sua época.
Crystal sabia que essa mulher era a diretora, como Custos havia lhe dito. Ela se levantou apressadamente para mostrar respeito, pois não estava familiarizada com os costumes desse novo mundo em que havia entrado, e não queria ofender a diretora em seu primeiro dia.
A diretora sorriu enquanto se aproximava e se sentava em frente a Crystal. Seu vestido roxo complementava seus olhos, mal escondendo sua estrutura óssea, e uma capa preta pendia de seus ombros, com a gola alcançando seus lóbulos das orelhas. Cachos dourados, com mechas pretas e roxas, caíam sobre seus ombros, e Crystal ficou encantada.
“Sente-se, Srta.--” Basil olhou para Crystal com as sobrancelhas levantadas.
“Crystal-- Crystal Smith,” ela respondeu, engolindo em seco e com medo de causar uma má impressão na diretora. Ela imediatamente se sentou. Depois de testemunhar o quão majestosa a diretora parecia, ela se sentiu um pouco insegura como um ser mágico. Não havia nada de especial nela; seus olhos, seu cabelo e até sua altura eram normais na definição humana.
A diretora a olhou gentilmente, exibindo um sorriso sábio enquanto repetia seu nome. “Crystal Smith. Então, Srta. Smith, você sabe algo sobre suas origens?” A diretora perguntou, e Crystal balançou a cabeça, admitindo sua ignorância com sinceridade. Basil assentiu compreensivamente. “Então, você está ciente de seus poderes?” Agora, essa era uma pergunta tanto complexa quanto intrigante.

















































































