


Conhecendo ele
Evelyn pegou a cesta antes de sair em busca de algumas frutas e ervas. Ela precisava coletá-las e vendê-las no mercado da vila próxima para poder comprar roupas e itens necessários.
A floresta lhe dava comida e água, mas não podia lhe dar cobertores e sapatos. Ela precisava de dinheiro para isso. Ganhar dinheiro não era tão difícil para Evelyn, já que ela sabia onde todas as ervas raras cresciam. Ela até poderia cultivá-las se quisesse, o que era uma vantagem de viver na floresta.
As ervas seriam caras nessa época do ano, já que o inverno estava chegando. Ela poderia usar o dinheiro extra para comprar um novo cobertor, pois o antigo já estava rasgado.
Ela estava pensando em ficar na casa da árvore até o inverno acabar, mas decidiu contra isso. Ela deveria se mudar assim que conseguisse o dinheiro e as coisas. Encontrar um lugar para ficar antes do inverno chegar pode ser uma tarefa difícil e ela não tinha tempo a perder.
Já faz dois dias desde que Evelyn deixou a casa da árvore para encontrar um novo lugar, mas até agora ela não teve sorte. O frio estava começando a incomodá-la. Não seria bom se ela pegasse um resfriado, pois nem tinha um lugar para descansar.
A bolsa com suas roupas e coisas estava começando a parecer mais pesada a cada passo. Evelyn queria desistir. Ela não sabia por que ainda estava aguentando.
Sempre fugindo. Sempre se escondendo. Sempre vivendo com medo. Qual era o sentido de viver assim?
Às vezes ela realmente queria acabar com tudo, mas algo dentro dela dizia para aguentar, sussurrando para ser forte e paciente. Assim como estava dizendo agora para continuar caminhando em direção ao norte.
Evelyn enfiou as mãos no casaco surrado para aquecê-las. Ela se arrependeu de não ter comprado um par de luvas quando foi ao mercado. O frio estava começando a fazer suas mãos coçarem.
Ela precisava encontrar um lugar antes do anoitecer. Passar a noite no frio definitivamente a deixaria doente. Ficar doente em uma floresta sem nem um lugar para descansar é um pesadelo para qualquer um.
Evelyn olhou ao redor. A distância entre as árvores aumentava a cada passo. Ela sabia que não deveria ir para áreas abertas. Não era seguro lá, mas um lugar aberto significava mais luz do sol e Evelyn precisava de toda a luz do sol que pudesse conseguir no momento.
O som de água corrente a fez parar. Não era tão alto, então não poderia ser uma cachoeira ou um rio.
Um riacho talvez?
Ela caminhou lentamente em direção ao som, esperando encontrar uma casa na árvore ou até mesmo uma barraca. Ela precisava desesperadamente de um lugar que a abrigasse esta noite.
A garota parou, surpresa ao ver a cabana abandonada à sua frente. Ela ficou ali por um minuto analisando a cabana. Quem construiu uma cabana no meio do nada? Por que a abandonaram?
A cabana parecia boa. O telhado estava ok, embora a madeira estivesse rachada aqui e ali. Tinha até uma porta.
Será que alguém ainda vem aqui?
Ela tinha muitas perguntas, mas não tinha tempo para ponderá-las, pois o sol se pôr em algumas horas.
Ela correu apressadamente para a cabana, fazendo o máximo de barulho possível para que, se houvesse algum animal dentro, soubesse de sua chegada. Ela não queria assustar nenhum animal entrando de repente.
Evelyn abriu a porta da cabana lentamente, não estava trancada, já que a maçaneta parecia quase quebrada. A cabana estava praticamente vazia, exceto por uma mesa de ferro enferrujada. O chão estava empoeirado e coberto de folhas secas. Ela teria que limpá-lo para poder dormir ali.
Evelyn colocou sua mochila no chão antes de sair da cabana. Depois de alguns minutos tentando, ela fez uma vassoura com folhas de árvore para poder limpar o chão da cabana.
O sol estava se pondo. Ela precisava limpar e acender uma fogueira o mais rápido possível antes que o frio se tornasse insuportável. As folhas secas seriam difíceis de queimar uma vez que estivesse frio.
Depois de uma hora, a garota conseguiu acender a fogueira. Evelyn sentou-se olhando ao redor. O lugar era bonito e confortável, mas infelizmente ela não poderia ficar ali por muito tempo. Lugares abertos como esse significavam que as pessoas viriam aqui com frequência. Ela teria que partir e procurar outro lugar amanhã.
Evelyn pegou a mesa de ferro e a colocou atrás da porta para que não abrisse por causa do vento. A cabana estava quente por causa da pequena fogueira que ela fez.
Ela fez um lugar para dormir no chão e se aconchegou em seu novo cobertor. Evelyn tentou dormir, mas não conseguia tirar da cabeça todos os pensamentos que passavam por sua mente.
Uma das maiores dúvidas que Evelyn tinha agora era sobre seu companheiro. Será que ela algum dia encontraria seu companheiro? Como poderia encontrá-lo se continuasse se escondendo na floresta? E se ele já tivesse desistido dela?
Todos esses pensamentos tornavam seu coração pesado. Ela não queria ser um fardo para seu companheiro. Ele merecia ser feliz e, se ela o encontrasse, decidiria fazer o possível para torná-lo feliz.
Talvez ela também pudesse encontrar sua felicidade...
Evelyn acordou sobressaltada na manhã seguinte, ouvindo gritos e murmúrios do lado de fora da cabana. Ela olhou freneticamente ao redor e viu que a porta da cabana ainda estava fechada, mas havia vozes de pessoas conversando lá fora.
Ela pegou o cobertor e o enfiou na bolsa, pronta para correr se fosse necessário. A garota caminhou lentamente até a porta para espiar pelo pequeno buraco ao lado dela.
Havia três homens, dois conversando entre si enquanto o outro olhava ao redor da cabana.
'Eu não deveria ter ficado aqui. Eu deveria saber que não era seguro... Que estupidez a minha.' A garota se amaldiçoou internamente por sua decisão.
"Galera, vou ver quem está dentro," disse um deles, dando um passo em direção à cabana.
Todos eram lobos de alta patente. Qualquer um poderia perceber isso pela maneira como se portavam. Não havia como Evelyn escapar de suas mãos.
"Calvin, espera. Pega sua arma," gritou um deles, fazendo Evelyn tremer.
'Uma a-arma?' Ela apertou a bolsa, movendo-se lentamente para o canto da cabana.
"Não precisa de arma. É um ômega, posso sentir o cheiro," respondeu o cara chamado Calvin enquanto caminhava em direção à porta.
Evelyn podia ouvir os passos pesados do cara se aproximando, o que fez seu coração bater forte de medo.
'Isso é o fim. Eles vão me matar.' Seus olhos se turvaram enquanto ela se abraçava.
A mesa de ferro caiu no chão quando o cara empurrou a porta com força. O som alto fez Evelyn estremecer.
O cara olhou ao redor antes de seus olhos caírem sobre a garota encolhida no canto. Ele chamou os outros que estavam do lado de fora, prontos para atacar se necessário.
Os três homens olharam para a garota tremendo de medo. Ela estava um pouco pálida e tinha longos cabelos loiros. A garota não parecia uma ameaça, mas eles não podiam simplesmente deixá-la ir, mesmo sendo um ômega.
"Vou ligar para o Alfa para dizer que encontramos uma ômega desonesta," disse um deles, e os outros assentiram.
"Ei... qual é o seu nome? De onde você é?" Um dos caras perguntou, tentando acalmá-la. Ele tinha pele morena e cabelos cacheados, o que fazia seus olhos verdes se destacarem.
Ele era lindo, assim como os outros dois. Eles pareciam tão poderosos e elegantes, o que fazia Evelyn se sentir tão pequena.
Ela permaneceu em silêncio, com muito medo de dizer algo. O cara suspirou, olhando para o outro. "O que vamos fazer com ela?" Ele perguntou ao cara chamado Calvin.
Calvin deu de ombros, desinteressado. "Não sei, vamos fazer o que o Alfa disser." Ele disse, encostando-se na parede de madeira.
"O Alfa está aqui," ouviram o cara que foi lá fora gritar. Os dois caras endireitaram a postura.
"Onde está a ômega?" A nova voz fez Evelyn estremecer. A voz soava tão profunda e poderosa.
'Deve ser o Alfa.' Ela pensou enquanto o tal cara entrava na cabana.
Evelyn não teve tempo de pensar porque de repente foi envolvida por um forte cheiro de canela e mel. Ela olhou para o homem que estava ali, imponente sobre ela.
Ele era lindo... Tinha cabelos negros como a noite e olhos azuis brilhantes.
Evelyn queria tocá-lo, abraçá-lo e ficar perto dele desesperadamente. Havia algo dentro dela dizendo para ir até ele. Ela não sabia o que estava acontecendo. A única coisa que sabia era que seu coração estava pulando de excitação e ela se sentia feliz.
Ela se sentia feliz e contente pela primeira vez em muito tempo.
'O que está acontecendo? Por que estou me sentindo assim? É isso que eu penso que é? Ele é meu companheiro?' Havia muitas perguntas em sua mente.
Evelyn olhou para os olhos do homem, que agora estavam em um tom mais escuro enquanto ele a encarava. Ele tinha uma expressão desconhecida no rosto. Ela tentou sorrir para ele, mas parou quando o viu franzir a testa.
"Ela?" Ele apontou para ela. Sua voz estava carregada de tanta decepção e desgosto que fez a pobre garota gemer.
Ela procurou no rosto de seu companheiro, esperando ver pelo menos um pouco de felicidade, mas não havia nada além de pura frustração.
Evelyn sentiu sua visão se turvar. A única esperança a que ela se agarrava estava desmoronando diante dela como um castelo de areia indefeso.
Esse era seu pior pesadelo...