CAPÍTULO DOIS: AS DIFICULDADES

No escritório mal iluminado, a Sra. Bernard e Clinton sentaram-se frente a frente, seus rostos refletindo a frieza que se tornara característica da casa dos Bernard. O ar estava carregado de tensão enquanto mergulhavam em uma discussão familiar, cada palavra pesada com agendas ocultas.

A Sra. Bernard, com uma expressão severa, iniciou a conversa. "Clinton, precisamos falar sobre o seu negócio de tecidos. Ele tem consumido recursos sem mostrar retornos substanciais."

Clinton, uma mistura de desafio e frustração, respondeu, "Mãe, meu negócio de tecidos tem potencial. Preciso de mais investimento para expandir e torná-lo lucrativo. É uma estratégia de negócios sólida."

O olhar da Sra. Bernard se estreitou, ceticismo estampado em seu rosto. "Clinton, você tem despejado dinheiro nisso por muito tempo sem resultados concretos. Não posso permitir que você arrisque a riqueza da família em um empreendimento com retornos incertos."

Clinton inclinou-se para frente, determinação ardendo em seus olhos. "Mãe, confie em mim. Fiz minha pesquisa, e com mais $50.000, posso virar o jogo. A indústria de tecidos é lucrativa; só preciso do capital inicial."

A Sra. Bernard suspirou, sua paciência se esgotando. "Clinton, temos questões mais urgentes. O banco de microfinanças está enfrentando desafios, e não podemos desviar nossos recursos para financiar um empreendimento arriscado."

Clinton, com a frustração borbulhando à superfície, argumentou, "O banco é responsabilidade da Clara. Ela tem gerido mal. Meu negócio de tecidos poderia trazer lucros substanciais se tivesse uma chance."

Um silêncio frio se instalou entre eles, o peso das prioridades conflitantes palpável. Os pensamentos da Sra. Bernard pairavam sobre os fracassos percebidos de ambos os filhos, adicionando outra camada de complexidade à dinâmica familiar.

Enquanto isso, fora do escritório, Donald, cuidando de suas tarefas, ouviu trechos da conversa. As lutas internas da família, antes um assunto privado, agora se desenrolavam diante dele como um drama distorcido.

À medida que a discussão continuava, ficou evidente que o negócio de tecidos não era apenas um empreendimento comercial para Clinton; era uma manifestação de seu desejo de independência e reconhecimento dentro da família.

A conversa entre a Sra. Bernard e Clinton mudou abruptamente, desviando para um território mais sensível — o caso entre Donald e Clara.

O tom da Sra. Bernard tornou-se sussurrado, uma mudança calculada na discussão. "Clinton, precisamos tratar da situação com Donald. O caso dele com sua irmã já dura tempo demais."

Os olhos de Clinton brilharam com uma mistura de surpresa e descrença. "Mãe, eu não fazia ideia. Como você descobriu?"

A Sra. Bernard, com um olhar conhecedor, respondeu, "Observação, meu querido. Uma mãe sabe quando algo está errado. É hora de pôr fim a esse caso vergonhoso."

Clinton, agora totalmente envolvido na conversa, inclinou-se para frente. "O que você sugere que façamos?"

Um sorriso astuto surgiu nos lábios da Sra. Bernard. "Precisamos expô-lo. Fazer com que todos em Eldridge saibam. Humilhá-lo tão completamente que ele não ouse mostrar o rosto nesta cidade novamente."

Clinton hesitou, um conflito evidente em sua expressão. "Mas Mãe, e a Clara? Ela não será afetada por isso também?"

A Sra. Bernard dispensou a preocupação dele com um aceno de mão. "Clara é dano colateral nisso. Ela trouxe isso para si mesma ao se associar com alguém como Donald. Precisamos proteger a reputação da família a qualquer custo."

O cálculo frio nas palavras da Sra. Bernard fez Clinton estremecer. Ele ponderou as consequências de expor o caso, dividido entre a lealdade à sua irmã e o desejo de agradar sua mãe.

Enquanto continuavam a discutir o drama que se desenrolava, o destino de Donald e Clara estava em jogo.

Clinton, lutando com as revelações sobre o caso, finalmente reuniu coragem para abordar outro assunto delicado — o bebê que Clara estava esperando. Ele falou hesitante, "Mãe, e o bebê? É realmente do Donald?"

Os olhos da Sra. Bernard brilharam com uma mistura de raiva e desdém. "Claro que não, Clinton. Donald foi o bode expiatório! Clara não foi sábia, de jeito nenhum, ela me contou a verdade depois, não posso permitir que meu neto se torne um bastardo, não sob minha vigilância."

Clinton, embora conflituoso, assentiu relutantemente. "Mas, Mãe, isso não afetará a criança quando ela crescer? Saber que o verdadeiro pai não é o homem que ela chama de pai?"

A resposta da Sra. Bernard foi rápida e inflexível. "A criança precisa aprender a verdade eventualmente. É para o melhor. Além disso, Clara trouxe isso para si mesma ao envolver Donald em sua vida. Precisamos proteger o legado da família a qualquer custo."

A tensa conversa entre a Sra. Bernard e Clinton continuou, desviando para territórios mais sombrios. No meio da discussão, a Sra. Bernard, com uma mudança calculada no tom, decidiu adicionar outra camada de humilhação à situação de Donald.

Ela olhou para a porta onde Donald continuava seu trabalho, depois voltou-se para Clinton com um sorriso malicioso. "Ah, falando do empregado, vamos pedir para Donald nos servir algumas bebidas e água. Afinal, ele é um servo tão habilidoso."

Clinton hesitou, olhando para sua mãe, depois para Donald, que havia momentaneamente pausado seu trabalho ao ouvir seu nome.

A Sra. Bernard levantou a voz em um tom zombeteiro, "Donald, querido, estamos com um pouco de sede. Que tal você nos trazer algumas bebidas e água? E tente não derramar nada desta vez."

Donald, engolindo seu orgulho, assentiu sem dizer uma palavra. Ele se dirigiu ao armário de bebidas, cada passo ecoando o peso do desprezo que carregava.

Enquanto ele preparava as bebidas, a Sra. Bernard continuou sua conversa com Clinton, suas palavras deliberadamente audíveis. "É crucial, Clinton, que mantenhamos um certo padrão nesta casa. Pessoas como Donald devem ser lembradas de seu lugar."

Donald voltou com uma bandeja de bebidas e água, seus olhos evitando os olhares julgadores da família Bernard. A Sra. Bernard, com um aceno de mão displicente, disse, "Coloque na mesa e seja rápido. Não temos o dia todo."

A pequena sala, já carregada de tensão, agora continha o peso adicional da humilhação de Donald. Eldridge, sem saber, testemunhava a degradação de um homem pego no fogo cruzado das políticas familiares, aguardando o clímax do drama que se desenrolava. A outrora tranquila cidade estava à beira de ser abalada pelas ondas das ações insensíveis da família Bernard.

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