CAPÍTULO QUATRO: OS ECOS DO AMOR
Clara, aproveitando a oportunidade para afirmar sua dominância, virou-se para Donald com um sorriso sarcástico que mal disfarçava sua irritação. "Donald, que consideração a sua de se juntar a nós. Espero que tenha cumprido diligentemente suas tarefas essenciais."
Donald, mantendo a compostura, respondeu, "Sim, Clara. Estou aqui para servir. Há algo específico que você precisa?"
Clara, enfatizando suas palavras com um tom condescendente, disse, "Ah, só o de sempre, Donald. Já que você é tão eficiente, que tal nos trazer algumas bebidas? Kate e eu poderíamos usar um refresco."
Kate, percebendo a tensão, trocou um olhar com Donald. Enquanto ele preparava as bebidas, Clara continuou sua conversa com Kate, aparentemente indiferente ao homem cumprindo suas ordens ao fundo.
"Então, Kate, como eu estava dizendo," Clara continuou, "assuntos de família podem ser bastante exaustivos. A gente tem que lidar com todo tipo de personagem, até mesmo aqueles que deveriam ser discretos."
Donald, ouvindo a indireta, cerrou o maxilar, mas permaneceu em silêncio, focado em sua tarefa.
Clara, sem perder o ritmo, virou-se para Donald assim que as bebidas estavam prontas. "Ah, aqui está ele. Nosso dedicado servo. Sirva-nos prontamente, Donald, e tente não derramar nada desta vez."
Donald, oferecendo um aceno de cabeça contido, distribuiu as bebidas sem dizer uma palavra. A atmosfera na sala ficou palpavelmente tensa, e Kate observou a dinâmica com um crescente desconforto.
Kate, incapaz de conter seu desconforto por mais tempo, falou com um tom firme. "Clara, tenho que dizer, a maneira como você está tratando o Donald é bastante inadequada. Ele não é um servo, e esse sarcasmo é desnecessário. Você tem empregadas para atender a essas tarefas."
Clara, ignorando a preocupação de Kate, respondeu despreocupadamente, "Ah, Kate, você não entenderia. É essencial lembrar Donald do seu lugar. Além disso, isso o mantém ocupado, não é, Donald?"
Donald, escolhendo manter a compostura, acenou silenciosamente, relutante em escalar a situação. O peso do tratamento injusto pairava na sala, criando uma tensão não dita.
Kate, no entanto, persistiu, "Isso é errado, Clara. Independentemente do papel dele aqui, ele merece respeito. Você tem outras maneiras de afirmar sua autoridade. Isso é degradante."
Clara, com um gesto desdenhoso, retrucou, "Respeito se conquista, Kate. E quanto ao Donald, ele sabe o seu lugar. Não é, Donald?"
Donald, escolhendo suas palavras com cuidado, respondeu, "Estou aqui para fazer meu trabalho, Clara. Se não há mais nada, vou continuar com minhas tarefas."
Kate, ainda desaprovando, observou enquanto Donald se retirava da sala. Ela voltou-se para Clara, sua preocupação evidente. "Clara, isso não é apenas sobre Donald. Reflete sobre seu caráter e o ambiente que você está criando em sua casa. É realmente esse o ambiente que você quer para minha filha?"
Clara, ficando na defensiva, respondeu, "Minha filha vai entender. Ela vai aprender como o mundo funciona. Isso é sobre manter ordem e controle. Você não compreenderia, Kate."
A conversa permaneceu em um silêncio desconfortável, as relações tensas dentro da propriedade Bernard agora expostas na presença de uma estranha.
Enquanto a tensão pairava, Clara, sentindo a necessidade de reafirmar seu controle, decidiu escalar a situação. Ela se levantou do sofá, seu olhar fixo em Donald enquanto ele continuava seu trabalho.
"Donald," ela chamou, sua voz carregando um tom afiado, "mudei de ideia. Quero as bebidas servidas no jardim. Vá e prepare uma mesa para nós. Rápido."
Donald, mantendo a compostura, acenou com a cabeça e se dirigiu ao jardim para cumprir seu pedido. O peso das táticas de intimidação de Clara pairava no ar, criando uma sensação palpável de desconforto.
Clara virou-se para Kate com um sorriso satisfeito. "Viu, Kate, um pequeno lembrete de quem está no comando. É essencial manter todos na linha."
Kate, com sua desaprovação se aprofundando, respondeu, "Isso não é sobre autoridade, Clara. É sobre decência e respeito. Você está ultrapassando limites."
Enquanto Donald arrumava a mesa no jardim, Clara aproveitou a oportunidade para intimidá-lo ainda mais. Ela caminhou em sua direção com propósito, seus passos deliberados. "Donald, certifique-se de que tudo esteja perfeito. Qualquer erro, e você terá que lidar com as consequências."
Donald, sabendo que as consequências poderiam ser severas, acenou silenciosamente e continuou sua tarefa. A pequena cidade de Eldridge, ainda alheia ao tumulto crescente dentro da propriedade Bernard, permanecia um espectador silencioso das dinâmicas de poder que se desenrolavam dentro de seus limites.
As ações de Clara, alimentadas pelo desejo de manter o controle a qualquer custo, lançavam uma sombra sobre a atmosfera outrora tranquila do jardim.
Em meio à tensão e intimidação, Clara e Kate eventualmente se acomodaram à mesa do jardim, a fachada de normalidade tentando recuperar seu domínio sobre a cena.
Kate, escolhendo suas palavras com cuidado, tentou desviar a conversa da atmosfera desconfortável. "Então, Clara, como você tem se sentido ultimamente? Ouvi dizer que está esperando um bebê."
Clara, sua expressão suavizando momentaneamente, respondeu, "Sim, estou. Tem sido um período desafiador, sabe, com todo o drama familiar e tudo mais. Mas eu vou conseguir. Esta criança é parte do meu legado."
Kate, não facilmente convencida, pressionou mais, "E o Donald? Como ele se sente sobre a gravidez?"
Clara, desdenhosa, respondeu, "Ah, ele vai se acostumar. Não é como se ele tivesse escolha. Além disso, uma vez que a criança nascer, ele entenderá a importância da família."
Kate, com a testa franzida, não pôde deixar de expressar sua preocupação. "Clara, trazer uma criança para este ambiente, onde há tanta tensão, é justo para a criança? Você já pensou no impacto sobre a criação dela?"
Clara, ficando na defensiva, respondeu, "Kate, eu sei o que é melhor para minha filha. Donald vai se adaptar, e minha filha terá o privilégio de crescer nesta família estimada. É um legado pelo qual ela deve ser grata."
Kate, cada vez mais preocupada com Clara e Donald, respirou fundo antes de abordar as questões subjacentes.
"Clara," ela começou cautelosamente, "não posso deixar de sentir que a maneira como você está tratando Donald e a atmosfera nesta casa terão consequências. Não apenas para ele, mas para você também. Você pode se arrepender dessas ações no futuro."
Clara, com uma risada desdenhosa, respondeu, "Kate, você sempre vê o mundo através de lentes cor-de-rosa. Estou fazendo o que é necessário para manter a ordem e o controle. Arrependimento é para quem comete erros, e eu não cometo erros."
Kate, não se deixando abater, inclinou-se para frente, seus olhos cheios de sinceridade. "Clara, relacionamentos importam, especialmente em uma família. A maneira como você trata Donald, o pai da sua filha, deixará impressões duradouras. Não é apenas sobre controle; é sobre compaixão e compreensão."
Clara, ficando na defensiva, retrucou, "Eu sei o que estou fazendo, Kate. Não preciso das suas lições de moralidade. Esta é minha vida, minha família, e eu vou lidar com isso da maneira que achar melhor."
À medida que a conversa chegava a um impasse, um silêncio pesado se instalou sobre o jardim. Os arredores outrora agradáveis agora ecoavam com a tensão que permeava a propriedade Bernard.
Kate, com uma expressão solene, concluiu, "Apenas lembre-se, Clara, ações têm consequências. Um dia, você pode olhar para trás e desejar ter escolhido um caminho diferente."
A conversa permaneceu no delicado tópico da gravidez de Clara, ambas as amigas contornando as questões mais profundas que haviam permeado sua discussão. O jardim, outrora um refúgio sereno, agora testemunhava as complexidades dos relacionamentos e a tempestade iminente que se formava dentro da propriedade Bernard.
