Capítulo 3 O trabalho é um teste?

Charles foi despertado de seu cochilo pelo toque familiar de seu celular.

Ele abriu os olhos confuso, encontrando-se em um escritório desconhecido. Além dele, não havia mais ninguém por perto—apenas papéis em branco espalhados pelo chão.

Enquanto Charles se levantava lentamente, ele acidentalmente tocou um crachá pendurado em seu peito. Ao examiná-lo, viu que estava escrito: [Programador Nível 1 da TechFront, Charles.]

"A hora do cochilo acabou, Charles." Uma mulher de cabelo curto em um terno cinza entrou pela porta do escritório, carregando uma pilha de documentos enquanto se aproximava de sua estação de trabalho.

"Cochilo? Do que você está falando?" Charles a olhou confuso.

"Embora a empresa não tenha proibido explicitamente, dormir na sua mesa é claramente contra o protocolo. Não tente inventar desculpas." A mulher deu uma leve batida em sua testa com a pasta.

"Espere, você está entendendo errado. Não estou inventando desculpas. Só quero saber—onde estou?"

A mulher franziu a testa impacientemente. "Esta é a empresa TechFront. Você é um programador contratado pela empresa. Você trabalha aqui há três anos com um salário mensal de..."

"Alguma outra pergunta? Faça todas de uma vez. Não temos tempo a perder," ela falou rapidamente, mas Charles entendeu cada palavra.

"Não, isso está errado!" Charles balançou a cabeça. "O que é TechFront? Nunca ouvi falar disso. Meu nome é Charles Jones. Sou um autor em tempo integral que vive em Burmington, Constan. Ouça—fui trazido aqui por um personagem fictício. Este não é meu mundo original!"

Charles expressou sua situação com uma linguagem igualmente rápida e precisa, embora o conteúdo fosse chocante.

A maioria das pessoas pensaria que ele havia perdido a cabeça ao ouvir tais afirmações.

Mas os olhos da mulher de cabelo curto se arregalaram de surpresa.

Essa surpresa durou apenas um momento antes de desaparecer completamente de seu rosto.

Ela puxou uma cadeira de escritório e sentou-se de frente para Charles. Depois de pensar por um momento, ela disse, "Se for o caso, então somos do mesmo tipo de pessoa."

"O mesmo? Não entendo o que você quer dizer."

A mulher considerou suas palavras. "Por onde devo começar? Deixe-me perguntar uma coisa primeiro. Você acredita que existem outros mundos além do que originalmente viemos? Algo como dimensões paralelas?"

Desta vez, Charles não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele observou cuidadosamente o ambiente desconhecido ao seu redor. Então ele beliscou sua palma com força.

A dor aguda confirmou que ele não estava sonhando.

"Eu acredito."

"Bom. Isso torna minha explicação muito mais fácil." A mulher limpou a garganta e falou seriamente. "Primeiro, Charles, você precisa entender que onde você está agora não é sua realidade original, mas o mundo mental. Ideias de artistas, inspirações de escritores—elas não vêm do nada. Elas existem porque esses criadores formaram conexões com o mundo mental, permitindo-lhes manifestar coisas na realidade que não existiam anteriormente."

"Mas um mundo com muita liberdade não é tão maravilhoso quanto você pode imaginar. Tudo o que você pode imaginar—e até coisas que você não pode—existem aqui."

"O sinal de que você está prestes a entrar no mundo mental é quando, em algum momento, você de repente encontra alguém no mundo real que se parece exatamente com você, com o mesmo porte físico e até o mesmo nome."

"No momento em que vocês fazem contato, seus mundos trocam. Você, como uma pessoa da realidade, entra nesse reino mental, enquanto o personagem fictício que você moldou no mundo mental toma seu lugar e vive no mundo real."

"Alguma dúvida até agora?"

Charles balançou a cabeça. O que a mulher descreveu correspondia às suas próprias teorias.

"Bom. Você provavelmente já percebeu que eu sei dessas coisas porque eu também era originalmente do mundo real. Aqui, todos me chamam de Maeve, mas eu prefiro que você use meu nome real, Catherine."

"Prazer em conhecê-la, Catherine—"

Antes que Charles pudesse terminar, o som estridente do alarme irrompeu novamente.

Esse ruído ultrapassava em muito o volume de qualquer alarme de celular. Seu alcance e poder de penetração eram tão intensos que até o vidro da janela próxima começou a rachar.

Charles instintivamente cobriu os ouvidos, mas o barulho parecia contornar suas mãos e entrar diretamente em seu cérebro.

Gotas de sangue vermelho vivo começaram a escorrer dos cantos de seus olhos, narinas e até dos canais auditivos, pingando no chão.

"O que... o que diabos está acontecendo?"

O rosto de Catherine também se contorceu de dor, embora sua reação não fosse tão severa quanto a de Charles. Talvez ela já estivesse adaptada a esse ambiente.

"Charles, esta é a segunda coisa que eu queria te contar— a mais importante. Pessoas que não pertencem originalmente ao mundo mental são julgadas como anomalias. Periodicamente, este mundo nos submete a vários testes."

"Se passarmos nesses testes, podemos sobreviver por mais um tempo. Se falharmos..."

Embora ela não tenha terminado a frase, Charles entendeu seu significado.

Se eles falhassem nos testes, seriam rejeitados por este mundo como anomalias.

Quem poderia garantir que o mundo mental os devolveria corretamente à sua realidade original?

Mais provavelmente, seriam banidos para o espaço entre os mundos, nunca cansados, nunca com fome, suportando o tormento da imortalidade até que sua consciência finalmente se dissipasse completamente.

"Então isso é um teste? Sobre o que é, então?" As gengivas de Charles começaram a sangrar. Ele parecia horrível, completamente coberto de sangue.

Catherine fechou os olhos, aparentemente se concentrando intensamente em ouvir algo.

Depois de um momento, ela falou lentamente, "Volte ao trabalho."

"O quê?"

"O conteúdo deste teste é trabalho! Até a hora de fechar, você não pode mostrar o menor sinal de preguiça, ou será imediatamente julgado como uma anomalia!"

"Trabalho é um teste?"

Para Charles, que escrevia diligentemente o ano todo e completava cada livro com dedicação, trabalho era um prazer.

Ele gostava de estar imerso na fantasia, adorava criar enredos estranhos e horríveis como uma fuga de sua vida monótona.

Mas agora Catherine estava dizendo que o trabalho havia se tornado um teste? Ele achava difícil de imaginar.

"Sim, você ouviu corretamente. Agora, volte rapidamente para sua posição e processe esses arquivos que eu te dei. Se os outros nos virem conversando durante o expediente, não precisaremos do julgamento do mundo mental—nossos colegas nos considerarão anomalias eles mesmos."

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