


De agora em diante, me chame de Justin
Ponto de vista da Sadie
A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: o que há de errado comigo? Não queria me aprofundar nisso porque sabia que pensar demais poderia levar a respostas desconfortáveis. Então, em vez disso, recostei-me no banco do carro, fechando os olhos, na esperança de bloquear esses pensamentos estranhos. Tão estranhos que fiquei surpresa por estarem demorando tanto para ir embora.
"Você deve estar cansada," disse Daisy, tocando gentilmente meu ombro enquanto se sentava no banco de trás ao meu lado. Antes que eu pudesse responder, Justin—o pai dela—interveio do banco da frente.
"Ela esteve voando o dia todo. Claro que está exausta."
Sua voz profunda me causou um arrepio na espinha. Pare. Pare de pensar assim, eu me adverti. E se a Daisy pudesse ler meus pensamentos? O que ela pensaria de mim se soubesse? Desde que decidi me interessar por homens mais velhos, tenho me sentido atraída por homens como Justin—tão mais velhos, tão mais... experientes.
Fechei os olhos com mais força, mas mesmo assim, tudo o que eu conseguia ver era ele—seus ombros largos, seu queixo bem definido, a maneira como a camisa se ajustava aos seus músculos. Senti um calor se espalhar por mim. Isso era apenas uma paixão? Ou algo mais profundo? Justin era diferente de qualquer homem que eu já tinha conhecido, bonito de uma maneira que parecia quase injusta. Ele parecia... perfeito, como se tivesse sido feito especificamente para a tentação.
Abri os olhos lentamente, captando seu reflexo no retrovisor. Instantaneamente, meu coração acelerou. Mesmo naquele pequeno vislumbre, ele parecia bom demais para ser real. Fechei os olhos novamente rapidamente, na esperança de que ninguém notasse o calor subindo pelo meu pescoço.
Não conseguia dizer se isso era apenas uma paixão temporária ou algo mais, mas por que tinha que ser ele? O pai da minha melhor amiga. De todas as pessoas, por que ele? Se fosse um estranho, eu poderia convidá-lo para sair sem hesitação. Homens mais velhos são mais compreensivos, mais atenciosos com seus sentimentos. Eles não têm pressa e sabem como fazer você se sentir segura. Justin parecia ser tudo isso e mais.
Mas Daisy não sabia. Ela não fazia ideia de que, enquanto procurava um cara para me apresentar—alguém jovem, em forma e atraente—seu pai já tinha me cativado. No momento em que pus os olhos nele, foi como se tudo tivesse mudado. Quando Daisy foi carregar minha mala no carro, fiquei perto de Justin e senti... algo. Foi como uma conexão não dita. Seu olhar demorou-se em mim mais do que deveria, e naqueles poucos segundos, eu estava perdida.
Cada movimento que ele fazia exalava confiança e masculinidade, sua camisa revelando sutilmente os músculos por baixo. Seu sorriso—era apenas amigável, ou havia algo mais por trás dele? Sua voz, baixa e rouca, me causava um arrepio. Ele era tudo o que eu imaginava naquelas fantasias noturnas. Era impossível não ser atraída por ele.
Tentei afastar o sentimento, mas ele não ia embora. Se ao menos ele não fosse casado. Se ao menos ele não fosse o pai da minha melhor amiga. Mas, no fundo, eu sabia que se ele me segurasse, mesmo que apenas uma vez, eu ficaria sem fôlego. A lembrança do nosso aperto de mão mais cedo me fez tremer; eu não queria soltar até que Daisy voltasse. Era como ser escolhida pelo cara mais popular da escola. Era exatamente assim que eu me sentia por dentro.
"Sadie, chegamos, dorminhoca," Daisy brincou, me tirando do transe. Seu sorriso era caloroso, mas eu mal conseguia me concentrar. Olhei para fora, confirmando que estávamos na casa deles. Daisy saiu do carro primeiro, e eu demorei, na esperança de ver Justin mais uma vez. Quando olhei no retrovisor, seus olhos já estavam em mim, e não pude deixar de me perguntar... O que ele estava pensando?
Ele sorriu, e eu saí do carro apressada, tentando acalmar o bater acelerado do meu coração. Daisy pegou minha mão, puxando-me em direção à casa, mas no meio do caminho, Justin a chamou.
"Daisy, venha aqui um segundo."
Ela me deixou parada sozinha, com o coração disparado. Eles sussurravam baixinho, ocasionalmente olhando na minha direção. Estariam falando de mim? Daisy deu de ombros e depois voltou para mim, levando-me para dentro.
"Mãe, chegamos!" Daisy gritou ao entrarmos na sala de estar, mas estava vazia. Um lampejo de decepção passou pelo rosto dela ao perceber que sua mãe não estava nos esperando. Daisy suspirou, me dando um sorriso sem graça. "Ela deve estar no quarto," explicou, me puxando em direção ao quarto de hóspedes no andar de baixo.
Levantei uma sobrancelha—geralmente, Daisy insistia para que eu ficasse no andar de cima com ela. Mas não disse nada enquanto ela me levava para o quarto de hóspedes, colocando minha mala ao lado da porta.
"Vamos, vamos dizer oi para a mamãe," Daisy disse, já me puxando de volta para a casa. Encontramos a mãe dela, Juliana, no quarto, enterrada em papéis. Daisy correu para abraçá-la, e eu a segui desajeitadamente, sem saber para onde olhar.
"Sadie, querida!" Juliana sorriu calorosamente e me puxou para um abraço. "Daisy me contou sobre o seu término. Sinto muito, querida. Mas não se preocupe, alguém que realmente te ame vai aparecer."
Olhei para Daisy, sentindo-me envergonhada. Ela parecia desconfortável, como se não esperasse que a mãe mencionasse isso. Forcei um sorriso, mas por dentro, só conseguia pensar em como Juliana era sortuda por ter Justin. Será que ela sequer percebia o que tinha? Justin era... tudo. Será que ela sentia o mesmo desejo intenso quando ele estava por perto? Como poderia não sentir?
Não ficamos muito tempo, e logo Daisy e eu estávamos de volta ao meu quarto de hóspedes, organizando minhas roupas quando, de repente, um grito alto ecoou do andar de baixo.
"Você não tem o direito de assinar esse documento!"
Era a voz de Justin, seguida de perto pela de Juliana. "Eu tenho o direito. Se as coisas continuarem assim, eu vou me divorciar de você..."
A expressão de Daisy mudou, e ela se desculpou, me deixando sozinha no silêncio inquietante. Meu coração disparou de ansiedade. O que estava acontecendo entre os pais de Daisy?
Alguns minutos depois, a porta rangeu ao se abrir. Presumi que fosse Daisy voltando, então não olhei para cima. Já tinha desabotoado meu vestido até a cintura, meus dedos prontos para desabotoar o sutiã.
"Por favor, me ajude a desabotoar o sutiã..."
"Oh, eu não percebi que você estava aqui," a voz de Justin me assustou quando ele entrou. "Achei que Daisy teria te colocado no outro quarto de hóspedes," acrescentou.
Virei-me, um choque percorreu meu corpo.
"Sem problema, senhor." Lutei para puxar meu vestido de volta aos ombros, mas seu olhar permaneceu no meu sutiã vermelho. O que ele estaria pensando depois do meu pedido constrangedor?
Ele levantou uma sobrancelha, aproximando-se. "Justin," corrigiu, suavizando o tom. "Daqui em diante, me chame de Justin." Ele estava a poucos centímetros de distância e minhas mãos tão fracas para levantar o vestido, quando uma batida repentina na porta interrompeu o momento.
Quem poderia ser? Meu coração disparou novamente, não apenas por Justin estar tão perto de mim. E se Daisy ou Juliana entrassem no quarto e nos vissem assim? Eu podia até sentir a respiração dele.