


Ambos eram amantes antes de agora
POV do Justin
Eu mal tinha registrado o que Sadie disse quando ela riu suavemente, ajustando o vestido como se estivesse tentando esconder algo. Meus olhos a seguiram enquanto ela se afastava de mim, percebendo que eu não tinha trancado a porta. Ela estendeu a mão para a maçaneta, mas quando tentou girá-la, não se mexeu.
Ela murmurou algo sob a respiração, fingindo confusão. Eu não escondi meu sorriso. A porta não tinha sido fechada corretamente. Ela poderia ter simplesmente entrado sem que eu percebesse.
"O que acabou de acontecer?" ela perguntou, tentando soar desentendida.
Dei de ombros casualmente, "A porta não estava fechada. Você poderia ter simplesmente entrado."
Ela fingiu levar na esportiva, mas eu podia ver o alívio em seus olhos. 'Graças a Deus que Daisy não entrou e viu algo que não deveria,' pensei. Eu também estava grato. A tensão já estava suficientemente alta sem que ela visse algo que pudesse piorar ainda mais as coisas.
Quando Daisy entrou na sala, seu humor mudou imediatamente, os olhos se estreitando ao se fixarem em mim. Eu estava perto da janela, tentando evitar a confrontação, mas ela não ia deixar passar.
"O que você está fazendo aqui depois de você e a mamãe tentarem me envergonhar na frente da minha amiga?" ela perguntou, a voz carregada de uma raiva mal contida.
Eu não recuei, embora pudesse sentir o peso de suas palavras. Suas acusações não me surpreendiam, mas nunca eram fáceis de ouvir.
"Eu pensei que você tinha levado Sadie para o outro quarto. Quanto à sua mãe, você precisa falar com ela," respondi com mais calma do que sentia.
"Não, eu preciso falar com vocês dois," Daisy retrucou, cruzando os braços firmemente sobre o peito enquanto se sentava na cama. Dei a Sadie um olhar tranquilizador antes de sair, deixando-as ter seu espaço.
A porta se fechou atrás de mim, me deixando sozinho no corredor. Encostei-me na parede por um momento, sentindo o peso da situação. Daisy não estava errada em estar chateada, mas eu não podia deixar de sentir um pouco de frustração. Não era como se isso fosse fácil para nenhum de nós.
Quando voltei com o vinho, esperava que o clima melhorasse, mas Daisy não parecia estar no humor para conversa fiada. Ainda assim, insisti, tentando chegar até ela.
"Daisy, eu sei que você está chateada comigo, mas você precisa falar com sua mãe. Ela precisa parar de assinar aqueles documentos. Ela está tentando te afastar de mim?" perguntei, colocando o vinho na mesa entre nós.
Ela se levantou, ainda fervendo de raiva. "Pai, que documentos? Eu nem olhei direito para eles."
"Você deveria dar uma olhada," disse, minha voz um pouco mais insistente do que eu pretendia. "Mas tenho certeza de que você está com fome. Por que não se senta com Sadie, relaxa um pouco?"
Daisy saiu bufando. Eu imaginei que ela deu uma olhada na tela do celular, sem saber o que viu. Eu servi duas taças de vinho, tentando afastar a tensão. Entreguei uma a Sadie, meus dedos roçando os dela por um segundo, o que causou um inesperado choque de consciência.
Ela parecia tensa, hesitando antes de aceitar a taça, "Eu pensei que você estava brincando sobre o vinho mais cedo. Isso é realmente para mim?"
Encontrei seus olhos com um olhar firme, prendendo sua atenção. "Claro. É só vinho, Sadie. Não se preocupe com isso." Sorri, tentando manter as coisas leves, embora algo mais estivesse pairando entre nós.
Sadie hesitou, claramente desconcertada, e notei o leve rubor em suas bochechas. Isso me fez querer sorrir, mas me contive, focando em seu desconforto. "Por favor, perdoe Daisy. Ela está passando por muita coisa."
Ela deu um gole na taça, mas eu podia ver que estava distraída, seus pensamentos longe dali. "O que você estava pensando?" perguntei, minha voz baixa, curiosa.
Ela mordeu o lábio inferior antes de responder. "Ah, hum... Eu estava apenas pensando em nada importante," disse rapidamente, claramente não querendo admitir o que estava passando por sua mente.
"Seu namorado?" perguntei, meio brincando, sem esperar que ela me levasse a sério.
"Nunca! Eu já superei ele," respondeu rapidamente, rindo levemente. "Terminar com o Leo foi a melhor coisa que me aconteceu. Aprendi a diferença entre amar alguém e estar apaixonada."
Assenti pensativo, mais intrigado do que deixei transparecer. Suas palavras ficaram comigo, e não pude deixar de me perguntar sobre a profundidade de seus relacionamentos passados.
"Hmm..." murmurei, minha mente trabalhando enquanto servia outra taça de vinho.
Sadie tentou aliviar o clima, sua voz tingida de curiosidade brincalhona. "Na verdade, eu estava me perguntando se este vinho tem álcool. Eu sei como fico depois de algumas bebidas. Se eu ficar tonta... quem vai me ajudar?"
Ri disso, a ideia de ela ficar tonta me causando uma estranha excitação. "Se você ficar tonta, eu estarei aqui para ajudar. Não se preocupe com isso." Minha voz tinha um tom de humor, mas havia algo mais por baixo, um desejo não dito.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Daisy entrou novamente, seus olhos vasculhando a sala em busca de sinais de problema. A mudança em sua atitude foi imediata—sua raiva havia desaparecido, substituída por algo mais leve, mas eu ainda não tinha certeza de onde ela estava.
"Parece que vocês dois estão se divertindo," Daisy comentou, seu tom menos acusatório do que antes, mas ainda com um traço de algo que eu não conseguia identificar.
Sorri, levantando-me e dando-lhe um olhar provocador. "Só estou garantindo que Sadie se sinta bem-vinda."
Daisy sentou-se ao lado de Sadie, e eu pude ver que ela estava um pouco inquieta. "Sadie, me perdoe por te deixar com meu pai. Eu estive tão ocupada com tudo..."
Eu não queria interrompê-la, mas precisava mudar a conversa. "Na verdade, me senti mal quando você me contou sobre o término da sua amiga," disse, olhando para Sadie.
Daisy dispensou o assunto com um gesto. "Isso é passado. Eu não convidei Sadie aqui para falar sobre relacionamentos antigos. Temos planos, e precisamos focar neles."
Levantei uma sobrancelha. "Que planos?" perguntei, genuinamente curioso.
Daisy apenas riu suavemente. "Pai, não é nada com que você precise se preocupar. É só coisa de meninas." Ela sorriu para mim, e por um momento, me lembrei de quando ela era mais jovem, mais despreocupada.
Dei-lhe um sorriso brincalhão. "Tá bom, tá bom. Vou deixar vocês à vontade."
"Além disso, minha mãe me mandou entregar algo," disse Daisy.
Enquanto me levantava, indo em direção à porta, não pude deixar de sentir uma pontada de decepção desde que minha filha voltou. Sadie tinha sido fácil de conversar, e eu não estava pronto para encerrar a conversa ainda.
"Você vai levar a Sadie com você quando sair?" perguntei, um pouco mais sério do que pretendia.
"Ela não precisa descansar?" acrescentei, sentindo que deveria defendê-la, só para ficarmos a sós.
Daisy revirou os olhos, mas vi o humor em sua expressão. "Pai, ela é minha amiga. Vamos para a cozinha juntas por enquanto."
Nós três rimos, e eu observei enquanto Sadie hesitava antes de seguir Daisy, embora ela tenha pausado, me dando um último olhar. Sorri de volta, sentindo aquele estranho calor me inundar novamente.
Depois que elas saíram, meus pensamentos ficaram em Sadie, e me peguei repassando suas palavras na minha cabeça, suas expressões, e aquela conexão sutil que parecia existir entre nós. Não era algo que eu pudesse ignorar.
O lugar estava quieto quando Daisy e Sadie voltaram depois de um tempo, mas eu ainda não conseguia afastar a sensação de que as coisas estavam prestes a ficar mais complicadas.