Capítulo 4

Levar uma criança ao médico sozinho é definitivamente exaustivo.

Tracy estava com febre alta, e Scarlett sabia que não poderia evitar Alexander desta vez. Ela não teve escolha a não ser aceitar a ajuda dele, mesmo tendo decidido manter distância.

Agora, parecia que só poderia contar com ele para um pouco de segurança.

Scarlett abaixou a cabeça, envergonhada, e agradeceu com uma voz rouca.

Parecia que Alexander sempre tinha azar quando se envolvia com ela.

Scarlett não era estranha ao hospital. Desde que voltou para a Cidade Fênix, Tracy vinha aqui por qualquer doença menor.

Ela correu até a recepção e perguntou: "O Dr. Donovan está aqui?"

Chase Donovan era colega de classe de Moira, e Tracy sempre o via quando estava doente.

A enfermeira verificou a agenda e balançou a cabeça. "O Dr. Donovan está de férias pelos próximos dias. Ele não está na Cidade Fênix."

Justo quando as coisas não podiam piorar.

Scarlett se sentiu frustrada, mas não tinha outra escolha. Tinha que levar Tracy para a emergência.

Mesmo sendo meia-noite, o pronto-socorro estava lotado, e Scarlett não conseguia ficar parada.

Alexander pegou o telefone e discou um número. "Estou no saguão do hospital. Esteja aqui em dez minutos."

Ele desligou e ajustou Tracy para deixá-la mais confortável. "Logo será resolvido."

Os lábios de Scarlett se moveram levemente, mas Alexander a olhou, forçando-a a engolir seu agradecimento.

Felizmente, alguns minutos depois, um homem de jaleco branco apareceu no saguão, olhando ao redor.

Quando viu Alexander e a criança em seus braços, instintivamente disse: "Meu Deus!"

A expressão de Alexander era fria. "Ela está com febre. Dê uma olhada."

Ele acrescentou um aviso: "Sem besteiras."

Tyler Hamilton era médico, e apesar de sua curiosidade sobre Alexander, tinha que priorizar a paciente.

Ele imediatamente ficou sério. "Entendi. Me sigam."

A febre de uma criança não podia ser adiada, e com Alexander envolvido, Tyler rapidamente instruiu a enfermeira a pegar os suprimentos e os levou para uma sala particular.

Enquanto examinava Tracy, Tyler fez algumas perguntas básicas sobre seu histórico médico.

Scarlett respondeu fluentemente.

O olhar de Tyler varreu entre os dois. A mulher parecia ansiosa, vestindo o casaco de Alexander.

Mas a criança na cama tinha cachos dourados e traços distintos, claramente mestiça.

Como profissional, Tyler podia perceber que ela não era filha de Alexander e Scarlett.

Especialmente porque Alexander estava de lado, ouvindo as respostas de Scarlett, seu rosto ficando mais sombrio.

Era como se ele tivesse sido enganado por uma mulher casada, agora preso trazendo a filha dela para o hospital.

Tyler rapidamente balançou a cabeça, afastando o pensamento.

Scarlett ficou mais nervosa ao vê-lo assim. "Dr. Hamilton, como está Tracy?"

Tyler respondeu: "É só uma febre, mas ela é muito jovem. Precisa ser internada para observação, para prevenir pneumonia."

Scarlett finalmente relaxou. "Obrigada, Dr. Hamilton."

Tyler dispensou com um gesto. "Agradeça ao Sr. King."

Alexander permaneceu em silêncio, parado discretamente ao lado.

Scarlett olhou para ele, mas ele desviou o olhar imediatamente.

Ela abaixou a cabeça, encarando o chão, suprimindo uma súbita dor no coração.

Uma enfermeira entrou para administrar um soro em Tracy.

Logo ela adormeceu.

Alexander se aproximou e agarrou o braço de Scarlett. "Cuide da criança. Precisamos conversar."

A enfermeira, tendo sido especialmente instruída por Tyler para tratar os ocupantes deste quarto com cuidado, concordou sem hesitação.

Alexander agradeceu e puxou Scarlett para fora do quarto.

Scarlett tropeçou, pega de surpresa.

Ele a levou até o escritório de Tyler.

Vendo-os, Tyler rapidamente encontrou uma desculpa para sair. "Vou verificar a criança."

Não se esqueceu de fechar a porta atrás de si.

Scarlett foi pressionada contra a parede, sentindo a raiva de Alexander.

Ela não entendia o porquê.

Nesse momento, Scarlett parecia desolada.

Ela havia sido pega pela chuva, seu cabelo castanho molhado grudando no rosto, a fazendo parecer ainda mais delicada e pálida.

Se não fosse pelos olhos manchados de lágrimas e o lábio mordido, ela pareceria uma sereia hipnotizante.

Alexander não pôde deixar de tocar seu lábio.

Quando estavam juntos, Scarlett frequentemente mordia o lábio quando se sentia culpada ou triste, apesar de seu relacionamento ser uma fachada de dinheiro.

Eles se amaram tanto naquela época.

Scarlett instintivamente virou o rosto quando ele tocou seu lábio.

Alexander voltou à realidade.

Amor?

Olhando para trás, parecia que ele era o único preso naquele falso amor.

Alexander zombou, agarrando a cintura de Scarlett. "Terminamos por causa daquela criança?"

Criança?

Que criança?

A mente de Scarlett ficou em branco, demorando um momento para perceber que Alexander havia entendido errado.

Ele pensava que Tracy era seu filho.

Scarlett tentou explicar. "Do que você está falando? Eu..."

Suas palavras foram cortadas pelo beijo repentino dele.

O beijo de Alexander não foi carinhoso; foi vingativo, mordendo seu lábio.

Scarlett gemeu de dor, empurrando-o. "O que você está fazendo?"

O casaco escorregou de seus ombros devido aos movimentos. Sua camisola fina expôs suas pernas e ombros. Seja pelo frio ou pela raiva, Scarlett estava tremendo.

Ela de repente percebeu.

Explicar? Explicar o quê?

Ela agora era noiva de Sebastian de nome, e Alexander era seu passado, agora seu tio de nome.

Não havia necessidade de explicações entre eles.

Já que Alexander havia entendido errado, era melhor deixar assim.

Se isso significasse que poderiam evitar um ao outro, talvez fosse o melhor.

Scarlett respirou fundo.

Alexander estreitou os olhos, olhando para o sangue em seu lábio.

Vermelho como uma rosa.

Ele se aproximou de Scarlett, pegando o casaco e colocando-o sobre seus ombros.

Ele então levantou seu queixo, olhando friamente em seus olhos vermelhos. "Você não ia me agradecer?"

Ele se inclinou mais perto. "Você realmente acha que um simples obrigado é suficiente?"

"Scarlett, somos adultos. Não é assim que se agradece alguém."

"Se outros podem, por que eu não posso?"

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