Capítulo 4

Patrícia suspirou de frustração, olhou furiosa para Charles e deu um chute na perna dele.

"Vai tomar um banho, você está fedendo."

Charles foi se arrastando para o banheiro enquanto Patrícia colocava Emily na cama.

A pequena Emily se aconchegou nela, seu corpinho emitindo um leve cheiro de leite. O nariz de Patrícia se encheu de emoção enquanto abraçava sua filha com força e respirava fundo.

Em sua vida anterior, Emily foi criada por Missy, e Patrícia só a via durante os feriados.

Quando ela se juntou à família Anderson pela primeira vez, Patrícia não conseguia se concentrar em Emily.

Missy tinha pessoas ensinando repetidamente boas maneiras a Emily, e quando Patrícia a viu novamente, Emily tinha se tornado silenciosa e sensível, chorando com vozes altas e tendo ansiedade de separação quando Patrícia saía.

Pensar nisso fazia o coração de Patrícia doer.

Desta vez, ela estava determinada a criar Emily em um ambiente seguro e amoroso.

Quando Charles terminou seu banho e saiu, viu a barreira de segurança que Patrícia havia montado.

Patrícia estava dormindo de um lado da cama, segurando Emily, enquanto o outro lado estava separado por um cobertor extra.

Charles ficou em silêncio.

Ele subiu na cama cuidadosamente, mas assim que fez isso, um braço pousou em seu peito.

Charles congelou, levantou suavemente o braço dela, e assim que o afastou, uma perna se estendeu sobre ele.

Patrícia se virou, confundindo-o com Emily, e abraçou sua cintura.

O contato suave fez seu sangue ferver, o calor se espalhando por seu corpo. Charles ficou rígido, tentando não se mover, o cheiro suave do cabelo dela fazendo cócegas em seu nariz, sua garganta seca.

Para se acalmar, Charles se forçou a ignorar o braço e a perna sobre ele.

Ele podia sentir a respiração de Patrícia, seu cabelo macio roçando em sua bochecha. Ele virou a cabeça e viu seu rosto adormecido, seu olhar caindo em seus lábios ligeiramente entreabertos.

De repente, uma memória vívida passou por sua mente.

Aquela noite, o toque da pele dela, a maneira como se entrelaçaram, os lábios dela em sua boca, os gemidos suaves debaixo dele.

O coração de Charles disparou, trazendo-o de volta à realidade, seu abdômen queimando de desejo.

Ele jogou o cobertor de lado e foi para o banheiro.

Deve ser o estresse ultimamente.

Na manhã seguinte, Patrícia foi acordada pelos choros de Emily.

"Papai... Mamãe..."

"Emily, o que houve?" Patrícia lutou para abrir os olhos, acalmando-a. "Mamãe está aqui."

"Papai... foi embora." Emily soluçava, de coração partido.

Patrícia então percebeu que Charles havia saído sem que ela percebesse. Ela sorriu para si mesma, pensando que ele deve ter ficado desconfortável compartilhando a cama com ela.

Ellie ouviu a comoção e rapidamente bateu na porta e entrou no quarto. "Sra. Anderson, está tudo bem?"

"Não é nada, Emily acordou e não viu o pai, então ficou chateada."

"Devo levar a Srta. White para tomar café da manhã?"

"Sim, por favor." Patrícia assentiu, e Ellie levou Emily.

Patrícia, agora totalmente acordada, verificou as horas.

Já era meio-dia; ela pensou que era de manhã cedo.

Talvez fosse o novo começo, mas ela não dormia tão bem há muito tempo.

Ela pegou seu telefone e viu inúmeras mensagens de voz longas de Nicole.

"Patrícia! Emily é filha do Charles? Você é incrível! Como você acabou com Charles Anderson do Grupo Anderson?"

"Onde você está? Por que não me contatou? Está na Mansão Anderson? Responda-me!"

"Patrícia! Onde diabos você está!"

Patrícia não ouviu todas, em vez disso, ligou diretamente para Nicole.

"Eu estava prestes a chamar a polícia! Você finalmente se lembrou de mim!" A voz alta de Nicole a despertou de vez.

"Estou te ligando agora, não estou?" Patrícia riu, sentindo-se aquecida ao ouvir a voz de sua amiga novamente.

"Você arrumou um homem e esqueceu de mim!" Nicole bufou. "Mas falando sério, você realmente foi para a Mansão Anderson? Aquela do magnata financeiro?"

"Sim."

"Meu Deus, não acredito que você estava com o Charles naquela noite," suspirou Nicole. "Mas é bom. Você estava lutando sozinha com a Emily. É ótimo que ela tenha um pai rico agora."

Patrícia esfregou a testa.

"Ah, quase esqueci a coisa principal. Eu te vi online!"

Nicole enviou alguns vídeos pelo WhatsApp, e Patrícia os abriu. Eles estavam discutindo seu vestido da noite anterior.

[Não é o novo design da Chanel?]

[A Chanel não tem renda. Será que é uma imitação?]

[Você está louco? Ela é a Sra. Anderson! A esposa do Charles não usaria uma imitação. Gente rica tem designs exclusivos!]

[Ela parece uma modelo, tão linda!]

[Se eu tivesse aquele corpo, ficaria bem em qualquer coisa!]

[O vestido é deslumbrante. Quem é o designer? Muito elegante!]

[Concordo!]

Patrícia ficou surpresa. Sua alteração improvisada havia dado certo.

Ela assistiu ao vídeo, admirando sua figura alta e o vestido que acentuava suas curvas.

Nicole ainda estava falando. "Aquele vestido foi obra sua, certo? Eu reconheci seu estilo. Por que você mudou?"

"O vestido foi adulterado. Vi tecido extra e decidi consertar," explicou Patrícia brevemente, sem querer preocupar sua amiga.

"Meu Deus, os romances não mentem. O mundo dos ricos é cheio de intrigas! Tenha cuidado, você está em um lugar perigoso agora. Como o Charles está te tratando?"

"Não se preocupe, sou esperta o suficiente para não me deixar sofrer," Patrícia sorriu, enrolando uma mecha de cabelo.

Ela fez uma pausa, pensando no rosto frio de Charles, seus olhos se apagando. "Nós... nos damos bem."

"Isso é bom," Nicole relaxou. "A propósito, vi um concurso de designers! Você fez uma mudança simples e chamou tanta atenção. Você deveria participar!"

Patrícia clicou no link, lendo as regras de inscrição e as datas.

No final, mencionava que os vencedores receberiam um prêmio substancial e se tornariam designers de topo.

Ela se lembrou que a empresa que estava organizando o concurso era o Grupo Church, onde ela recebeu sua primeira oferta de emprego em sua vida passada.

"Acho que você ganharia o primeiro lugar!"

Patrícia ficou tentada. "Vou tentar."

Nos dias seguintes, Patrícia se preparou para o concurso, até recusando brincar com Emily.

Emily fez beicinho, batendo em seu ursinho de pelúcia.

"Mamãe é má, papai é mau, os dois são maus, não brincam comigo!"

Patrícia estava sentada no sofá, mexendo em seu iPad. Ao ouvir Emily, percebeu que não via Charles há semanas.

Ela olhou para Ellie, desconfiada.

Ellie sorriu. "O Sr. Anderson não tem ficado muito em casa. Ele voltou há alguns dias para pegar algumas roupas."

"Entendi," respondeu Patrícia, sem se importar com Charles.

De repente, ela sentiu uma dor aguda no estômago. Seu rosto empalideceu, e ela disse a Ellie, "Ellie, não estou me sentindo bem. Por favor, cuide da Emily. Não me chame para as refeições; vou pedir comida mais tarde."

"Claro, sem problema."

Patrícia se voltou para Emily. "Emily, seja boazinha. Mamãe precisa descansar. Vou trabalhar duro para ganhar dinheiro e comprar guloseimas gostosas para você, tá bom?"

"Quero um ursão de pelúcia." Emily balançou seu ursinho. "Um bem grande."

"Tá bom, vou comprar os ursos de pelúcia mais fofos para nossa Emily."

Patrícia beijou Emily e subiu as escadas com seu iPad.

Missy chegou com Thea, vendo Ellie e Emily na sala. Emily estava no chão, rabiscando com giz de cera.

Missy franziu a testa, olhando para Emily. "Onde está aquela mulher?"

"No andar de cima."

"Diga a ela para descer e me ver."

Ellie hesitou. "A Sra. Patrícia Anderson disse para não perturbá-la."

Thea Ellis, segurando seu filho, viu uma oportunidade. "Mãe, a Patrícia está se achando, nem desce para te ver."

Thea tinha ouvido dizer que Charles não gostava de Patrícia. Estava entediada em casa e não queria perder o drama com a recém-chegada.

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