Capítulo 1

Jacqueline Cruz suspirou pela enésima vez enquanto se olhava no espelho. A culpa apertava seu coração, mas não havia nada que ela pudesse fazer. O que ela poderia fazer?

Ela já tinha feito isso inúmeras vezes, mas a culpa permanecia; ela não conseguia se livrar dela.

Ela sabia que ser stripper não era motivo de orgulho, mas vivia em um mundo cruel onde ninguém se importava com ninguém. A única linguagem que todos entendiam era o dinheiro, e ela aprendeu a aceitar esse fato desde os 12 anos.

Seus pais morreram em um acidente de carro e sua tia e primos a expulsaram, junto com sua irmãzinha, da casa da família. Ela estava sobrevivendo sozinha desde então. Ela não se importava com o que o mundo pensava dela; alguns poderiam chamá-la de imunda, mas ela não ligava.

Seu telefone começou a tocar e ela verificou o identificador de chamadas: "Chain" estava exibido.

Jacqueline limpou a garganta antes de atender a ligação.

"Temos um convidado muito importante esta noite. Não estrague tudo, ou você está morta. Ele é nosso cliente mais rico até agora, e é por isso que estamos dando a ele o melhor. Não me faça me arrepender de não ter dado o trabalho para a Ashley", veio a voz rouca do outro lado, e ele desligou imediatamente.

Jacqueline bufou e teve que se segurar para não quebrar o telefone. Ashley Stone era sua rival número um, e elas estavam sempre em pé de guerra.

Ela era a melhor stripper do clube Dynasty e Ashley vinha em segundo lugar. Elas ofereciam serviços exclusivos para homens da alta sociedade. As melhores strippers eram enviadas para agradar esses homens e eram bem pagas. Jacqueline era uma dessas strippers.

A melhor parte era que ela sempre usava sua máscara, então ninguém podia identificá-la.

Ela tirou uma lata branca de sua bolsa, que continha pílulas para dormir. Ela nunca tinha feito sexo com nenhum desses homens. Ela colocava a pílula nas bebidas deles e eles dormiam até o amanhecer. Ela era, na verdade, uma virgem pura. O chefe não sabia disso; apenas sua melhor amiga, Ariel, estava ciente.

Ela colocou o pequeno frasco no bolso e colocou sua máscara, era hora de ir.

Ela vestiu um top branco que expunha seu decote e um short jeans preto. Seu corpo esbelto era de tirar o fôlego, e ela era lindamente dotada. Seu longo cabelo preto de seda estava preso em um rabo de cavalo, alcançando sua cintura.

Ela mal podia esperar para terminar o trabalho da noite e voltar para sua irmã doente, Jennie. Ela tinha leucemia, e era por ela que Jacqueline trabalhava tanto, para cobrir as contas do hospital. Jacqueline estava disposta a vender sua alma, tudo por causa de sua irmãzinha.

"Jayz!" um jovem gritou, esse era o nome de Jacqueline no clube; ninguém sabia seu nome verdadeiro.

Jacqueline revirou os olhos e parou de andar.

"Você vai para outro trabalho esta noite?" Simon perguntou.

Que pergunta estúpida, Jacqueline bufou e não se deu ao trabalho de responder antes de sair andando. Ela sabia que Simon tinha uma queda por ela; ele sempre ficava triste sempre que ela saía para trabalhos como esses. Jacqueline desejava que ele a deixasse em paz; ela desejava que todos a deixassem em paz.

Ela chegou ao quarto onde deveria encontrar o homem que iria atender, e Jacqueline quase vomitou só de pensar nisso. A maioria dos homens era velha o suficiente para ser seu avô, ela tinha sorte de ser esperta o suficiente para usar drogas para dormir.

O quarto grandioso e luxuoso estava surpreendentemente vazio. Onde ele estava? Será que ele... morreu ou algo assim? Bem, isso seria um alívio porque a pouparia do estresse.

A maneira como os homens a olhavam sempre fazia sua pele arrepiar; todos eram sem vergonha. Ela tinha certeza de que esse seria moleza. Sentou-se na cama, cruzou as pernas e exalou pura confiança. Os homens eram como brinquedos para ela; sempre vinham rastejando até ela, facilitando seu trabalho.

A porta do banheiro se abriu abruptamente, e os olhos de Jacqueline quase saltaram quando a figura emergiu. Ele estava sem camisa, revelando seu corpo bem definido, adornado com várias tatuagens. Uma toalha branca pendia frouxamente em sua cintura, e ele era extremamente alto. Tinha olhos dourados, um maxilar afiado, e seu cabelo preto como tinta caía sobre a têmpora.

Jacqueline concluiu que sua aparência envergonharia qualquer deus e, pela primeira vez, ela estava admirando alguém. Quem exatamente era esse cara? Ela já tinha visto muitos homens, mas nenhum a impressionou ou chamou sua atenção como esse. Por que ele era diferente?

Ele passou por ela como se ela fosse apenas um dos móveis do quarto, deixando Jacqueline atônita. Nenhum homem jamais a ignorou antes, que diabos?

Ele caminhou até a janela, pegou um cigarro de maconha de uma das mesas, acendeu e começou a fumar.

Jacqueline estava completamente vermelha de vergonha. Pela primeira vez, ela entendeu como as pessoas feias devem se sentir. Nunca tinha sido ignorada por nenhum homem antes. Eles imploravam por sua atenção. Mesmo a máscara que usava não conseguia esconder sua beleza; seu corpo era de tirar o fôlego e, ainda assim, esse cara... droga.

Jacqueline não conseguia lidar com o fato de que ele claramente a estava ignorando. Decidiu ir embora e enfrentar qualquer punição que seu chefe lhe desse. Se ele não estava impressionado com sua beleza, ele a deixaria tocá-lo? Ela tinha que seduzi-lo de alguma forma para dar-lhe a pílula, mas isso funcionaria? Jacqueline achou melhor desistir agora antes de se meter em uma situação problemática.

Jacqueline se levantou da cama e estava prestes a sair quando finalmente ouviu ele falar com uma voz suave e grave que faria a cabeça de qualquer garota girar - exceto a dela.

"Você já está indo embora?" Ele perguntou em um tom entediado.

Arrogância, poder, elegância, tudo isso exalava dele, e sua pergunta quase deixou Jacqueline sem palavras. Ela estava ali para atendê-lo, e iria embora sem fazer seu trabalho. Seu chefe poderia se livrar dela; ele não pensava duas vezes antes de matar infratores - afinal, ele era um chefe da máfia.

Jacqueline balançou a cabeça, essa era a parte onde todo cara começava a implorar pelo seu toque. Ele estava apenas fazendo jogo duro, afinal. Jacqueline quase riu, mas se conteve, embora um sorriso se formasse em seus lábios. Seu sorriso desapareceu completamente com as próximas palavras dele.

"Deite na porra da cama e se despeça" ele disse em um tom autoritário, e o sangue de Jacqueline gelou. Ele acabou de... comandá-la???

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