Nathan e Landlady

Capítulo 2

Os olhos de Nathan se abriram de repente quando o portão de ferro bateu ruidosamente.

"Quem está aí?" Ele chamou sonolento.

Ele olhou ao redor, os raios de sol entravam pelas suas velhas cortinas manchadas. Sentiu algo leve em seu peito e se arrastou um pouco para cima, fazendo o objeto leve cair no chão. Era o livro que ele estava lendo na noite anterior, até adormecer.

O portão de ferro bateu ruidosamente novamente, trazendo a atenção de Nathan de volta para ele.

"Quem está aí?!" Ele disse, um pouco mais alto desta vez.

"Venha tirar esse lixo do meu gramado!" Uma voz rouca gritou do lado de fora da porta.

Era a senhoria.

Nathan rapidamente se levantou e se arrastou em direção à porta. Dona Einstein, sua senhoria, já o havia avisado várias vezes para não deixar sua bicicleta no gramado dela.

Ele abriu a porta para encontrar o rosto carrancudo dela olhando para ele.

"Eu já te avisei para não deixar esse lixo no meu gramado!" Ela gritou, fervendo de raiva.

"Você tem sorte que a empresa de reboque não atendeu minha ligação!" Ela continuou, olhando para ele com desgosto enquanto falava.

"Eu teria chamado eles para levar esse lixo do meu gramado." Ela continuou.

"Ou talvez eu devesse ter chamado o lixeiro para levar esse lixo embora."

Nathan forçou um sorriso, mesmo que fosse um sorriso muito cansado.

"Eu sinto muito, senhora, eu esqueci de novo." Ele passou a mão na cabeça enquanto corria para o gramado para mover sua bicicleta.

Alto, magro, com olhos verdes penetrantes e uma cabeleira escura, seu nome era Nathan Cooper. Ele era o tipo de jovem que parecia perdido em um mundo criado por ele mesmo, um enigma para aqueles que cruzavam seu caminho. Nathan era um solitário, conhecido por muitos como o cara quieto que estava sempre sozinho.

Mas, sob a superfície de seu exterior reservado, havia uma vida marcada por turbulência e resiliência. Nathan estava por conta própria desde a infância, uma decisão que moldou o curso de sua vida. Ele havia fugido de casa aos dez anos, escapando de uma família destruída por um segredo devastador.

Naquela tenra idade, ele havia descoberto uma verdade que o assombraria por anos – sua mãe, envolvida com o rival de negócios de seu pai em um caso clandestino. A revelação havia destruído sua família, levando a um divórcio amargo. O pai de Nathan, quebrado pela traição, sucumbiu a uma depressão severa e, por fim, tirou a própria vida.

Na batalha legal que se seguiu, a mãe de Nathan saiu vitoriosa, reivindicando quase todas as propriedades de seu pai e o negócio da família. Ela tentou trazer Nathan para sua nova vida com o homem que havia sido seu amante secreto, o rival de negócios de seu pai. Mas Nathan tinha outros planos.

Traumatizado pelos eventos que destruíram sua família e pelo ódio ardente que sentia por sua mãe, Nathan tomou uma decisão sombria naquele dia – fugir de casa e nunca mais olhar para trás. Ele encontrou consolo no anonimato das ruas, onde aprendeu a se virar sozinho e a navegar em um mundo vastamente diferente do que conhecia.

O amor havia arruinado a vida de seu pai, Nathan jurou nunca ter nada a ver com o amor.

Por anos, ele sofreu em silêncio, as cicatrizes emocionais de seu passado sendo um fardo pesado em seus ombros jovens. Ele se tornou um sobrevivente autossuficiente, desconfiado do mundo ao seu redor.

Em meio às lutas da vida, Nathan se viu dividindo um apartamento apertado com uma senhoria que parecia saída de um romance de Dickens. Dona Einstein, como era conhecida, era uma figura imponente com uma coleção de gatos que superava o número de inquilinos. Ela tinha uma tendência a se intrometer nos assuntos de seus inquilinos, bisbilhotando suas vidas e impondo regras arbitrárias em seu prédio decadente.

Nathan estava cansado da maldade de Dona Einstein, o atrito constante entre eles servindo como um doloroso lembrete do trauma que ele havia suportado. Suas exigências irracionais e comportamento intrusivo desgastaram sua paciência, deixando-o ansiando por uma fuga desse ambiente sufocante.

E agora, a carta de aceitação de uma universidade da Ivy League havia chegado, oferecendo a Nathan um vislumbre de esperança e uma chance de recomeço. Ele não pôde deixar de sentir um alívio e uma antecipação. A faculdade era seu bilhete para sair dessa existência sufocante, uma chance de deixar para trás as sombras do seu passado e a presença opressiva de sua senhoria.

Ao olhar para a carta de aceitação, Nathan sentiu uma onda de excitação. A perspectiva de pisar no campus universitário não era apenas sobre perseguir seus sonhos; era uma tábua de salvação, uma maneira de se distanciar das memórias dolorosas e da maldade de seu ambiente atual.

A contagem regressiva para sua partida havia começado.

Nathan rapidamente enviou uma mensagem de texto para seu chefe para informá-lo sobre sua bolsa de estudos, ele não precisaria mais trabalhar, queria focar mais na escola.

Sua avó, mãe de seu pai, sempre lhe enviava dinheiro desde que ele fugiu de casa, ele era a única família que ela tinha e ele sabia que a lembrava de seu filho, seu pai.

Ela vinha enviando dinheiro para ele há muito tempo e ele havia economizado tudo para um dia chuvoso.

A memória do corpo sem vida de seu pai pendurado no teto era algo que sempre se repetia na cabeça de Nathan, não importava a quantidade de livros que ele lesse para tentar apagar essa imagem, ela sempre estava lá.

Nathan queria vingança pelo seu pai.

Ele não acreditava mais em karma, quando era criança, ainda acreditava muito em karma, mas depois de ver sua mãe e o homem com quem ela traiu seu pai ficarem mais ricos e a empresa deles se tornar ainda mais proeminente, Nathan desistiu do karma.

Ele tinha que ser o karma deles.

Ele olhou para sua carta de aceitação da Ivy League e sorriu para si mesmo novamente, enquanto se deitava em seu colchão duro e gasto.

Nathan passou noites inquietas imaginando a vida que o aguardava além dos limites de seu apartamento apertado. Ele se imaginava caminhando pelo vasto campus, cercado pela grandiosidade da academia. A ideia de assistir a palestras, engajar-se em debates intelectuais e explorar novos horizontes o enchia de uma sensação de libertação incomparável.

Nathan sabia que a faculdade representava mais do que apenas educação; era sua fuga, seu santuário, e sua chance de curar as cicatrizes do passado. A jornada à frente estava cheia de incertezas, mas ele a enfrentava com determinação, ansioso para deixar para trás o tormento de sua vida atual e abraçar a promessa de um futuro mais brilhante.

À medida que os dias passavam, Nathan começou a fazer preparativos para sua partida. Ele separou seus poucos pertences, embalando o essencial para sua nova vida. Dona Einstein observava com uma mistura de curiosidade e desaprovação, como se não conseguisse entender por que alguém gostaria de deixar seu domínio opressivo.

A tensão entre Nathan e sua senhoria aumentou, com Dona Einstein fazendo comentários sarcásticos sobre sua partida iminente. Ela parecia determinada a tornar seus últimos dias em seu prédio o mais desagradáveis possível. Mas Nathan se recusava a ser desencorajado. Ele havia suportado coisas muito piores em sua jovem vida, e não iria deixar a crueldade de sua senhoria diminuir sua antecipação pelo futuro.

Finalmente, o dia da partida chegou. Nathan estava do lado de fora do prédio do apartamento, com uma única mala na mão, pronto para embarcar no próximo capítulo de sua vida. Ele não pôde deixar de sentir um senso de triunfo ao trancar a porta de sua antiga vida atrás de si. O peso de seu passado estava se levantando, e a promessa de um futuro mais brilhante o chamava.

Nathan Cooper, o solitário que uma vez fugiu de um lar destruído, agora estava dando seus primeiros passos em direção a um novo começo.

O caminho à frente seria, sem dúvida, desafiador, mas Nathan o enfrentava com uma determinação inabalável, ansioso para deixar para trás o tormento de seu passado e abraçar as possibilidades ilimitadas do amanhã.

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