Nathan

Capítulo 6:

A cela estava escura e abafada, os únicos feixes de luz vinham dos cacos da janela quebrada.

Nathan se ajustou desconfortavelmente, sentado nos limites austeros da delegacia, seu coração pesado de preocupação por Joan.

A notícia de sua hospitalização, que ele havia ouvido mais cedo, o abalou. Ele se perguntava se ela estava bem, sua mente estava cheia de preocupação pela garota misteriosa que havia defendido ele. Sua mente era um turbilhão de perguntas e medo, e as frias e escuras paredes estéreis da cela não ofereciam consolo algum.

Ele olhou para cima quando um policial passou por sua cela.

"Policial! Senhor!" Ele chamou.

O homem se virou, era bastante rechonchudo, estava barbeado, mas sua mandíbula ainda tinha um crescimento de pelos ralos.

"Sim? O que você quer?" O homem respondeu rudemente.

"A outra garota que deveria ser presa comigo, como ela está?" Nathan perguntou, seu rosto marcado por uma preocupação genuína.

"Joan?" O homem respondeu, sua voz soando como se estivesse desesperado para sair dali.

"Sim!" Nathan assentiu, bastante feliz pelo fato de o homem entender do que ele estava falando.

"Não temos nenhuma informação ainda," o homem disse rudemente, ele olhou para Nathan com desconfiança e continuou, "Você realmente a conhece? Ela é Joan Martinez, a única filha da família Martinez. Uma das famílias mais ricas da Colômbia, confie em mim, ela ficará bem, você deveria estar mais preocupado consigo mesmo."

Ele se virou para ir embora, então parou e voltou a encarar Nathan.

"Não se preocupe, se eu tiver alguma informação, eu te atualizo." Ele balançou a cabeça e se afastou enquanto Nathan sorria satisfeito.

Os momentos se estenderam em uma eternidade enquanto ele esperava por qualquer notícia sobre a condição de Joan. A delegacia fervilhava de atividade ao seu redor, policiais envolvidos em conversas que ele não conseguia entender. Os pensamentos de Nathan estavam completamente consumidos pela memória daquela garota corajosa que havia entrado em sua vida como um anjo da guarda.

Seus pensamentos foram abruptamente interrompidos quando a porta da cela se abriu, e o inspetor de polícia entrou. Nathan olhou para cima, seus olhos cheios de uma mistura de ansiedade e curiosidade. A expressão do inspetor era uma máscara de profissionalismo, mas havia um senso subjacente de algo incomum.

"Nathan Cooper," o inspetor começou, "Recebemos uma ligação, uma inesperada. É da esposa do prefeito, Sra. Reddington. Ela solicitou sua liberação, e está esperando lá fora para te encontrar."

As palavras pairaram no ar, e a mente de Nathan correu para compreender a situação. A esposa do prefeito queria vê-lo? Por quê? O que ela poderia querer de um jovem que se encontrava no meio de uma turbulência? Talvez a polícia tivesse encontrado provas contra Marcus e viessem suborná-lo.

A curiosidade de Nathan foi despertada, mas sua apreensão permaneceu. Ele assentiu lentamente, reconhecendo as palavras do inspetor. "Tudo bem, vou vê-la."

"Ela está na sala de visitas." O inspetor respondeu, enquanto olhava Nathan de cima a baixo.

"Não sei por que ela quer ver um garoto como você." Ele limpou a garganta grosseiramente e se afastou.

Com passos medidos, Nathan seguiu o inspetor para fora da cela e para uma parte mais acolhedora da delegacia. A atmosfera havia mudado, e ele sentiu um senso de inquietação enquanto se aproximava da sala de visitas.

Lá dentro, a sala era simples, mas funcional, mobiliada com uma mesa e cadeiras. Mas o que chamou a atenção de Nathan foi a mulher sentada em uma dessas cadeiras—uma mulher que ele não via há anos. Seu coração apertou, e uma tempestade de emoções revolveu dentro dele.

Era sua mãe.

Memórias inundaram sua mente—o dia em que ela os deixou, ele e seu pai, os anos de silêncio e saudade, a raiva e o ressentimento que ele carregava no coração. E agora, ela estava sentada ali, uma visitante em um lugar que ele nunca imaginou que ela estaria.

A mãe de Nathan, Emma, olhou para cima quando ele entrou na sala. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, e seu rosto carregava o peso do tempo e do arrependimento. Ela tentou sorrir, mas falhou, incapaz de mascarar a tristeza que pairava sob a superfície.

"Nathan," ela sussurrou seu nome, sua voz tremendo com uma mistura de esperança e medo.

O olhar de Nathan permaneceu fixo nela, suas emoções um mar turbulento. Os anos de silêncio haviam cobrado seu preço, e ele não era mais o garoto que um dia ansiou pelo fim de seu pesadelo e pelo retorno de sua família ao que era antes.

"O que você quer?", ele finalmente falou, sua voz fria e distante.

Os olhos de Emma se encheram de lágrimas, e ela estendeu a mão para ele, sua mão tremendo. "Nathan, eu sinto muito."

O pedido de desculpas de sua mãe pairou no ar, pesado com o peso de anos de separação, raiva e ódio que ele havia desenvolvido por ela. Mas Nathan não conseguia encontrar em si mesmo a capacidade de perdoar ou esquecer. As feridas do passado eram profundas, e ele havia construído muros ao redor de seu coração para se proteger.

Esposa do prefeito? Ele pensou consigo mesmo, então o homem por quem ela deixou seu pai e destruiu sua família era o prefeito Reddington? O homem para quem ela entregou todas as empresas e propriedades de seu pai era o prefeito Reddington? Então ela era a madrasta de Marcus.

O ódio que ele sentia por ela aumentava a cada minuto.

"Você—você deixou o papai por ele?" Nathan gaguejou, sua voz tremendo de dor.

"Nathan, você não—"

"Você deixou o papai pelo prefeito? Você destruiu a família por ele?" Nathan já estava perdendo a compostura enquanto lágrimas quentes corriam por suas bochechas.

"Nathan, você não entende." Sua mãe crocitou.

"Responda-me!" Nathan gritou.

"Você fez tudo isso por causa do prefeito?!" Nathan gritou novamente, tremendo violentamente.

"Sim." Sua mãe murmurou.

Essa resposta foi como uma faca no peito de Nathan, ele segurou o peito de dor enquanto cambaleava para trás, lágrimas quentes rolando por suas bochechas.

"Por que você deu tudo o que o papai possuía para ele?" Nathan crocitou silenciosamente, mal conseguindo se ouvir.

"Nathan, eu—"

"Você não entende? Eu te odeio," ele proferiu, as palavras amargas e finais.

O rosto de Emma se contorceu de dor, e ela retirou a mão estendida. Ela lutou para encontrar as palavras certas, para preencher o abismo que havia crescido entre eles.

"Nathan, por favor," ela implorou, sua voz quebrando.

Mas Nathan já havia se virado, seu coração fortificado como uma fortaleza que não podia ser invadida. Ele pegou sua bolsa e saiu, deixando sua mãe ali, suas lágrimas caindo como chuva.

Enquanto ele saía da delegacia e entrava na cidade além, Nathan carregava consigo o peso de suas experiências. A hospitalização de Joan e os eventos turbulentos que haviam se desenrolado deixaram uma marca indelével nele, moldando o curso de seu futuro.

A cidade estava banhada nos tons dourados do entardecer, um símbolo de esperança e renovação. Enquanto ele navegava pelas ruas movimentadas, Nathan sentia um ódio renovado por sua mãe e tudo o que estava se acumulando dentro dele.

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