Capítulo 5: Varrido
Ryan emergiu da Ferrari destruída, o vidro estilhaçado rangendo sob seus sapatos de couro italiano. Com uma expressão de dor, ele se apoiou na moldura da porta amassada e espiou cautelosamente pela borda. Na luz fraca do celular, ele conseguiu distinguir a face íngreme do penhasco rochoso desaparecendo na escuridão abaixo.
"Até onde isso vai?" murmurou. Avançando lentamente, Ryan varreu o feixe de luz do celular pela descida precária.
Pedrinhas soltas deslizavam para o vazio a cada movimento sutil. Agarrando raízes de árvores salientes, ele se abaixou cautelosamente pela borda. Os apoios frágeis gemiam sob seu peso. Rochas afiadas cortavam suas palmas, mas ele continuava sua subida dolorosa. De repente, a raiz que ele segurava se soltou da terra desmoronada. O sapato polido de Ryan procurava apoio nas pedras instáveis.
O vasto abismo abaixo o puxava, prometendo o esquecimento. Ele pressionou o rosto contra a rocha fria e implacável. Sua respiração ofegante ecoava, como nas paredes de um poço profundo. Com uma oração desesperada, Ryan deslizou o pé ao longo do penhasco, buscando um apoio firme. Se perdesse seu frágil controle, o abismo faminto o aguardava.
Felizmente, a roda traseira da Ferrari havia ficado presa em uma raiz grossa, deixando o carro perigosamente suspenso em vez de despencar totalmente no desfiladeiro.
"Este é o fim para mim", pensou Ryan, com o coração disparado enquanto se agarrava à raiz retorcida.
Lentamente, dolorosamente, ele continuou escalando a lateral do penhasco. Cada pequeno apoio parecia traiçoeiro enquanto ele se erguia pela face rochosa. Seus músculos ardiam de esforço.
Pausando para recuperar o fôlego, Ryan inclinou a cabeça para trás, ansiando pelo céu. "Quase lá... só mais um pouco", incentivou-se entre suspiros.
A subida era agonizante. Bordas afiadas cortavam suas palmas enquanto ele puxava seu peso apenas com a força dos braços. Ele fechou os olhos, focando apenas no próximo apoio, no próximo ponto de apoio que o aproximava da salvação. Ryan tentou se libertar e se soltar, mas ao se mover, o carro se deslocou na rocha precária. Com um rangido de metal de partir o coração, a carcaça começou a rolar pelo desfiladeiro.
Ele foi lançado para longe, seu braço se prendeu em um galho de árvore retorcido, folhas batendo em seu rosto. Ele ficou pendurado, impotente, enquanto o carro destruído caía descontroladamente no abismo.
Agarrou-se ao galho, Ryan lutou para se puxar para cima. Mas com um estalo agudo, ele se partiu em suas mãos. Agora solto, ele começou a deslizar pelo tronco íngreme. O estômago de Ryan revirou enquanto ele caía no ar. Era isso - o fim. Fechando os olhos, ele se entregou ao abraço implacável da gravidade.
"Agora é com você, Senhor..." sussurrou enquanto o vento rugia ao seu redor.
Pensou em seus sonhos não realizados, arrependimentos, tudo o que poderia ter sido. Enquanto o chão rochoso se aproximava rapidamente, Ryan sentiu apenas uma profunda tristeza por ter que terminar assim. Um estrondo tremendo ecoou quando o corpo inerte de Ryan atingiu o rio turbulento. Ele foi levado pelas correntes implacáveis, jogado impotente nas águas negras e revoltas.
Lutando para manter a cabeça acima das corredeiras, Ryan debatia-se desesperadamente em busca de algo para se agarrar. Mas havia apenas a escuridão torrencial. Ele lutava contra as correntes poderosas que o arrastavam inexoravelmente rio abaixo. Rochas afiadas batiam em suas pernas enquanto ele era lançado por canais estreitos. A água gelada drenava suas forças já minguantes. Ainda assim, Ryan se debatia, movido pelo puro instinto de sobrevivência e adrenalina.
Mas o rio não mostrava misericórdia. Ele era puxado para baixo repetidamente, a pressão esmagadora ameaçando espremer os últimos vestígios de ar de seus pulmões ardentes. Tudo o que Ryan conseguia fazer era ofegar por breves e fugazes respirações sempre que seu rosto emergia da superfície. As correntes implacáveis o carregavam mais fundo em seu domínio gélido. À distância, Ryan ouviu o crescente rugido de uma enorme cascata. O rio acelerava, impulsionando-o impotente em direção ao estrondo ensurdecedor.
Com um horror crescente, ele percebeu o que estava à frente. As cataratas. O grito de desespero de Ryan se perdeu nas correntes furiosas enquanto ele era forçado cada vez mais perto do precipício a cada segundo que passava.
Agora, certamente, era o fim. Nem mesmo sua teimosa vontade de viver poderia salvá-lo do abismo que o aguardava abaixo. Quando a borda das imensas cataratas apareceu através da névoa, Ryan fechou os olhos, entregando-se ao abraço fatal do vazio.
No último momento após as quedas implacáveis, uma corrente errante puxou Ryan em direção à margem do rio. Ele foi lançado na margem lamacenta, sua cabeça roçando contra uma rocha. Ryan gemeu, tossindo água. Lentamente, agonizantemente, ele começou a rastejar para longe das correntes ameaçadoras. Suas palmas dilaceradas afundavam na terra úmida enquanto ele arrastava seu corpo exausto centímetro por centímetro. Finalmente, colapsando de exaustão em um terreno mais alto, Ryan ficou deitado, ofegando de forma irregular. Sua visão oscilava entre o foco e o desfoque. Vozes estranhas pareciam ecoar de longe, embora ninguém estivesse ali.
Cada respiração rasa era uma luta agora. As roupas encharcadas grudavam pesadamente em seu corpo. Ele tentou se virar de costas, mas até mesmo esse pequeno movimento drenou o pouco de força que restava. Com a bochecha pressionada contra o solo frio, os olhos de Ryan tremulavam, pesados demais para manter abertos. Um cansaço profundo se infiltrava em seus ossos. Talvez, se ele apenas descansasse aqui por um momento, isso passaria...
À medida que seu frágil controle sobre a consciência diminuía, Ryan se entregou à escuridão que o chamava. A terra dura sob ele desapareceu. Seu corpo devastado ficou mole, afundando nas profundezas do esquecimento. Com um suspiro quase inaudível, os olhos de Ryan finalmente se fecharam.
Lilia acordou com um sobressalto, coração disparado e lençóis emaranhados ao redor das pernas. Ela levou a mão à garganta, ofegando por ar. O pesadelo parecia tão vívido - um homem sendo arrastado implacavelmente por um rio turbulento, gritando desesperadamente. Pressionando uma mão contra o peito, Lilia tentou acalmar sua respiração frenética. A luz da lua filtrava-se pelas cortinas, lançando um brilho prateado em seu quarto escuro. À medida que seu pulso se estabilizava, ela balançou a cabeça, tentando afastar as imagens perturbadoras de sua mente.
"Foi apenas um pesadelo," murmurou para si mesma. "Controle-se, Lilia."
Ela pensou no rio turbulento e no homem se debatendo em seu sonho. Parecia tão vívido, tão real. Mas sonhos eram apenas neurônios disparando aleatoriamente no cérebro - nada mais. Foi apenas um sonho, disse a si mesma. Ainda assim, uma sensação persistente de inquietação permeava seus pensamentos. Lilia olhou para o relógio - 3 da manhã. Com um suspiro, ela se recostou no travesseiro, na esperança de recuperar o sono.

















































































































































































