CAPÍTULO 4

POV DE LILY

O táxi deslizava pelas ruas iluminadas da cidade enquanto eu me perdia em meus pensamentos. Como eu, Lily Thompson, acabei nos braços de Samuel, o vocalista da minha banda favorita?

Era um daqueles momentos que pareciam sair direto de um sonho, uma fantasia que eu nunca pensei que se tornaria realidade. A emoção da música, a energia do palco, as risadas compartilhadas durante a festa pós-show, cada fragmento misturado com a surpresa de acordar ao lado de Samuel.

Um sorriso involuntário se formou em meus lábios, mas logo deu lugar a uma expressão perplexa. Como isso aconteceu? Meus pensamentos foram interrompidos pelo telefone, e eu xinguei ao ver "pai" piscando na tela. Atendi, tentando disfarçar a surpresa na minha voz.

"Oi, pai."

"Precisamos conversar. Venha para casa imediatamente," a voz do meu pai veio do outro lado da linha.

Um arrepio percorreu minha espinha. Doug Thompson, o pai que me criou sozinho, não era de demonstrar raiva, mas seu tom transmitia uma seriedade que me preocupou. Respondi, tentando manter a calma.

"Estou a caminho, pai."

Desliguei o telefone, sentindo um nó se formar no meu estômago. A realidade da situação me atingiu com força. Meu pai sabia que eu não tinha passado a noite em casa, e agora eu teria que enfrentar as consequências. Meu pai sempre foi compreensivo, mas eu sabia que dormir fora sem avisá-lo era algo que ele não toleraria.

O táxi parou em frente à minha casa, e eu paguei o motorista apressadamente. Enquanto subia as escadas até a porta, minha mente trabalhava em busca de uma explicação plausível. Eu não podia contar a verdade sobre a noite com Samuel—isso seria um desastre. Eu precisava de algo mais convencional, algo que meu pai acreditasse.

Ao abrir a porta, Doug estava lá, com uma expressão séria e inquisitiva. Ele esperava uma explicação, e eu sabia que precisava dar uma resposta convincente.

"Pai, o que aconteceu?" perguntei, tentando parecer preocupada.

Ele suspirou como se contivesse alguma frustração. "Samantha chegou, e eu queria que você estivesse em casa para conhecê-la."

Meus olhos se arregalaram de surpresa. Samantha, a namorada do meu pai, estava em casa naquele momento, e era por causa do almoço que meu pai me contou na noite anterior. Ainda processando a revelação, tentei manter a calma.

"Desculpa, pai. Eu esqueci que ela vinha. Eu estava na casa da Emily, estudando para a... prova de literatura."

Ele me encarou, avaliando minha reação. Decidi adicionar um toque de drama para tornar minha desculpa mais convincente.

"Mas aí eu recebi sua ligação e fiquei muito preocupada... Então peguei um táxi imediatamente."

Meu pai franziu a testa, desconfiado. "Você parece um pouco desarrumada para alguém que saiu daqui e foi estudar com uma amiga."

Minhas mãos automaticamente alisaram minhas roupas, buscando uma aparência mais composta. "Eu saí daqui com pressa hoje porque dormi demais e perdi a hora combinada com a Emily, e não queria que ela se preocupasse e tal."

Doug suspirou novamente, parecendo menos irritado. "Você deveria ter me avisado, Lily. Samantha ficou chateada por chegar aqui e não te encontrar."

Baixei a cabeça, fingindo remorso. "Eu sei, pai. Sinto muito. Eu não queria que isso acontecesse."

Ele pareceu ponderar minhas palavras por um momento antes de suspirar mais uma vez. "Tudo bem, vamos tentar deixar isso para trás. Agora, vá se arrumar e vá cumprimentar a Samantha. Ela está na sala."

Assenti, agradecendo mentalmente por ter evitado a situação complicada. Subi as escadas, aliviada por ter desviado do verdadeiro motivo da minha ausência na noite anterior.

No meu quarto, desabei na cama, revivendo a noite com Samuel na minha mente. Era um segredo que eu manteria trancado a sete chaves, pelo menos por enquanto. As complicações da minha vida pessoal estavam longe de acabar, mas por enquanto, eu precisava me concentrar em manter a fachada e enfrentar a nova presença de Samantha na minha vida.


Vesti rapidamente uma blusa amarela e um short, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e desci as escadas apressada. Meu coração batia forte, e eu me perguntava como seria conhecer Samantha, a namorada do meu pai. Ainda processando a informação de que meu pai estava em um relacionamento sério, tentei manter a mente aberta enquanto caminhava para a sala.

Lá dentro, fui recebida por uma cena animada. Meu pai, Doug, conversava alegremente com uma mulher elegante, de cabelos loiros e um vestido preto que acentuava sua beleza. Era Samantha Valdez, a nova presença em nossas vidas. Com uma expressão serena, ela sorriu ao notar minha entrada.

"Querida, esta é minha filha, Lily Thompson." Meu pai se virou para mim, me apresentando com entusiasmo. "Lily, esta é Samantha Valdez."

Aproximei-me, tentando esconder minha ansiedade, e estendi a mão.

"Prazer em conhecê-la, Sra. Valdez."

Ela aceitou meu gesto graciosamente, apertando minha mão suavemente.

"O prazer é todo meu, Lily. Ouvi tantas coisas boas sobre você. E, por favor, não me chame de Sra. Valdez, me chame de Samantha."

Senti-me aliviada com sua recepção calorosa. Doug interveio, sugerindo que fôssemos para a sala de jantar, mas Samantha hesitou, acrescentando um detalhe intrigante.

"Tudo bem, mas acho que devemos esperar um pouco mais para o almoço. Convidei meu filho para se juntar a nós."

Doug assentiu, concordando com a proposta de Samantha.

"Como você quiser, Samantha. Vamos esperar."

Meu estômago se apertou com a ideia de outra apresentação, desta vez ao filho de Samantha. No entanto, eu sabia que não tinha escolha a não ser enfrentar o desconforto.

Nos acomodamos na sala de jantar, a atmosfera carregada de uma tensão silenciosa. As cadeiras estavam ocupadas, a espera pelo filho de Samantha prolongando a já ansiosa atmosfera. Engajei-me em uma conversa superficial com meu pai e ela, tentando ignorar o nó na minha garganta.

"Como vocês se conheceram?" perguntei, olhando de um para o outro.

Samantha sorriu, compartilhando um olhar amoroso com meu pai antes de responder.

"Nos conhecemos há muitos anos, mas a vida nos separou. No entanto, o destino nos reuniu novamente recentemente."

O olhar conspiratório entre eles indicava que havia mais na história, mas escolhi não me aprofundar. Em vez disso, mudei o foco para a próxima pergunta que me ocorreu.

"E seu filho, Samantha? Ele já conheceu meu pai?"

Um traço de nervosismo passou pelo rosto dela antes de responder.

"Ainda não, Lily. Ele vai conhecer seu pai hoje. Não tem sido fácil para ele lidar com a perda do pai."

A revelação sobre a recente morte do marido de Samantha me pegou de surpresa.

"Há quanto tempo ele faleceu?" perguntei, surpresa evidente no meu rosto.

Samantha respondeu com honestidade. "Seis meses."

Meus olhos se arregalaram com o breve período desde a perda. Instintivamente, deixei escapar um comentário descuidado.

"Só isso? Parece tão pouco tempo."

A reação imediata do meu pai foi um olhar repreensivo, me avisando para não continuar. Samantha, no entanto, parecia entender minha surpresa.

"Meu filho pensa o mesmo, Lily. Por isso este almoço é tão importante, especialmente para ele. No entanto, parece que ele não virá, e teremos que compartilhar as boas notícias apenas com você."

A confusão se instalou em minha mente enquanto tentava entender o que Samantha queria dizer com "boas notícias". Inocentemente, perguntei:

"Boas notícias? Que boas notícias?"

Doug, meu pai, lançou um olhar significativo para Samantha, indicando que a revelação era iminente.

"Samantha e eu vamos nos casar na casa dela. Amanhã."

A notícia caiu como uma bomba, me deixando sem palavras por um momento. O silêncio na sala foi quebrado apenas pelo som distante dos meus próprios pensamentos tumultuados.

"Vocês vão se casar? Amanhã?" gaguejei, tentando assimilar a informação.

Doug assentiu com seriedade. "Sim, Lily. Decidimos que era a coisa certa a fazer, e queríamos compartilhar isso com você antes que se tornasse oficial."

A magnitude da situação começou a se desenrolar diante de mim. Meu pai, que eu sempre vi como uma figura estável, estava prestes a embarcar em uma jornada que impactaria diretamente a dinâmica familiar que eu conhecia.

"Eu... eu não sei o que dizer," murmurei, incerta de como reagir a essa revelação repentina.

Samantha tentou amenizar a situação. "Lily, entendemos que é uma notícia surpreendente, e esperamos que, com o tempo, possamos formar uma família unida."

Ainda atordoada, assenti, incapaz de articular meus pensamentos. O turbilhão de emoções dentro de mim refletia a complexidade da situação.

"Espero que você possa aceitar isso, Lily," disse meu pai, sua voz cheia de esperança.

Assenti, ainda em choque, prometendo a mim mesma lidar com as emoções que essa notícia havia trazido. O resto do almoço se desenrolou em um silêncio constrangedor, cada um de nós imerso em seus próprios pensamentos. A notícia do casamento pairava sobre nós, e a promessa de um novo capítulo familiar se desenrolava rapidamente diante dos meus olhos.

No final da refeição, levantei-me da mesa, desejando a ambos o melhor em seu futuro juntos. No entanto, ao sair da sala de jantar, sabia que as consequências dessa revelação ainda estavam por vir, desencadeando mudanças que moldariam a narrativa da minha vida de uma maneira que eu ainda não conseguia compreender totalmente.

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