Capítulo 1 Salvando um homem lindo
"Isabella, quando você fizer dezoito anos, venha me encontrar em Cascádia. Tenho uma grande riqueza esperando por você para herdar..."
Isabella Thornton estava deitada esparramada na beira gramada, olhando para o céu emoldurado pela borda do penhasco.
Cinco minutos atrás, Stella Thornton havia segurado sua mão, sugerindo que tirassem uma foto juntas. No segundo seguinte, as mãos de Stella estavam empurrando com força suas costas.
Se Isabella não tivesse explorado esse penhasco antes e se preparado para esse momento, teria despencado para a morte.
Ela não conseguia entender—depois de dezoito anos sendo criada pela família Thornton, mesmo que não passasse de um animal de estimação, não deveria haver algum afeto? Ela já havia sofrido seis grandes desastres destinados a Stella, mas os Thorntons ainda queriam sua morte.
Sua morte era realmente inevitável?
Bem, se era assim que eles queriam jogar, ela se recusava a morrer. Fugiria para Cascádia e buscaria refúgio com seu mentor. Uma vez que dominasse suas habilidades, voltaria para acertar as contas com aqueles três demônios disfarçados de família.
Isabella sentou-se furiosa e puxou seu baralho de tarô, começando a prever sua sorte e futuro.
Seis anos antes, ela e Stella haviam se formado no ensino fundamental juntas. Stella havia feito um escândalo sobre perder sua liberdade no ensino médio, insistindo que ambas se inscrevessem no programa de pesquisa de esqui nas montanhas.
Em uma área restrita, Stella começou a cantar a plenos pulmões. Quando a avalanche atingiu, Isabella empurrou Stella para a segurança, apenas para ser enterrada ela mesma. Passou mais de um mês se recuperando em um hospital em Cascádia.
Sua colega de quarto era uma mulher na casa dos sessenta anos, com um nariz proeminente e fala rápida, embora detestasse conversas.
Após dez dias de silêncio compartilhado, a mulher finalmente falou. Ela se apresentou como Jenny Manners, uma praticante de tarô e outras artes místicas—essencialmente uma bruxa, embora Isabella não tenha investigado.
Aproveitando a imobilidade de Isabella, Jenny fez das lições de adivinhação a primeira ordem do dia todas as manhãs. Isabella não teve escolha a não ser aprender. Isso continuou por um mês inteiro.
Antes de partir, Jenny deu a Isabella um número de telefone e um endereço, avisando-a para nunca confiar em ninguém ao seu redor.
Na época, os pais Thornton tratavam Isabella maravilhosamente, e ela nunca suspeitou que os desastres que assolaram sua infância haviam sido orquestrados por aqueles mais próximos a ela.
Na noite de seu décimo oitavo aniversário, Isabella descobriu a verdadeira natureza de seus chamados pais e irmã.
Escondida no andar de cima enquanto preparava uma surpresa para Stella—que compartilhava seu aniversário—Isabella ouviu uma conversa que destruiu seu mundo:
"Mãe, eu não posso fingir por mais um dia! Ela não passa de uma bastarda de uma prostituta—por que ela deveria compartilhar meu aniversário? É revoltante!" A voz de Stella gotejava veneno.
"Stella, você deve permanecer paciente. Você se esqueceu do que a vidente revelou sobre seu destino?" O tom de Julia Winslowe era medido e frio.
"Você é um espírito errante, mal lembrado pelas forças do próprio inferno. Se não fosse pelo destino de Isabella trazer-lhe sorte, você realmente acha que a teríamos adotado?" ela acrescentou.
"Exatamente, Stella. Não seja petulante," interveio Gareth Thornton. "A vidente disse que ela deve te proteger de seis desastres. Só depois do seu décimo oitavo aniversário você pode agir sem restrições."
"Isso significa que eu posso finalmente matá-la amanhã?" A excitação de Stella era palpável. "Ela me dá nojo! Só porque ela é supostamente minha irmã, ela acha que pode competir comigo por tudo! Este ano, nenhuma das famílias da elite a convidou para os eventos de debutante, mas ela teve a audácia de enviar uma foto para a competição—e ela chegou às finais! Esse lugar é meu! Não me importa o que seja necessário—eu serei a acompanhante da socialite principal na cerimônia de maioridade!"
"Muito bem," respondeu Julia suavemente. "Amanhã, crie um último desastre para ela absorver. Depois disso, disponha dela como quiser."
Gareth bufou, "Não a traga de volta—estou cansado de olhar para a cara dela."
"Querido, você realmente não deveria ter inventado essa história de gêmeas," reclamou Julia. "Agora todo mundo me parabeniza por ter gêmeas. Eu tenho apenas uma filha—Stella. Uma bastarda não tem o direito de me chamar de mãe."
Cada palavra perfurava Isabella como gelo. Os afogamentos, incêndios e avalanches que ela havia suportado a cada poucos anos não tinham sido acidentes—tinham sido orquestrados deliberadamente pelos Thorntons para transferir as desgraças de Stella para ela. Ela nem sequer era filha biológica deles.
Então, quem ela era?
Quando Isabella alcançou sua bolsa para fugir, seu telefone vibrou.
O nome de seu avô apareceu na tela. Ele sempre fora gentil com ela, praticamente a criando até que Julia insistiu que Isabella parasse de visitá-lo, alegando que ela era muito perturbadora para a paz de um homem idoso. Só então Isabella percebeu a verdadeira razão por trás do ressentimento de Julia: o velho homem adorava Isabella mais do que adorava Stella.
Olhando para trás, era compreensível. Afinal, ela mesma era apenas uma estranha, enquanto Stella era a verdadeira filha dos Thornton.
"Vamos descer," Gareth sussurrou. "Aquela vadiazinha da Isabella voltará com o bolo em breve. Todos mantenham o personagem—é o último dia. Não estraguem agora."
Isabella enxugou as lágrimas e desceu do jardim no segundo andar, posicionando-se na porta da frente. Ela deliberadamente deixou o bolo cair, depois o pegou, arrumando sua expressão antes de entrar.
"Isabella! Não se preocupe com o bolo—vamos ver o nascer do sol juntas amanhã! Estamos com dezoito anos agora, e quero compartilhar meu primeiro nascer do sol de adulta com você!" Stella agarrou a manga de Isabella, a voz doce ao ponto de enjoar.
"Claro," Isabella respondeu, seu sorriso nunca vacilando.
Naquela noite, Isabella subiu a montanha e colocou cordas e almofadas em pontos estratégicos, retornando à vila apenas às três da manhã. O que a trouxe a este momento—deitada na grama, tendo escapado da morte por pouco.
Isabella piscou para afastar a ardência nos olhos. Ela nunca poderia voltar à Mansão Thornton.
Mas para onde ela poderia ir?
Cascadia parecia sua única opção. Jenny podia ser temperamental, mas não tinha filhos e recentemente havia mandado uma mensagem sobre comprar vestidos de princesa e um Fusca conversível para Isabella.
Isabella havia ignorado os avisos de Jenny antes—quem suspeitaria de sua própria família? Mas agora que ela sabia a verdade sobre sua origem, as palavras de Jenny tinham um novo peso.
Quando Isabella alcançou seu telefone, uma sombra caiu sobre seu rosto. Um par de botas de caminhada caras e um bastão de caminhada apareceram, seguidos por um homem incrivelmente bonito que bloqueava completamente o sol.
"Já terminou de ficar deitada aí? Eu preciso passar," disse o homem friamente, seu tom cortando o calor pós-adrenalina que Isabella estava sentindo.
"Oh, você está aqui para pular também?" Isabella se mexeu um pouco para abrir espaço. "Este é um lugar privilegiado. Quando você cair de cara, provavelmente vai acabar bem onde estou deitada. Sabe de uma coisa—vou deixar o lado esquerdo para você. Se sobreviver à queda, podemos ser vizinhos."
"Você é louca." Jonathan Hamilton avançou, tentando passar por cima dela.
Isabella envolveu os braços em volta da perna dele sem aviso.
"Solte!"
Jonathan nunca havia sido tocado por uma mulher, especialmente não em uma área tão íntima. Por um momento, ele esqueceu que poderia simplesmente se soltar com um chute.
Isabella estudou o homem, notando como ele mantinha o equilíbrio perfeito mesmo com uma perna só. "Escute, você é bonito demais para desperdiçar. Que tal—"
"De jeito nenhum!" O rosto de Jonathan ficou vermelho como um pimentão, suas orelhas queimando.
"—você ser meu parceiro no crime... o quê?" Isabella piscou, confusa.
A rejeição de Jonathan morreu em sua garganta enquanto ele processava as palavras reais dela, seu constrangimento aumentando. Sem dizer mais nada, ele se virou e desceu o caminho da montanha.
"Bem, acho que fiz minha boa ação do dia—salvei a vida de um homem lindo," Isabella murmurou, limpando-se enquanto se levantava.



























































































