Capítulo 4 Os parentes da família Tudor

"Brandon, o que você estava prestes a dizer? O que aconteceu entre Jonathan e eu?"

"Me dá sua mão." Jonathan abriu um compartimento no apoio de braço, retirando um elegante kit de primeiros socorros que fez Isabella congelar de surpresa.

Sem cerimônia, ele segurou seu braço ferido e o amparou cuidadosamente. Ele nunca tinha encontrado uma garota que se importasse tão pouco com seu próprio bem-estar, e isso o enfurecia.

A lembrança das palavras dela na beira do penhasco fez sua raiva arder ainda mais—ela não estava brincando ou flertando com ele naquele dia. Ela estava genuinamente buscando a morte.

Será que esses anos foram realmente tão insuportáveis para Isabella?

"Jonathan, seja gentil! Ela é a irmã que acabei de recuperar!" Brandon finalmente notou a gravidade dos arranhões de Isabella.

"É assim que as pessoas que te acolheram sempre te trataram?" Os lábios de Brandon se apertaram em uma linha fina.

A caminho da estação de televisão, ele havia investigado minuciosamente a família Thornton, mas não encontrou detalhes sobre abuso.

Ele tinha assumido que a busca de Isabella por sua verdadeira família se devia à bondade dos Thorntons, não à crueldade.

"Não antes. Nós só tivemos nossa ruptura final hoje." Isabella balançou a cabeça, escolhendo não revelar a verdadeira natureza dos Thorntons.

Ela não tinha provas—eles tinham confessado seus esquemas, mas ela estava muito emocional para gravar qualquer coisa.

Sem provas, ela temia que Brandon pensasse que ela era ingrata. Afinal, os Thorntons a criaram por dezoito anos. Colocando de lado suas traições recentes, ela frequentou escolas de elite, se vestiu tão bem quanto Stella, e os pais Thornton desempenharam seu papel amoroso de forma convincente em público.

Vendo o silêncio de Isabella, tanto a expressão de Jonathan quanto a de Brandon ficaram graves.

Jonathan interveio, "Ela passou por maus bocados, e não está contando toda a verdade. Vocês dois vão para casa—eu estou indo embora."

O carro havia parado em um cruzamento, e Jonathan saiu sem esperar a resposta de Brandon, deslizando para o segundo veículo.

"Ei! Jonathan! O que isso quer dizer? Explica! E esse é o seu carro! Para onde você vai?"

"Fique com ele para sua irmã!"

"Ela não precisa! Eu posso comprar um para ela!"

O comboio de Jonathan rapidamente se separou da procissão e desapareceu na esquina.

"Isabella, ele estava dizendo a verdade agora?"

"Sobre o quê?"

Isabella estava observando a partida de Jonathan pela janela traseira, corando levemente com suas palavras de despedida. O homem era insuportavelmente dominador.

"Nada. Jonathan fala besteiras. Eu tive uma boa vida. Então, Brandon, estamos indo para casa agora?"

"Sim! Estamos quase lá. Isabella, deixe-me te contar—mamãe e papai me apelidaram de 'Sunny' e você de 'Bunny'. Nossos pais são o primeiro e único cônjuge um do outro, e eles só tiveram nós dois filhos! Você também não foi abandonada. Toda nossa família te ama desesperadamente!

"Quando a Tudor Manor pegou fogo anos atrás, você foi roubada de nós. Mamãe e papai procuraram em todos os orfanatos, incluindo os do exterior, testando amostras de DNA em todos os lugares! Mesmo nas piores regiões de tráfico humano do mundo, papai espalhou a palavra de que qualquer um que ousasse te machucar pagaria um preço devastador!

"Quando te vi na televisão procurando sua família, te reconheci na hora! A família Tudor atualmente é a segunda mais rica de Eltheron—isso significa que somos muito ricos. Isabella, pergunte-me qualquer coisa que você queira saber!

"A propósito, nosso patriarca é nosso pai Raymond. O avô mora na Royal Peaks Manor por causa da saúde, mas a avó fica na Tudor Manor com a mamãe. Mesmo compartilhando a mesma mansão, muitas vezes há uma sensação de tensão no ar."

Isabella franziu os lábios pensativamente. Se os membros da família não se dessem bem, ela não se forçaria a suportar—afinal, ela tinha um mentor extremamente rico e capaz em Cascadia.

"Entendo, Brandon. Vocês todos me amam e querem que eu volte para casa. Não se preocupe, eu não vou pensar demais nas coisas." A tranquilização de Isabella visivelmente aliviou Brandon.

Ele tinha lido sobre outras crianças que, ao retornar às suas famílias biológicas, enfrentavam várias dificuldades, mas ele não queria que sua irmã guardasse qualquer ressentimento. A honestidade completa parecia ser o melhor caminho.

Logo, a Mansão Tudor apareceu à vista com uma multidão reunida na entrada. À frente deles estava um homem alto, distinto e de meia-idade, em um terno impecavelmente feito sob medida—bonito e ainda mais carismático que Brandon.

Isabella sentiu seus olhos ficarem marejados involuntariamente.

No momento em que o carro parou, dois seguranças abriram rapidamente as portas. O homem avançou com passos largos, e Isabella quase colidiu com seu peito quando ele abriu os braços levemente, hesitando no ar ao ver a expressão incerta dela.

"Coelhinha, eu sou seu pai!" A voz rica e calorosa dele instantaneamente trouxe lágrimas aos olhos de Isabella.

Sem fingimento, ela entrou em seu abraço. As mãos dele tremiam ligeiramente enquanto ele exalava profundamente, alívio inundando-o. Tê-la de volta era o suficiente—ela parecia tão magra, deve ter sofrido terrivelmente todos esses anos!

Se ele algum dia descobrisse quem havia roubado sua Coelhinha, garantiria que toda a família deles não tivesse paz.

Isabella sentiu a palavra "pai" presa na garganta, incapaz de pronunciá-la.

Raymond deu um tapinha gentil no ombro dela. "Está tudo bem, querida. Leve o tempo que precisar."

Isabella discretamente enxugou uma lágrima.

"Oh, meu Deus! Essa é nossa Coelhinha! Oh, ela é linda!" Atrás de Raymond, um homem com uma camisa florida e traços mais delicados do que a maioria das mulheres sorriu para ela.

"Coelhinha! Eu sou seu Tio Larry Tudor!" Larry passou por Raymond, estendendo os braços para um abraço.

Dessa vez Isabella não se moveu para frente. Após receber um olhar severo de Raymond, Larry recolheu os braços sem constrangimento.

"Coelhinha, venha rápido! Deixe-me apresentar todo mundo—seu pai é muito devagar, e eu não posso esperar! Este é seu Tio Kyle Tudor, ele é designer arquitetônico!"

Um homem ligeiramente acima do peso com uma barba bem aparada sorriu calorosamente para Isabella.

"Este é seu Tio Zachary Tudor—ele é diretor de cinema internacional!"

Um homem em um terno tradicional acenou com a cabeça para Isabella, embora seu rosto permanecesse inexpressivo.

"Em pé ao lado deles estão a esposa de Kyle, Grace Hernandez, e a esposa de Zachary, Lily Martin. Eu ainda sou solteiro. Rápido, sua avó está esperando lá dentro!"

"Ei, tio! E eu? Você não vai me apresentar? E minha mãe!" Uma garota com um corte de cabelo estilo princesa e roupas elaboradas estava ao lado de uma mulher quieta, fazendo bico para Larry.

Larry sorriu sem jeito, prestes a fazer as apresentações quando Raymond puxou Isabella em direção à mansão com o braço ao redor dos ombros dela.

A garota e a mulher quieta ficaram paralisadas em silêncio atônito. Brandon acenou educadamente para elas antes de seguir a irmã para dentro.

O interior da mansão era vasto, com sofás de veludo vermelho medieval onde uma idosa de cabelos prateados estava sentada, trabalhando lentamente um cordão de contas de oração de safira entre os dedos.

"Esta é a avó," Brandon sussurrou.

"Avó." Isabella falou suavemente.

Yvette olhou para Isabella e suspirou. "Que bom que você voltou. Certifique-se de explicar à sua mãe depois—eu não tive nada a ver com isso."

Com essa declaração chocante, ela se levantou para sair, ignorando as reações de todos.

A garota rapidamente se aproximou de Yvette, entrelaçando os braços com a idosa antes de se dirigir arrogantemente a Isabella, "Sua avó esperou a manhã inteira por você, e você nem sequer ofereceu algo para ela beber. Que falta de educação!"

"Exatamente! Sem educação nenhuma."

Bem, bem. Aparentemente já havia uma pequena princesa manipuladora e sua ajudante esperando para colocar Isabella em seu lugar no momento em que ela chegasse em casa.

Isabella agora notou que entre a multidão de pessoas que a cumprimentaram, também havia uma garota ligeiramente acima do peso com a pele mais escura ao lado de Yvette, ecoando a crítica da garota com cabelo de princesa.

"E você é?" ela perguntou.

"Esta é Laura Stewart! Eu sou Hazel Tudor."

Isabella olhou para Hazel com curiosidade. Ela tinha visto Grace mais cedo—a mulher parecia ter menos de trinta anos, então como sua filha poderia ter dezessete ou dezoito? Mais intrigante ainda, mãe e filha não compartilhavam nenhuma semelhança.

Mas isso não era da sua conta. Isabella respondeu friamente, "Entendi."

Hazel bufou, "O que você quer dizer com 'entendi'? Como você pode ser tão fria? Ficamos esperando em casa o dia todo por você! Não deveria nos cumprimentar calorosamente?"

A atitude de Hazel deixou claro seu desagrado por Isabella.

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