Capítulo 5 CAPÍTULO 005
PGR DE LAUREN
Grávida.
Essa palavra ecoava nos meus ouvidos repetidamente como uma sirene. Meu cérebro ouviu, mas meu coração... meu coração se recusava a acreditar.
Eu me virei devagar, como se meu corpo todo tivesse esquecido como se mover. Meus olhos pousaram em Ethan. Ele não estava olhando para mim. Ele estava encarando o chão como um menino pego roubando. Meus lábios se abriram, e minha voz saiu tão fraca que mal a reconheci.
“Ethan... é verdade?”
Eu rezei – Deus, eu realmente rezei naquele segundo para que ele levantasse a cabeça e dissesse não. Que Sofia estava apenas fazendo uma brincadeira de mau gosto. Que era uma mentira. Que ele não fez isso comigo. Com a gente. Com nossa filha.
Mas ele nem levantou a cabeça. Não disse uma única palavra. Seu maxilar se contraiu, seus olhos desviaram para o lado como um covarde, e naquele segundo... eu soube. Ele não precisava dizer nada. Seu silêncio bateu mais forte que um tapa.
Era verdade.
Ela não estava mentindo. Sofia estava realmente grávida do filho dele. E eu... sua esposa, estava ali parada como uma tola. Como um resto.
Algo dentro de mim rachou. Eu podia sentir. Começou pequeno, como um aperto no peito, depois se espalhou como fogo por todo o meu corpo. Meu estômago revirou. Minha garganta se apertou. Minhas pernas ficaram fracas. Eu não chorei. Eu não gritei. Eu apenas... quebrei silenciosamente.
Em um transe, eu me virei e saí do escritório dele. Eu não disse adeus. Eu não esperei por uma explicação. Eu nem olhei para trás.
Cada passo parecia arrastar cimento. Meus saltos batiam contra o chão de mármore, alto demais no silêncio. O corredor girava um pouco, mas eu não diminuí o ritmo. Eu precisava sair. Eu precisava respirar.
“Senhora?” A secretária de Ethan se levantou quando eu passei. Seu rosto parecia preocupado. Ela provavelmente viu tudo. Eu podia ver isso nos olhos dela. Piedade.
“Você está bem?”
Eu não respondi. Eu não conseguia. Minha voz tinha desaparecido. Continuei andando, rápido, como se talvez, se eu me movesse rápido o suficiente, nada disso seria real.
Cheguei ao elevador e apertei o botão com uma mão trêmula. Mas depois de um segundo, me afastei. Eu não podia simplesmente ficar ali parada. Eu não podia ficar imóvel. Eu sentia que ia explodir.
Sem pensar, me virei e empurrei a porta da escada. Um passo. Depois outro. Segurei no corrimão como se fosse a única coisa me sustentando.
Para baixo. Para baixo. Apenas continue descendo.
Eu arrombei a porta de saída e entrei na luz do sol. A luz forte me atingiu como um tapa. Eu pisquei forte, tentando me ajustar, mas o mundo continuava girando. Alcancei minha bolsa em busca das chaves do carro. Minhas mãos tremiam tanto que as deixei cair.
“Não, não, não...” sussurrei para mim mesma enquanto me ajoelhava para pegá-las.
Fiquei ali por um segundo. Meu carro estava a poucos passos, mas eu não conseguia me mover. Meu peito estava muito apertado. Minha respiração muito superficial. Meu corpo congelado.
Eu não podia dirigir. Eu não conseguia nem ficar de pé direito. Então eu andei.
Eu não sabia para onde estava indo. Apenas me virei e me afastei do prédio. Longe de Ethan. Longe da mulher que carregava o filho dele. Longe da vida que eu achava que tinha.
As pessoas passavam por mim na rua. Carros buzinavam. Eu não via seus rostos. Não ouvia suas vozes. Tudo estava abafado e distante.
Continuei andando.
A voz dela continuava ecoando na minha cabeça. “Estou grávida.”
E ele... o homem que jurou que me amaria para sempre. O homem pelo qual eu abandonei toda a minha carreira, pegando turnos extras para que ele pudesse construir a empresa dos seus sonhos – Black Enterprise. O mesmo homem que beijou minha barriga quando eu estava grávida de Elena e sussurrou, “Você é meu lar.” Ele não disse nada. Nem mesmo um sinto muito. Nem mesmo uma mentira para me agarrar.
Apenas silêncio.
Meus pés doíam. Meus calcanhares estavam machucados contra a pele. Minha blusa grudava nas costas com suor. Mas eu não parei.
Eu não podia.
Porque se eu parasse, eu teria que pensar. E se eu pensasse, eu teria que sentir. E se eu sentisse... eu desmoronaria.
Cheguei a uma esquina e me apoiei em um poste de luz. Minha mão agarrou o metal frio, tentando me manter de pé.
O mundo inclinou.
Meus joelhos cederam um pouco. Pisquei rápido. Tudo estava girando. Meu coração batia forte nos ouvidos. Meu estômago revirava. Engoli em seco, mas não ajudou.
Então tudo ficou preto.
Eu não lembro de cair. Apenas que meu corpo desistiu. Cedeu. Mas eu não atingi o chão.
Alguém me segurou. Braços fortes me envolveram, me levantando gentilmente.
“Está tudo bem. Eu te peguei. Você está bem.”
A voz era profunda.
Minha cabeça descansava contra um peito. Eu podia sentir o calor através da camisa dele. Eu queria perguntar quem ele era. Eu queria ver seu rosto.
Mas eu não conseguia abrir os olhos. Eu estava tão cansada.
“Fique comigo,” ele disse suavemente.
Eu tentei falar, mas meus lábios não se moviam. Tudo parecia pesado. Meus braços. Minhas pernas. Até minhas lágrimas estavam presas.
Ele me carregou. Eu não sabia para onde. Eu não me importava.
Eu me deixei ir.
Tudo que eu lembro é da maneira como ele me segurou – como se eu ainda importasse. Como se eu não fosse apenas alguém deixada para trás.
