Capítulo 1 - Inocência

Olhos incrivelmente lindos de cor de grama, lábios carnudos que te levam ao mundo dos sonhos quando se curvam no seu sorriso sexy característico, cabelo como mel, macio ao toque, e um abdômen de tanquinho que tem o poder de te derreter até a inconsciência.

O homem bonito que estou descrevendo é meu namorado Elijah, e embora eu nunca tenha provado o fruto proibido, estou salivando enquanto fantasio sobre ele devastando meu corpo, me transformando em um caos quente.

Hoje é o aniversário dele e finalmente tomei uma decisão, vou deixar ele fazer todas aquelas coisas perversas no meu corpo, aquelas coisas quentes que ele sussurrava no meu ouvido toda vez que nos beijávamos.

Ele é meu namorado há mais de dois anos e tem sido nada além de paciente comigo, enquanto eu demorava para decidir se ia fazer isso ou não.

Minha meia-irmã e melhor amiga, Elena, está certa. Ela me avisou que um homem como Elijah seguiria em frente se eu não decidisse abandonar minha inocência e me entregar ao pecado original. E eu não sou cega para não notar aquelas garotas de pouca virtude que continuam enviando sinais incansáveis de disponibilidade para ele.

Não vou esperar mais, acho que o amo o suficiente para ser íntima com ele. Quanto a ele, provou sua lealdade e já declarou seu amor por mim.

Um sorriso se abre no meu rosto.

Esta noite.

Vai acontecer esta noite.

* * *

Eu sei que parecia determinada esta manhã, mas à medida que os minutos se transformavam em horas, minha determinação foi diminuindo e agora estou até hiperventilando. As emoções estão tomando conta de mim, afinal, sou apenas humana.

Paro meus passos e respiro fundo, dando uma palestra motivacional para mim mesma antes de entrar na boate, um negócio da família dele.

"Allaya Edwards, você consegue fazer isso!" Meus olhos se fecham por alguns segundos enquanto eu luto para colocar ar nos meus pulmões. "Não, VOCÊ VAI FAZER ISSO e vai gostar! Ponto final!"

Empurrando as portas do clube, marcho em direção ao escritório dele no primeiro andar, ignorando os olhares lascivos que recebo no caminho.

Culpo isso na minha roupa, um vestido preto curto que abraça meu corpo nos lugares certos, mostrando um pouco de decote e fazendo minha bunda parecer mais redonda do que realmente é.

Não é do meu feitio usar algo tão revelador, mas estava dando o meu melhor para parecer uma encantadora, embora eu saiba que estou longe de ser uma. Na verdade, estou apenas escondendo minhas inseguranças sob um vestido chique e maquiagem pesada, e está funcionando.

Passo pelo melhor amigo de Elijah e o ignoro. Por que eu deveria me incomodar com ele quando ele nunca se preocupou em esconder sua desaprovação em relação à minha vida amorosa? Quem ele era, afinal, para me dizer que eu deveria largar meu namorado e encontrar um homem melhor?

“Allaya, espera! Não entre!” Eduard agarra meu pulso, me parando no meio do caminho.

Eu me solto do seu aperto. Se eu fizer isso, se eu não entrar agora, minha determinação vai vacilar, já está diminuindo a cada passo que dou.

Levanto a mão para ele. “Não se preocupe, Eduard, eu tenho permissão do Elijah para entrar no escritório dele quando eu quiser!”

Tum.

Tum.

TUM.

TUM!!!

É hora.

Meu pulso está acelerado enquanto toco a maçaneta. ‘Apenas abra, Allaya! Não ouse se acovardar agora!’

Meus sentidos estão em alerta máximo, sem motivo em particular. Ou talvez tenha algo a ver com o comportamento estranho de Eduard. Ele conseguiu me deixar mais nervosa do que eu já estava?

Droga, Eduard! Viro-me para lançar um olhar mortal para ele, apenas para encontrar seu olhar culpado, que eu ignoro, não estou com humor para adivinhar o que ele está tramando. Engulo em seco e abro lentamente a porta do escritório de Elijah.

Nada me prepara para o que encontro lá dentro, e é o momento em que meu coração para. Sinto uma dor aguda no peito ao ver a cena se desenrolando na minha frente. É como se alguém tivesse arrancado meu coração da caixa torácica e esfaqueado o pobre órgão com um milhão de punhais antes de deixá-lo sangrar até a morte.

Elijah está me traindo.

Eu acreditava que ele me amava.

Eu confiava nele.

Eu o defendia.

Meu ‘namorado leal’ tem uma loira boba de quatro no sofá dele e está entrando e saindo dela por trás, ambos gemendo de êxtase. O ar é nauseante, cheira a álcool, suor e sexo combinados.

“Aaaahhhh, Elijah, aí... Você sabe como eu gosto! Sim, não pare, estou quase lá!” Ela sussurra entre gemidos, sua voz soa estranhamente desconhecida. Meu cérebro está pregando peças em mim, deve ser do choque.

“Apenas cale a boca e aceite o que eu te dou!” Ele puxa o cabelo dela, suas estocadas ficando mais fortes, fazendo-a gritar seu nome mais alto.

Não, isso não pode estar acontecendo comigo. Meus olhos ardem com lágrimas, sinto a vontade de me virar e correr como uma covarde, mas meu corpo se recusa a cooperar com meu cérebro. Estou presa, congelada no lugar.

Eu queria que o escritório dele não fosse à prova de som, queria ter ouvido os sons do sexo de fora como um aviso para não entrar na sala. Eu queria ter prestado atenção ao Eduard antes. Eu queria... Eu queria poder desaparecer no ar.

Mas agora é tarde demais. Agora eu sei.

Eu bato a porta atrás de mim e espero que eles registrem minha presença.

Ambos se assustam e se viram em choque. A realidade me atinge com força, como trovão e relâmpago juntos. A loira boba não é outra senão Elena, minha amada meia-irmã e melhor amiga.

A dor da traição percorre minhas veias, fazendo meu sangue ferver enquanto enfrento a verdade inegável: as duas pessoas mais próximas a mim neste mundo me apunhalaram pelas costas, ao mesmo tempo e no mesmo momento.

“Allaya, não é o que parece!” Elijah implora, removendo seu membro duro da entrada da minha meia-irmã.

Seu órgão nem é tão grande quanto ele anunciava. Seu corpo nu não me causa nada. Na verdade, sinto um arrepio de nojo. Mas isso nem é o ponto aqui.

“Eu não queria, ela me forçou!”

Uau, sério?

“Allaya, eu posso explicar!” Elena encontra sua voz, e enquanto nos olhos dele posso ver um brilho de culpa, os dela brilham com orgulho.

Então foi ela quem iniciou isso.

Meu rosto fica pálido como papel, eu posso sentir. Múltiplas emoções estão invadindo meu corpo, lutando pela dominância. Raiva e ódio estão me consumindo, e num piscar de olhos, sinto como a escuridão me envolve.

Um vento gelado e sombrio passa por mim, enviando calafrios pela minha espinha e fazendo os pelos do meu corpo se arrepiarem. A temperatura na sala cai para 0 graus em um instante, posso dizer que eles também sentem, pois pânico e medo estão estampados em seus rostos.

Está acontecendo de novo.

E eu sou incapaz de controlar.

Uma onda de frio penetrante está devorando meu corpo, a sensação é de arrepiar os ossos e eu não posso fazer nada para parar. Ouço os batimentos cardíacos erráticos de Elijah e Elena claramente e as veias em seus pescoços se destacam aos meus olhos.

Sangue.

Eu sinto o cheiro do doce líquido carmesim bombeando através de suas veias finas. Inalando o aroma profundamente contra minha vontade, acho-o rico e sedutor.

Eu anseio por isso.

Por que diabos isso está acontecendo comigo?

Esta é a segunda vez na minha vida que experimento isso, e não me lembro muito da primeira.

Enquanto luto contra a compulsão de agir conforme meus impulsos, isso se volta contra mim. As paredes ao meu redor estão congelando, lentamente se cobrindo de gelo espesso, e Elijah e Elena estão tendo dificuldade para respirar.

“Allaya!” Elena estende a mão para me alcançar, depois rapidamente a retira, olhando para mim com medo, como se meu rosto tivesse se transformado em algo sinistro.

Fragmentos de gelo estão viajando pela minha pele, meus batimentos cardíacos estão enfraquecendo a ponto de eu quase acreditar que não estou mais respirando. Estou... morrendo?

Sangue.

Estou sedenta por sangue.

Não posso evitar, eu preciso disso.

Elena ou Elijah? Por que eu tenho que fazer essa escolha?

No segundo em que tomo minha decisão, a porta atrás de mim se abre e sou subitamente puxada para fora da sala por um par de mãos fortes.

Meu coração começa a bater poderosamente contra minha caixa torácica e sou grata pela onda de adrenalina. Não sinto mais o desejo por sangue.

Minhas costas estão pressionadas contra o corpo poderosamente construído de um homem, posso sentir cada músculo através do tecido fino de nossas roupas. Um calor surge dentro de mim, meu corpo logo relaxa como se tivesse sido alimentado com algo que ansiava, e felizmente, não era sangue.

O que estava prestes a acontecer? Eu realmente estava prestes a machucar aqueles malditos traidores? C-como?

Eu me delicio com a estranha sensação de segurança que o homem proporciona e descanso a parte de trás da minha cabeça em seu peito forte e quente, absorvendo seu aroma masculino, misturado com um tipo de cheiro de café moído fresco, meu aroma favorito no mundo.

“Você está congelando! Deixe-me te aquecer!” Sua voz rouca sopra chamas no meu ouvido, meus joelhos ficam fracos e eu me inclino ainda mais em seu corpo, o volume em suas calças agora pressionado contra minha bunda.

Isso me excita. Me enfraquece.

Seus dedos exploram minha figura das omoplatas até os braços, para cima e para baixo, enviando doces sensações eletrizantes pelo meu corpo. Depois, dos braços até a barriga, onde ele permanece por um tempo, antes de roçar os dedos no meu peito, encontrando meus mamilos endurecidos através do tecido do meu vestido.

Contra meu melhor julgamento, permito seu toque sedutor. Na verdade, me entrego a ele, completamente hipnotizada.

Seus lábios estão pressionados no meu pescoço, sugando minha pele, e então uma de suas mãos desce, alcançando por baixo do meu vestido curto, até minhas coxas internas, acariciando sobre minha calcinha encharcada. Ele a afasta e é nesse momento que eu saio do transe em que caí.

“Por que você estava tão fria?” Ele pergunta, suas mãos habilidosas massageando meu centro, sua voz sexy soando como música para meus ouvidos.

O que há nele que tem esse efeito sobre mim, sobre meu corpo?

Eu me viro para encarar o estranho que teve o poder de me tirar do chão e algo inesperado acontece quando encontro seus olhos que sugam a alma. O fôlego preso na garganta, ele é tão sexy quanto o próprio diabo. Alto, moreno e bonito, o tipo de beleza que faria alguém segui-lo até o poço do inferno.

Olhos gélidos e luxuriosos e cabelo preto e rico, vestindo roupas escuras que enfatizam seu corpo bem construído e a poderosa energia viril que ele libera apenas respirando, o fazem parecer muito perigoso. Como hipnotizada, literalmente não consigo desviar o olhar.

Meu coração, alma, mente e corpo são inesperadamente invadidos por uma sensação de serenidade, como se um elemento que eu não sabia que estava faltando em meu ser tivesse acabado de ser encontrado e colocado no lugar. Pode ser absurdo, mas sinto como se tivesse esperado a vida toda por isso.

‘Meu!’ Uma voz possessiva dentro da minha cabeça faz sua reivindicação.

Q-quem disse isso?