Capítulo Quatro

"Pergunte o que quiser," disse Puca enquanto colocava as mãos nos bolsos da calça.

"Você disse que alguém te prendeu naquela caixa?" Lola perguntou, apontando para a pequena caixa de carvalho que obviamente era muito pequena para conter quatro homens bem robustos dentro dela.

Homens que estavam atualmente em sua sala de estar, ok, ela estava usando o termo "homens" de forma bem solta, muito solta.

Esses homens obviamente não eram humanos como ela. Ela podia sentir a diferença de outro mundo flutuando ao redor deles, quase podia ver isso girando em torno de suas auras. Lola não conseguia identificar exatamente o que era, mas tinha a sensação de que deveria saber quem eles eram.

"Fomos aprisionados dentro dela. Sim," respondeu Puca enquanto mordia o lábio inferior, olhando para ela. Seus olhos dourados a estudavam de perto. Ele podia sentir um leve puxão de magia vindo dela.

"Por quê?" Ela perguntou com uma expressão de dúvida.

"Essa é uma longa história..." Bodach começou a dizer, olhando para baixo, envergonhado.

"Ele roubou o filho de uma fada e trocou por um Changeling," Merrow soltou com um olhar de reprovação para Bodach.

"Talvez não seja tão longa, e para ser honesto, a criança não parecia ser fae, nem a mãe dela. Como eu ia saber?" Ele perguntou, dando de ombros e levantando uma sobrancelha.

"Você poderia não ter nos envolvido," Lu disse com um olhar de reprovação do sofá.

"Qual seria a graça nisso? A família para quem demos a criança tinha várias filhas bonitas. Eu sabia que vocês não iriam querer perder a chance com o tipo delas." Ele olhou para Lola com um sorriso malicioso, "Succubus."

Os olhos dela se arregalaram e ela desviou o olhar, um rubor colorindo suas bochechas.

"Depois não conseguimos encontrá-los novamente quando percebemos nosso erro," Merrow murmurou, com os olhos baixos e os ombros caídos.

Lola olhou para ele. Mordeu o lábio inferior, sem entender por que vê-lo chateado a incomodava.

"Que tal eu fazer um chá para nós?" Lola disse, sua voz soando alta e nervosa aos seus próprios ouvidos, fazendo-a se encolher.

"Chá, você tem algo para esquentá-lo?" Lu perguntou, fazendo Lola franzir a testa.

"Um bule de chá?" Ela deu de ombros enquanto se movia em direção à sua pequena cozinha.

"Ele quer dizer bebidas alcoólicas?" Bodach disse com uma risada diante da resposta inocente dela.

"Ah, você quer dizer álcool?" Lola perguntou. Ela tinha um pouco de vinho na geladeira do fim de semana.

"Sim, eu adoraria um uísque. Se você tiver," Lu disse, animando-se.

"Tenho um pouco de vinho branco na geladeira." Ela ofereceu esperançosa.

"Então está resolvido," Lu disse, levantando-se do sofá com um salto feliz. Seus cachos cor de cobre balançando enquanto ele caminhava em direção à cozinha atrás de Lola. Seus olhos lingerando no contorno de seus quadris.

Lola tirou o vinho da geladeira e o colocou no balcão. Planejava pegar uma taça de vinho quando ele agarrou a garrafa e deu um longo gole. Lu engoliu com força e depois fez uma careta.

"Isso não é vinho, é apenas um passo acima da água," ele disse com uma expressão de desagrado.

"Bem, agora é seu, obrigado por estragar para todo mundo," Lola cruzou os braços sob os seios. Os olhos dele piscaram para o peito dela antes de desviar o olhar. Ela soltou um suspiro de frustração. Ela esperava tomar uma taça depois dessa noite louca.

"Vai ter que servir por enquanto," disse Lu, tomando outro gole da garrafa enquanto caminhava de volta para a sala de estar. A garrafa balançando na mão enquanto ele se jogava pesadamente no sofá de jeans dela.

Lola franziu a testa enquanto enchia a chaleira na torneira e a colocava no fogão. Ela ligou o queimador enquanto tentava organizar seus pensamentos. Talvez tudo isso fosse uma alucinação muito vívida, embora seus convidados afirmassem que não era. Ela puxou duas caixas de chá e mordeu o lábio inferior, olhando entre as duas pequenas caixas.

Chá de hortelã ou Earl Grey, qual eles prefeririam? Ela desejava ter um pouco de camomila. Ela poderia usar um pouco de relaxamento.

Merrow veio e encostou o quadril no balcão, empurrando seu cabelo loiro-branco sobre o ombro enquanto observava Lola olhando entre as duas caixas. Ele se afastou do balcão para olhar por cima do ombro dela, e Lola estava agudamente ciente do corpo dele contra o dela. Ele cheirava como as ondas frescas do oceano.

"Não acho que queremos beber algo feito de homem, eu iria com o de hortelã," Merrow sussurrou em seu ouvido enquanto descansava as mãos nos quadris dela. Sorrindo enquanto ela tremia.

"Mãos, amigo," Lola rosnou em aviso enquanto batia as caixas no balcão e se virava para olhar para ele, que deu um meio passo para trás. Ainda muito perto para o gosto dela. "Vocês precisam aprender a manter as mãos para si mesmos."

"Faz muito tempo desde que qualquer um de nós esteve com uma mulher. Especialmente uma tão bonita quanto você," Merrow disse, sua voz rouca enquanto suas pupilas se dilatavam. Seus olhos verde-mar procuravam os olhos esmeralda dela.

"Bem, vai demorar um pouco mais, ainda não tenho planos de dormir com nenhum de vocês." As bochechas de Lola esquentaram enquanto ela olhava para ele. Ela não perdeu o elogio sobre sua aparência, e isso fez seu estômago parecer cheio de borboletas.

"Tem certeza disso, Ghra?" Merrow disse enquanto sorria para Lola. Seus olhos brilhando com malícia e promessas de algo que ela não sabia nomear.

"Pare de monopolizá-la, Merrow," Bodach disse enquanto entrava na pequena cozinha e Lola sentiu o ambiente esquentar. Ela não sabia se era o fogão ou os dois homens bonitos que estavam diante dela. Merrow deu um passo para trás com um olhar de reprovação para Bodach. Talvez fosse a tensão entre esses dois? A julgar pelas roupas deles, eles estavam presos naquela caixa há muito tempo. Quem era ela para julgar?

Lola se virou de volta para o balcão e se ocupou tirando seu conjunto de chá desparelhado. Um dia ela teria um como o de Erik, até lá ela se contentaria com as pequenas xícaras pintadas com margaridas e glórias-da-manhã alegres.

Enchendo o bule com água fervente, ela jogou alguns saquinhos de chá, colocando-o na bandeja. Ela planejava levá-lo para a sala de estar. Lola não olhou para os dois homens trocando olhares furiosos enquanto levantava a bandeja pesada nos braços e fazia uma careta com a dor no ombro.

Franzindo a testa, ela percebeu que deve ter batido na parede mais forte do que pensava inicialmente.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo
Capítulo AnteriorPróximo Capítulo