Cinco

"Por favor, Diego, me deixa ir," eu implorei mais uma vez, sabendo muito bem que ele nunca escutava.

Os olhos de Diego me encaravam enquanto ele estava parado na minha frente na ala do hospital, sua presença sufocante e traumatizante ao mesmo tempo que as memórias do passado me inundavam.

Tentei me libertar desse domínio, mas sem sucesso. Tentei dar um passo para trás, mas minhas pernas pareciam presas ao chão.

"Você está ainda mais bonita do que eu me lembrava, Sofia," Diego disse, sua voz baixa e rouca.

Meu coração disparou enquanto ele falava, "Diego, por favor. Me deixa em paz."

Mas parecia que ele não conseguia se forçar a me deixar ir. As lembranças da minha experiência como refém de Alfa Diego me envolviam à vista dele.

Faz quatro malditos anos. Eu tinha escapado e esperava nunca mais encontrar esse monstro, mas aqui está ele, ele me encontrou novamente.

'Como ele me encontrou? O parque dele fica a quilômetros daqui, alguém ao meu redor deu informações sobre mim?' eu pensei.

Quatro malditos anos. Esse é o tempo que faz desde a última vez que vi Diego. Quatro anos desde que ele destruiu meu mundo, desde que ele me quebrou, desde que ele tirou minha virgindade.

E agora, aqui está ele, parecendo devastadoramente bonito como sempre. Seu olhar penetrante ainda me dá calafrios.

Como ele ousa aparecer agora? Depois de todo esse tempo? Depois de tudo que ele me fez passar?

Minha mente corre com perguntas. O que ele quer? Por que ele está aqui?

Os olhos de Diego encaravam os meus, seu olhar ardendo de desespero. Eu sentia que ele sabia cada pensamento meu.

Pensei que tinha superado. Mas só de ver Diego, tudo voltou como se fosse ontem.

As memórias, a dor, o medo, tudo ainda estava lá, logo abaixo da superfície, esperando uma chance de emergir.

Não vou deixar ele fazer aquelas coisas comigo de novo, eu disse a mim mesma. Não vou deixar ele me quebrar mais uma vez. Mas vê-lo novamente despertou uma parte de mim que eu pensei estar enterrada há muito tempo, uma parte que ainda deseja seu toque, sua obsessão.

"Não," exclamei internamente. "Eu não vou seguir por esse caminho de novo."

A voz de Diego rompeu o silêncio. "Sofia." Ele chamou.

Meu coração disparou. Sua voz profunda e misteriosa me deu calafrios.

Diego me encarou "Quatro anos de saudade, Sofia, quatro anos de desejo, quatro anos de perguntas, de sonhar com você, atormentado pelos pensamentos do que aconteceu com você e a maldita gravidez..."

"Eu não posso te deixar ir, Sofia, não agora nem nunca." Ele disse, sua voz baixa e ameaçadora.

Meus olhos brilharam defensivamente, mas havia algo além disso. O medo, a vulnerabilidade. "Por favor..." eu sussurrei, minha voz tremendo. "Me deixa ir."

A risada de Diego ecoou pela sala enquanto ele estendia a mão, seus dedos traçando minha linha do maxilar, "Você acha que vou te deixar ir tão facilmente? Você ainda é minha, Sofia."

"Não, eu não sou," eu sussurrei tentando me afastar, mas o aperto de Diego se intensificou.

Seus olhos brilharam com desejo. "Seu cheiro, sua voz, seu toque, seu gosto... tudo ainda está gravado na minha memória," ele disse.

Minha pele se arrepiou de desconforto. 'É isso, memórias. Essas mesmas memórias são o que eu não quero lembrar, memórias que me traumatizaram por quatro malditos anos,' eu pensei.

Ele olhou profundamente nos meus olhos como se pudesse ouvir meus pensamentos, seu olhar ardendo com intensidade. "Você ainda é assombrada por essas memórias, não é?" Diego perguntou, sua voz baixa e gentil.

Tentei desviar o olhar, mas o aperto de Diego no meu braço se intensificou. "Não negue, Sofia. Eu posso ver nos seus olhos."

Meu coração disparou intensamente, tentei me desvencilhar dele. "Me deixa ir, Diego."

Mas o aperto de Diego só se fortaleceu. "Não até você me ouvir," ele disse.

A porta da ala do hospital se abriu, e uma enfermeira entrou. "Está tudo bem aqui?" ela perguntou, seus olhos fixos no aperto de Diego no meu braço.

O sorriso de Diego encantou a enfermeira. "Apenas uma discussão de família, querida," ele respondeu.

A enfermeira assentiu e saiu rapidamente, nos deixando sozinhos mais uma vez. O foco de Diego voltou para mim.

"Por favor, me deixa em paz, Diego," implorei mais uma vez, sabendo muito bem que ele não iria ouvir.

Em vez de escutar meu pedido, mesmo que por uma vez, a determinação de Diego só cresceu. "Quero saber o que aconteceu com você depois que saiu, Sofia, para onde você foi? Quem você conheceu? Quem te ajudou a escapar?"

Tentei empurrá-lo, mas a força de Diego me dominou, me deixando sem esperança. "Você não tem o direito de me fazer essas perguntas, Diego," eu retruquei, tremendo.

O rosto de Diego estava a poucos centímetros do meu, e seu hálito sussurrava contra minha pele. "Eu tenho todo o direito, Sofia. Você é a mãe dos meus filhos," ele cuspiu.

Meu coração disparou ao ouvir "meus filhos".

Tenho certeza de que consegui escapar antes que os homens do Alfa Diego chegassem ao hospital há quatro anos. Como ele sabia sobre meus filhos? Ele conseguiu a informação com o médico? As perguntas me dominaram.

"Onde estão meus filhos?" Ele exigiu.

Meu medo aumentou. "Você nunca vai tirá-los de mim, Diego," eu disse, minha voz tremendo. Eu não suportaria ver meus filhos com Diego.

Os olhos de Diego suavizaram. "Eu não vou machucá-los, eu prometo. Eu preciso saber onde eles estão e como eles têm estado todos esses anos."

Eu o encarei. "Você nunca terá a custódia, Diego."

O sorriso misterioso de Diego me deu arrepios. "Veremos sobre isso," ele disse, sua voz ameaçando meu interior.

Quando os lábios de Diego roçaram os meus, senti uma faísca de eletricidade. "Não, eu recusei ceder."

"Pare com isso," eu sussurrei, empurrando-o para longe.

Os olhos de Diego se estreitaram. "Você ainda sente, não sente? A conexão entre nós, Sofia?"

Eu balancei a cabeça. "Não, Diego, não existe tal coisa como uma conexão entre nós," respondi.

Mas o olhar de Diego me atravessou. "Não minta, Sofia. Eu posso sentir seu desejo, seu anseio pelo meu toque."

Meu rosto queimou de vergonha. Como ele ainda podia me afetar? Depois desses anos tentando reconstruir minha vida após a tortura implacável de Diego, eu ainda sentia um pouco de excitação ao vê-lo, tanto quanto estava apavorada.

A voz de Diego caiu para um sussurro, como se ele pudesse ouvir meus pensamentos. "Eu vou fazer você minha novamente, Sofia. Anote minhas palavras."

Nesse momento, houve uma batida na porta e um enfermeiro entrou. "Sofia, o que está acontecendo aqui?" ele perguntou, seus olhos fixos no aperto de Diego.

Diego me soltou, seu olhar fixo no enfermeiro. "Apenas colocando a conversa em dia com a enfermeira Sofia," ele disse.

Os olhos do enfermeiro se estreitaram. "Você precisa sair agora, senhor." Ele disse a Diego.

O sorriso de Diego me deu arrepios. "Isso não acabou, Sofia." Ele disparou.

Com isso, ele se virou e saiu, deixando-me sozinha com o enfermeiro.

"Você está bem?" Ele perguntou, seus olhos cheios de preocupação.

Eu assenti, ainda abalada. "Sim," respondi enquanto o observava sair.

As palavras de despedida de Diego ecoaram na minha mente: "Isso não acabou, Sofia."

Fiquei paralisada, meu coração acelerado enquanto suas palavras ecoavam continuamente. Como ele ainda podia me afetar?

Quando recuperei meus sentidos, me movi até a porta, encostando-me nela com o coração pesado.

"Controle-se, Sofia," sussurrei para mim mesma.

Mas o cheiro de Diego permanecia, provocando meus sentidos. Eu sentia um misto de alívio e frustração.

Por que diabos ele tinha que voltar agora? Por que ele tinha que despertar todas essas emoções esquecidas novamente?

"Sai da minha cabeça, Diego," sussurrei para mim mesma.

Mas suas palavras permaneciam, "Isso não acabou, Sofia."

Balancei a cabeça em frustração. O que ele queria de mim? Por que ele não podia simplesmente me deixar em paz?

Tenho tentado tanto deixar essas memórias traumatizantes para trás, mas a visão de Diego despertou todas elas.

Tentei ignorar o que havia acabado de acontecer, mas por dentro, eu estava um caos. O reaparecimento de Diego havia despertado uma parte de mim que eu pensava estar enterrada há muito tempo.

"Por que agora?" me perguntei. "Por que depois de todos esses anos?"

Memórias inundaram minha mente, o toque de Diego, seus beijos, sua possessividade, sua tortura.

"Não," disse a mim mesma firmemente. "Eu não vou seguir por esse caminho novamente."

Mas os olhos de Diego, seu sorriso, suas palavras... tudo me assombrava, me mantinha presa e eu não conseguia me libertar.

Nesse momento, meu telefone tocou, e eu atendi. "Oi, como está seu dia?" Leon perguntou, sua ligação uma distração, me despertando dos meus pensamentos.

Eu hesitei, incerta sobre quanto revelar. "Interessante," respondi.

O tom de Leon ficou sério, notando a inquietação na minha voz. "O que aconteceu?"

"Nada sério, estou apenas estressada com o trabalho," disse, encobrindo o que havia acabado de acontecer.

"Tudo bem, querida, pegue leve com você mesma, tudo vai ficar bem." Ele disse.

"Eu espero que sim," respondi.

"Te vejo em casa." Ele disse, desligando.

A tranquilidade de Leon acalmou meus nervos. Mas eu não conseguia afastar a sensação de que o reaparecimento de Diego havia desencadeado uma reação em cadeia, uma que mudaria tudo.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo