


Parte 3
Respirando fundo, ela o encarou. Mia não fazia ideia do que ele iria falar. Podia ser sobre várias coisas, e isso a assustava. Não saber o assunto exato a deixava nervosa, e ela poderia se atrapalhar e fazer papel de boba na frente dele. Ela não é muito eloquente quando se trata de falar com Damon a sós. Algo que ela precisa aprender.
"Hum... senhor. Posso saber sobre o que o senhor quer falar?"
Damon lambeu os lábios. "Recebi um e-mail de lembrete da sua universidade. Como seu chefe, eu preciso fornecer um certificado de caráter antes de você se formar ou algo assim? É isso mesmo?"
Droga. Mia quase esqueceu disso. Como ela não leu os e-mails dele? Que dia estúpido para se atrasar no trabalho! Antes, ela pensava que o Sr. Rossi seria gentil o suficiente para lhe dar um certificado incrível por todo o trabalho que ela fez para ele, mas agora ela não tem certeza. Damon pode ser um pouco duro às vezes, então isso a assustava, e é por isso que ela estava adiando pedir a ele. Além disso, eles tinham quatro meses até lá, talvez ela conseguisse mudar a opinião dele sobre ela.
"Sim, senhor... Eu esqueci de informá-lo sobre isso."
Damon bufou. "Você tem feito isso muito ultimamente, Srta. Grace. Distraída por alguém?"
Sim, você! Ela se conteve de responder à pergunta invasiva dele e apenas balançou a cabeça. Afinal, ele não tinha nada a ver com o quanto ela era afetada por ele, mesmo depois de meses. "O Martin sabia disso. Ele ia dar o certificado, mas..."
"Mas eu assumi, e você precisa pegar o certificado do seu empregador atual." Seu chefe terminou com um sorriso nos lábios. Ele estava tramando algo? Isso fez seu estômago revirar só de pensar em como aquela notícia trouxe uma nova expressão nele. De certa forma, ele tinha controle sobre o diploma que ela tanto trabalhou para conseguir.
O certificado valia cinquenta por cento das suas notas, que seriam adicionadas ao seu escore final. Sim, ela estava ferrada. Engolindo em seco, ela fez contato visual. "Sim, senhor."
"Bom saber. Acho que tudo acontece por uma razão. Você chegar atrasada e eu encontrar aquele e-mail endereçado a mim." Damon soltou uma risada curta.
Mia mordeu os lábios. Isso não era algo com que ela pudesse concordar quando se tratava dela. Ela o interrompeu bruscamente. "É só isso, senhor?"
Ele murmurou, fechando o arquivo. "Por enquanto. Se eu fosse você, faria meu trabalho com muito mais cuidado, Srta. Grace. Apenas uma sugestão."
Mia revirou os olhos e lhe deu um sorriso, doce demais para ser verdadeiro. "Obrigada pelo conselho, senhor!" E então bateu a porta atrás de si.
Quando chegou à sua mesa, fez questão de se jogar na cadeira com força extra só para fazer barulho. Mia estava tão irritada com ele, com aquele sorriso estúpido e bonito e aquela cara arrogante. Pena que ela não podia socá-lo.
Só mais quatro meses. Mia se tranquilizou.
Nesse momento, seu telefone apitou.
Estou com fome.
Mia piscou para o celular algumas vezes. Era do Damon, claro. Ele a tinha mandado uma mensagem. Ela tinha o número dele, e eles só trocavam mensagens sobre assuntos de trabalho ou quando ele queria gritar com ela por algo que ela fez errado. Na maioria das vezes, ele lembrava disso quando estava em casa, sozinho. Muito estranho, de fato. Se ela não conhecesse os hábitos workaholic dele, pensaria que ele estava arranjando desculpas para falar com ela.
Hum, ela digitou, sem saber como responder antes de finalmente escrever. Ok?
você deveria me ajudar, eu sou seu chefe
Claro, senhor. É para isso que estou aqui.
Mia esperava que ele conseguisse detectar o sarcasmo por trás daquela resposta simples. Na maioria das vezes, ela queria gritar com ele porque, alguns minutos antes, eles estavam na mesma sala. Ele poderia ter dito isso facilmente em vez de mandar uma mensagem.
Alguns segundos se passaram antes que seu telefone apitasse novamente.
Damon começou a listar o pedido de bolo mais ridículo que ela já tinha visto na vida, mencionando pelo menos umas confeitarias chiques que nem pareciam reais. Então esse era o pedido dele para um lanche da tarde. Mia não fazia ideia de que ele tinha lanches da tarde, e ela já trabalhava para ele há seis meses. Seu chefe também pediu que ela trouxesse o bolo de volta nas próximas três horas.
Ela ficou olhando para o telefone, para a porta vazia do escritório dele e depois para a pilha de papéis em sua mesa.
Você está falando sério?
Embora ela tivesse uma forte vontade de usar a palavra com f, foi educada. Seu destino estava nas mãos dele.
Damon respondeu com o emoji do diabo; ele é um verdadeiro idiota.
Sua resposta imediata foi ligar para Jane, que garantiu que não existia tal sabor de bolo e, mesmo que existisse, eles teriam que ser encomendados com antecedência. Então, sim, Mia estava em pânico. Ela mesma foi de confeitaria em confeitaria pedindo bolo de marshmallow com manteiga de amendoim, mas nenhuma delas tinha.
Mia decidiu passar quinze minutos vagando por Nova York só para ter certeza, mas desde o momento em que Damon enviou aquela mensagem, ela sabia. Ele poderia estar testando-a. Por isso ele lembrou do certificado de caráter. Ela não iria falhar.
Foi por isso que ela fez um bolo. Isso mesmo, você ouviu direito. Mia assou um bolo. Jane pegou todos os ingredientes no caminho de volta enquanto Mia limpava a cozinha do escritório. No final, o bolo ficou uma maravilha, e ela estava muito orgulhosa quando entrou no escritório carregando-o em uma caixa e coberta de farinha—um pouco no rosto e no queixo.
"É isso que você fez nas últimas três horas?" Renee zombou, enrolando o cabelo no dedo. Ela era uma daquelas pessoas que adoram zombar dos outros para se sentir melhor. É triste, na verdade.
"E o que você fez, Rene? Acabou com a fome no mundo?" Jane provocou.
"É Renee."
"Como se eu me importasse."
Naturalmente, elas não se davam bem. Jane era muito doce, gentil e, no geral, um amor que adorava abraçar, admirar caras bonitos e fofocar, enquanto Rene era um completo demônio. Isso é tudo que Mia tinha a dizer.
"Ok, eu preciso ir agora." Com isso, Mia cambaleou, correndo em direção ao elevador, com o bolo seguro em suas mãos.
"Segure o elevador, por favor!" Ela gritou quando as portas estavam prestes a fechar.
Mia observou enquanto as portas se abriam e um homem atraente com cabelo curto e escuro e uma barba espessa apertava o botão de baixo. Ele parecia um pouco aflito, mas apologético.
"Desculpe," ele sorriu, endireitando o blazer. Seus olhos escuros lembravam um filhote de cachorro, parecendo muito suaves e gentis. Ele não parecia muito mais velho que Damon e era apenas alguns centímetros mais alto.
"Tudo bem," ela devolveu um sorriso apertado enquanto o elevador começava a subir.
"Ah, bem, estamos indo para o mesmo andar," o estranho riu, virando-se para ela e colocando as mãos atrás, nos trilhos. "Para quem você trabalha? Dro?"
"Eu- o quê?" Ela franziu o rosto com as palavras dele, sentindo-se nervosa e com as bochechas esquentando antes de entender. "Damon Rossi? Então sim. Eu sou Mia Grace."
Os olhos do homem se arregalaram de surpresa. "Oh. Você é a Mia!"
O que aquele tom exagerado significava? Seu rosto estava queimando agora, e ela só podia esperar que o elevador estivesse quase chegando ao topo. A última coisa que ela queria era ser questionada mais no elevador enquanto segurava um bolo.
O homem imediatamente suavizou. "Oh, desculpe, deixe-me me apresentar-"
Mia estava tão perdida em seu constrangimento que não percebeu que o elevador havia parado de se mover, e as portas estavam abertas, onde Damon estava com uma expressão neutra. Quando ele viu outro cara, seu maxilar se contraiu.
"Norton."
"Ei, Dro!"
"Não me chame assim," seu chefe rosnou. Uau, que hostil.
"Sempre tão educado," o estranho riu enquanto dava um tapinha no braço dele.
"Vá esperar na sala de conferências, estarei lá em um minuto," Damon revirou os olhos enquanto apontava para a sala de conferências. Quem ele era exatamente?
Norton concordou e imediatamente acenou para Mia antes de passar por eles. Assim que ele saiu, a jovem de vinte e cinco anos sentiu que podia respirar. Era muita tensão.
Damon olhou para ela, sem palavras. "Isso é?" Ele começou a perguntar.
"Bolo de marshmallow com manteiga de amendoim?" Ela completou. "É um desses." Ela colocou o bolo nas mãos dele e abriu a caixa, revelando o bolo e se orgulhando da aparência dele. Tão perfeito.
"Você," Damon começou, balançando a cabeça. "Não existe bolo de marshmallow com manteiga de amendoim. Onde você encontrou isso?"
Mia enfiou o dedo na cobertura do lado e colocou na boca. "Eu assei."
Seu chefe engoliu em seco. Seu pomo de Adão subiu e desceu com a ação. Ele ainda era muito atraente, apesar do comportamento. Mia debateu se deveria 'acidentalmente' pisar no pé dele. "Você," Damon murmurou. "Você assou?"
Mia costumava trabalhar em uma padaria antes de conseguir um emprego com os Rossi. Então, tem isso.
Ela piscou. "Erm, sim, não era isso que você queria?"
"Hum... claro," seu rosto dizia o contrário. Ha!
Mia: 1 Damon: 0
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