Prólogo

A lua atingiu seu ápice, seu brilho carmesim penetrando pelas nuvens negras nebulosas que flutuavam pelo céu ardente, trazendo caos, engano e sangue ao mundo. Por mais maléfica que parecesse, era igualmente bela. Cativante até.

Como a maioria das criaturas em Eldora, uma jovem garota, Valerie Carson, observava dentro da escuridão de sua masmorra.

Sua pele arrepiava de raiva, um efeito comum nas noites de lua cheia. Ela sentia seu lobo rosnar com um desejo desesperado de ser libertado. De uivar para a lua e correr com sua matilha, seus irmãos. Nunca permitiu isso, não só porque não podia, mas porque, se tivesse a escolha, não o faria.

Não aqui. Não nesta masmorra.

Seu cabelo branco impressionante, quase prateado, estava úmido pela chuva. A água entrava pela pequena janela alta demais para seu corpo alcançar. Ela se encolhia toda vez que o trovão ribombava e o relâmpago rasgava o céu.

O medo envolvia sua alma. Era um sentimento familiar que ela começou a chamar de lar há muito tempo. Cada vez, ele apertava lentamente até que ela não pudesse respirar ou se mover. Era como seu próprio laço pessoal.

Lentamente, como sempre, esse laço começou a apertar enquanto passos ecoavam pela masmorra escura. À medida que se aproximavam, a risada familiar e perturbadora dele ficava mais alta. O som em si rastejava por seus ossos, congelando seu sangue.

Esse era o poder dele sobre ela. Ele a fazia ter medo.

A porta range quando ele entra na masmorra. Seus olhos negros a observam com tanto desagrado que a faz se contorcer de ódio e desgosto por si mesma. Como seu pai, ele tinha à disposição o poder de fazê-la sentir coisas. Coisas odiosas, horríveis. Um simples olhar podia fazê-la questionar por que ela merecia o oxigênio que respirava.

Sentimentos a sufocavam quando aqueles olhos penetravam sua alma, mas essa era a vida que ela havia aceitado.

Valerie, inconscientemente, se encolhe na escuridão da masmorra, esperando que as sombras a escondam de seu olhar sedento de sangue. No final, não foi suficiente e ele a agarra violentamente pelo cabelo, seus punhos apertados ao redor de seu crânio a faziam sentir como se ele estivesse prestes a arrancar seus miolos.

Ela teria gritado, mas tal reação só agradaria seu pai.

Como sempre; ela sofre em silêncio.

A surpresa substitui seus medos quando ela é arrastada para fora da masmorra e para o mundo pela primeira vez em 5 anos.

Ela conhecia cada solavanco, curva e arranhão daquela masmorra até a última teia de aranha. Ela podia até lembrar como elas brilhavam ao luar. Cada detalhe, por menor que fosse, estava gravado em seu cérebro.

Ela não estava preparada quando um suprimento fresco de oxigênio passou por sua língua, desceu por sua garganta e encheu seus pulmões. Parecia limpo e refrescante. Ela se deliciou temporariamente, esquecendo sua situação, enquanto seu pai a arrastava pela terra até o outro lado, onde sua matilha corria.

Ele se abaixa até a altura dela. Mãos frias agarram seu rosto, seus olhos se encontram. "Por que devo ser amaldiçoado com você?!" ele rosna para ela. Seus olhos brilham em um amarelo dourado, um sinal claro de que seu lobo está presente. "Você não é minha filha. Você não pode - e nunca será - minha herdeira," ele fala cada palavra lentamente, pronunciando as letras com tanto desgosto que parecia que ele a havia acabado de esfaquear.

Ele bem que poderia ter feito isso.

Ele revela uma pequena faca de prata no bolso de seu casaco, sorrindo enquanto observa o horror distorcendo a expressão assustada de sua filha e aproveitando cada segundo de seu sofrimento. Pegando sua mão, ele corta sua palma; ela não geme, não chora; ela apenas o observa em estado de choque, a realização surgindo nela.

"Valerie Carson, como alfa dos bloodhounds, você está banida e despojada do nome Carson!"

Ela nunca o considerou um monstro... até agora. Laços se romperam, um por um a luz de seus companheiros de matilha diminui lentamente. Eles eram sua única fonte de calor, e agora ela está deixada apenas com a dura tempestade de inverno.

Como se não pudesse piorar, piorou.

Sua alma se partiu. Nia - seu lobo - parecia um ser completamente novo dentro dela. Ela sentiu sua conexão morrer e uma dor como nenhuma outra a envolveu. Pela primeira vez, ela gritou. Ela gritou alto o suficiente para abalar os céus. Alto o suficiente para sacudir Eldora. Alto o suficiente para o mundo sentir sua dor avassaladora.

Ela ficou apenas com a dor.

Nia estava assustada, sozinha e incrivelmente furiosa. Ela começa a perder o controle de si mesma. A insanidade arranhava animalisticamente sua mente, ameaçando escapar e matar. Ameaçando se tornar uma renegada.

"Você sente isso, filha!" ele grita, com a cabeça inclinada para trás e gritando para a lua, rindo como o maníaco que é. "A insanidade arranhando sua mente?" ele uiva, expressando cada palavra lentamente e sadicamente. "Você se tornará uma renegada, e eu vou te matar quando vir esses olhos vermelhos." Uma promessa sombria paira em suas palavras, "Quando eu mostrar ao mundo o monstro que sei que você é, vou arrancar seu coração com minhas próprias mãos e assistir você cair," a raiva a dominou, Valerie falou antes que sua mente percebesse o que ela havia feito.

"Não!" Ela estala, seu tom tinha uma borda letal estranha aos seus ouvidos. Observando a expressão de surpresa de seu ex-Alfa. "Eu não me tornarei uma renegada. Eu prometo isso a você." Ele viu a promessa em seus olhos, familiar ao olhar que ele lhe deu mais cedo quando prometeu matá-la. Seus olhos ardiam como fogo e enxofre. Mas ele deu uma única olhada em sua figura fraca e patética e zombou.

"Veremos. Até a próxima, filha." E enquanto o relâmpago rasga o céu, ele se foi. Deixada em um mundo desconhecido para ela; um mundo de criaturas estranhas, Reis e Rainhas, escuridão e luz, todos costurados juntos pela magia criando seu mundo. Criando Eldora.

Raiva e vingança queimavam forte em suas veias. Seu único objetivo é ficar mais forte. Tornar-se poderosa—uma guerreira.

Sua promessa à lua cheia pairava sobre ela, a dor sombreando cada respiração acordada. A escuridão é seu único lugar de conforto em Eldora.

Ela nunca se tornará uma renegada ou um monstro porque quando se encontrarem novamente, ela cravará seus olhos ametistas que ele odeia nos dele, e o matará.

Capítulo Anterior
Próximo Capítulo
Capítulo AnteriorPróximo Capítulo