Capítulo 1
Hillcrest Bureau de Detetives.
A atmosfera no escritório do Capitão Detetive era sufocante.
Travis Smith estava de pé junto à janela, o rosto sombrio enquanto olhava para fora, segurando um relatório de caso firmemente na mão.
"Jay estava prestes a se aposentar, como ele poderia cometer suicídio de repente?"
"Não foi um acidente? Ele foi eletrocutado enquanto consertava um aparelho..."
"Falem baixo! Tem uma reunião acontecendo no andar de cima."
As vozes dos oficiais discutindo eram claramente audíveis para Travis.
"Chefe Johnson!"
A voz do lado de fora trouxe Travis de volta à realidade. Ele enxugou os olhos ligeiramente avermelhados.
Travis notou uma mulher ao lado de Carter Johnson.
Ela parecia ter cerca de vinte e sete ou vinte e oito anos, mas o que chamou a atenção de Travis foram seus olhos. Eles eram incomumente calmos, como um lago tranquilo.
"Chefe Johnson."
Carter acenou ligeiramente com a cabeça, "Deixe-me apresentá-la."
"Esta é Elaine Garcia, nossa nova consultora de psicologia criminal e forense."
"Ela é um talento especial aprovado pela sede e será um ativo técnico importante para sua equipe."
"Capitão Smith, estou ansiosa para trabalhar com você," Elaine falou lentamente.
Travis a olhou de relance. A nova colega tinha traços suaves e não parecia um talento especialmente aprovado pela sede.
Ela parecia mais uma funcionária de escritório preenchendo formulários em um prédio corporativo.
Alguém como ela realmente poderia ajudar nas investigações? Travis estava cético.
Ele acenou com a cabeça indiferentemente, não dando muita atenção a Elaine.
Ela parecia alguém que estava ali apenas para ganhar alguma experiência, então era melhor evitar envolvê-la demais.
Carter se sentiu um pouco desconfortável com a indiferença de Travis e pediu desculpas a Elaine, "Elaine, por favor, não ligue para ele."
Mas Elaine não parecia se importar. Em vez disso, ela olhou para a análise do caso no quadro branco.
Depois de examiná-la por um tempo, ela de repente perguntou, "Onde está o relatório de evidências da cena? Posso vê-lo?"
Todos olharam para Travis. Ele franziu ligeiramente a testa, mas acenou com a mão, "Dê a ela."
"Este é o caso da morte por eletrocussão no lado leste da cidade. O falecido é Jay Lewis, um detetive que estava a três dias da aposentadoria."
"A cena foi determinada como um acidente, consistente com todas as características de uma eletrocussão acidental."
Kelvin Perez forneceu uma breve introdução ao caso.
Todos os detetives ouvindo sentiram-se um pouco nervosos por Elaine.
Travis era conhecido por seus padrões rigorosos, especialmente com aqueles que entravam por meio de conexões.
"Eu não acho que a Srta. Garcia vai durar muito aqui."
"É uma pena. Outras equipes têm mulheres, mas nossa equipe é cheia de testosterona. Finalmente conseguimos uma mulher bonita, e ela não vai ficar."
"Agradeça. Mesmo que ela seja apenas um rostinho bonito, é bom ter algo agradável para olhar enquanto trabalhamos."
Elaine folheou rapidamente o relatório, seus olhos focados.
Travis a observava com os braços cruzados.
O relatório era fino, com apenas algumas fotos e uma 'nota de suicídio' de Jay.
O falecido, Jay, foi encontrado com suas roupas de casa, caído em frente ao armário da TV.
Sua mão estava em uma tomada molhada.
As portas e janelas estavam intactas, sem sinais de arrombamento, e seu corpo estava coberto de queimaduras elétricas.
Não havia álcool ou toxinas comuns em seu sistema, tudo apontava para uma eletrocussão acidental.
[Doente por muito tempo... cansado... finalmente livre... desculpe...]
Essa era a curta nota de suicídio, montada de forma fragmentada.
Todas as evidências apontavam para um suicídio motivado por uma doença de longa data.
O olhar de Elaine parou na próxima foto.
Na foto, perto da base do dedo mindinho direito do falecido, havia uma pequena marca queimada de forma irregular.
Elaine voltou para a foto anterior da nota de suicídio ampliada.
Tudo parecia normal, mas, ao observar mais de perto, o traço da palavra 'desculpe' parecia rígido, não um final natural.
Parecia que tinha sido pressionado à força por uma força externa. Isso era muito estranho.
Elaine fechou o arquivo do caso e disse: "Eu preciso ir ao local."
Seu tom era calmo, com uma autoridade profissional que não podia ser questionada.
Travis olhou para Elaine, "A cena já foi limpa! A causa da morte foi preliminarmente confirmada. O relatório e as fotos não são suficientes para você?"
Elaine olhou para ele, seus olhos calmos brilhando com determinação e um toque de acidez.
"Capitão Smith, apenas olhando as fotos e o relatório, posso apenas dizer que os ferimentos externos correspondem à eletrocussão."
Ela pegou algumas fotos, sua voz firme, "A verdade muitas vezes se esconde em detalhes negligenciados."
"A mão esquerda do falecido estava na tomada, então como a mão direita teve aquela marca de queimadura incomum?"
"E o traço rígido no final da nota definitivamente não foi escrito naturalmente."
Apontando para um canto da foto, ela continuou, "Há um arranhão muito leve na parte inferior deste banquinho de madeira."
"Pelos sinais, parece novo, não de desgaste natural. Esses detalhes não estão detalhados no relatório."
O escritório ficou em silêncio, e os detetives do lado de fora arregalaram os olhos, olhando para Elaine com descrença.
"Esses são exatamente os pontos que o Capitão Smith mencionou!"
"Meu Deus, acho que ela realmente vai ficar com a gente."
"Como eles percebem esses detalhes tão minúsculos? Eles não são humanos!"
Carter também estava surpreso, um leve sorriso se formando no canto da boca. Esta Elaine enviada pela sede parecia ser diferente.
Travis olhou para Elaine. Em apenas alguns minutos, ela havia notado esses detalhes.
E aquele olhar questionador, ela estava desafiando ele?
"Tudo bem, Kelvin, Kian! Vocês dois acompanhem a Srta. Garcia e forneçam os registros mais detalhados."
"Entendido."
Elaine saiu do escritório, carregando seu kit de ferramentas.
A reação de Travis foi inesperada para ela. Ela havia apontado as falhas e negligências de Travis no caso, mas ele não teve reação.
Esse cara era interessante.
O dormitório dos funcionários de Jay ainda tinha um cheiro persistente de umidade e eletrônicos queimados. Os móveis estavam cobertos com lençóis brancos.
Kelvin e Kian Miller, os dois técnicos designados por Travis, seguiram Elaine, segurando luzes de inspeção e dispositivos de gravação.
Eles estavam cheios de curiosidade sobre essa mulher.
Na equipe deles, Elaine era a única que ousava enfrentar Travis de frente.
Ao entrar no dormitório, os movimentos de Elaine se tornaram suaves.
Ela se aproximou do local onde o corpo foi encontrado; as marcas de piso molhado haviam secado.
Abrindo seu kit de ferramentas, ela colocou luvas de látex e se agachou.
Em vez de olhar para a posição da mão esquerda que havia se tornado o foco, ela observou a posição natural de descanso da mão direita de Jay quando ele estava deitado.
Ela pegou um mini aspirador e soprou suavemente na área.
Usando uma pinça especial, ela cuidadosamente pegou algo de uma junta de azulejo discreta.
"O que é isso?" Kelvin não pôde deixar de perguntar, segurando o dispositivo de gravação.
Na ponta da pinça havia alguns fragmentos minúsculos, menores que formigas.
A voz de Elaine era suave, "Eu não sei."
Ela pegou um pequeno saco de evidências, "Colete, o julgamento preliminar sugere resíduo metálico."
"Aqui, esta mancha marrom clara, não parece ser mancha de comida ou ferrugem."
Ela cuidadosamente esfregou uma pequena quantidade da mancha marrom com um cotonete estéril e a coletou.
Depois de fazer isso, Elaine finalmente se moveu para a posição chave que desencadeou o 'suicídio'.
