CAPÍTULO QUATRO.

(POV DA ANYA)

Logo, já fazia uma semana desde a morte do Alfa. Enquanto caminho para o meu quarto em uma manhã específica, não consigo evitar manter uma expressão carrancuda no rosto. Estou voltando de uma reunião com o conselho. Eles sugeriram que eu organizasse a festa para meus enteados para a cerimônia de acasalamento deles.

Mal viro no corredor, quando esbarro em um peito robusto. "Olhe por onde..." As palavras ficam presas na minha garganta quando tranco os olhos com Damian. Falando no diabo.

"Você deveria olhar por onde anda, Mãe." Ele diz com um sorriso sarcástico, enfatizando o 'Mãe'.

Sinto aquela raiva familiar ferver dentro de mim, desde a chegada dos gêmeos na alcateia. "Essa deveria ser minha fala, não acha?" Retruco, com os olhos semicerrados.

"É mesmo? Eu não fazia ideia." Ele diz calmamente, com um sorriso, fazendo meu coração bater mais rápido. Como alguém pode ser tão incrivelmente atraente?

"Indo para algum lugar?" Ele pergunta.

"É a sua festa de maioridade hoje à noite. Cerimônia de acasalamento." Eu digo.

"E é para lá que você está indo?" Ele diz sarcasticamente.

Rosno baixinho, me segurando para não dizer algo rude. "Para onde estou indo, não é da sua conta," digo, e faço menção de sair. Mal dou alguns passos quando sinto sua mão forte em minha cintura.

"Você está fora..." Começo a dizer quando ele me interrompe.

"Um conselho, Luna. Se vamos coabitar nesta alcateia, sugiro que não me provoque." E com isso, ele me solta.

Eu o observo sair, meu peito arfando. Posso sentir a raiva fervendo tão forte agora, e respiro fundo.

"Bastardo," murmuro e aliso meu vestido preto. Rosno baixinho, lembrando da cena constrangedora no meu quarto alguns dias atrás. Se há algo que odeio no momento, é a visão deles. Eles se parecem tanto com o pai, me fazendo querer machucá-los sem fim.

'Cerimônia de acasalamento, hein? Vamos ver como isso vai.' Sorrio e me retiro para o meu quarto.

Há uma batida na porta minutos depois. "Entre," murmurei, colocando minha mão confortavelmente na mesa e me recostando na grande cadeira em que estava sentada.

O Beta da alcateia entra na sala e faz uma reverência.

"Luna," ele diz, permanecendo em sua posição.

"Divulgue a notícia. Todas as fêmeas elegíveis e não acasaladas da alcateia devem estar presentes na cerimônia de acasalamento esta noite." Ordenei.

Ele faz uma reverência e sai, com um, "Entendido, Luna."

Ouvindo a porta se fechar, um sorriso se espalha no meu rosto. "Vamos ver como isso vai se desenrolar, Damian e Daemon."

...

Olho para o céu, da minha janela, colocando minha mão no parapeito. Faltam minutos para ele se erguer completamente e brilhar sua luz intensa.

Canto baixinho para mim mesma. O Alfa está morto, e é uma oportunidade perfeita para eu fugir da alcateia. Vinguei meus pais falecidos e todos aqueles aniquilados por uma causa justa. Um sentimento triste me envolve, e uma lágrima escorre pela minha bochecha.

Respiro fundo e me viro para descer para a cerimônia de acasalamento. O grande recinto atrás do castelo está lotado de pessoas quando desço. Dou mais uma olhada no meu vestido e sorrio cinicamente. Escolhi propositalmente uma roupa simples, esperando irritar os gêmeos.

"É bom ter vocês aqui, família," começo com uma voz clara. Todos os presentes se viram, focando sua atenção em mim. Respiro fundo e continuo.

"Como todos sabem, estamos todos reunidos para a cerimônia de acasalamento dos filhos do nosso falecido Alfa. Eles, esperançosamente, encontrarão suas parceiras esta noite." Digo, e desço, juntando-me a eles no térreo.

Vejo os gêmeos naquele momento, e não consigo evitar zombar. Eles estão vestidos com trajes atraentes, com aquele olhar orgulhoso irritante em seus rostos. Damian se vira naquele momento, trancando os olhos comigo. Viro o rosto, ficando ruborizada.

"Podemos começar," grito alto.

Todos nós recuamos, enquanto os gêmeos se dirigem para trás de uma grande árvore imponente. Um uivo alto enche a arena, e eu estremeço, de repente me sentindo submissa.

Dois grandes lobos pretos e cinzas emergem momentos depois. Vendo sua postura majestosa, me fez piscar.

"Lindos," não consigo evitar murmurar. Me recompondo, antes que meus pensamentos se descontrolem, viro o rosto. Por qualquer motivo, não quero vê-los escolher suas parceiras.

No entanto, momentos depois, os murmúrios da multidão me fazem voltar a atenção para os lobos gêmeos. Lá estão eles, ainda parados... sem ninguém. Pisquei e olhei ao redor. Nos rostos de todos os presentes, há uma expressão de constrangimento.

Sorrio. "Tudo que acaba bem, está bem." Eles não encontraram uma parceira, afinal.


Dou mais um gole no meu vinho, girando-o preguiçosamente. Me pergunto por que estou bebendo, afinal. Como regra, não bebo depois do anoitecer. A imagem dos lobos gêmeos passa pela minha mente naquele momento, e aperto a base do copo com força. Ignorando a sensação de queimação na parte de trás da garganta, dou outro grande gole.

Sacudo a cabeça violentamente, como se isso fosse suficiente para afastar os pensamentos dos gêmeos.

"Me pergunto o que você está fazendo aqui fora, mesmo depois da partida dos convidados." Ouço uma voz dizer, e passos se aproximam. Sei quem é sem precisar me virar.

"Para alguém que não conseguiu encontrar sua parceira esta noite, seu comportamento não é calmo demais, Damian? Posso te chamar de Damian, certo? Claro, afinal, sou sua madrasta." Zombo.

Ouço eles pararem, fazendo um sorriso preguiçoso se espalhar nos meus lábios.

"O que você disse?" Daemon sussurra.

"Exatamente o que você ouviu, querido enteado," sorrio, mantendo minha irritação sob controle.

"Eu aconselharia você a não nos chamar assim," Damian diz, estreitando os olhos.

Dou uma risada e me levanto lentamente. "Não deveria? Mas não é isso que vocês são? Meus enteados?" Dou de ombros, com um soluço.

Os gêmeos estão na minha frente em segundos, Damian segurando meu pulso e jogando o copo longe. Eu ofego. "O que você pensa que está fazendo?" Sibilo.

Ignoro o arrepio que percorre meu corpo ao toque dele. Resisto a olhar em seus olhos hipnotizantes, escolhendo em vez disso fixar meu olhar nos botões soltos de sua camisa.

"Me chame de seu enteado mais uma vez." Ele rosna baixinho. Engulo em seco, sentindo um súbito desejo no fundo do estômago. Meu corpo parece queimado pelo olhar intenso dele. Parece lava na minha pele.

"Você está me machucando, Damian," sussurro e ofego quando sinto o calor do corpo de Daemon atrás de mim.

"Não até você nos chamar de seus enteados." Ele diz.

Me pergunto como devo dizer isso, quando tudo o que quero é mergulhar nos braços deles ao mesmo tempo. Por que não notei o quão intoxicante é o cheiro deles?

Olho além do cabelo de Damian, minha posição me permitindo ver a Lua mudando para uma certa tonalidade de cor naquele momento. Franzo ligeiramente a testa. Por que a Lua está ficando vermelha escura? Isso não acontece apenas quando...

Entrando em pânico, olho nos olhos de Damian. E contra minha vontade, todos nós pronunciamos as palavras, "Companheiro."

Usando minha última gota de força, empurro Damian para longe. "Saia de perto de mim. O que você pensa que está fazendo?" Eu devo ter repetido essa única frase mil vezes já. Ele perde o equilíbrio e cai no chão.

"Deveríamos perguntar isso a você, Anya. O que você está fazendo?" Daemon pergunta com uma leve carranca, cruzando os braços. Damian se levanta e se endireita.

"Não tente negar seus sentimentos. Você só vai se machucar." Ele diz.

As palavras ecoam na minha cabeça. 'Não negue seus sentimentos.' Estreito os olhos. Talvez eu não negasse se a situação fosse mais favorável do que é atualmente. Esses caras são filhos do meu inimigo. Aquele que matou meus pais e me sequestrou. Não vou me permitir ser a companheira deles.

"Nunca, eu nunca serei sua companheira. Nenhum de vocês será meu companheiro." Cuspo com raiva.

Vendo a expressão que cruza seus rostos, continuo duramente. "Me rejeitem agora mesmo." As palavras foram mais duras do que qualquer coisa que eu já tenha dito.

O vento uiva ferozmente naquele momento, me fazendo abraçar a mim mesma. A Lua está completamente vermelha escura neste momento.

"Isso nunca vai acontecer, Anya," Damian diz com um sorriso.

Com suas palavras, todos os traços de calma desaparecem do meu semblante. Dou alguns passos em direção a eles e paro bem na frente deles. No entanto, meu movimento foi um erro.

O cheiro deles está mais forte desta vez, me fazendo inalar profundamente. O que está acontecendo com meu corpo? Meu olhar pousa nos lábios carnudos e deliciosos de Damian, e eu engulo em seco. O pensamento mal se forma, quando me vejo nos braços de Damian.

"Eu te disse para não negar seus sentimentos, Anya." Ele diz asperamente e pressiona seus lábios nos meus.

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