VI. O eco assombroso das escolhas

Eksel grunhiu ao desencaixar seu machado do crânio do oponente. A batalha continuava ao seu redor, mas os homens de Halfdan agora eram poucos demais para ele continuar lutando.

Ele inspirou profundamente enquanto tentava parar de tremer. A adrenalina correndo por suas veias era intensa, às vezes demais para seu corpo suportar. Ele apertou o machado com força antes de deixá-lo cair no chão com um baque pesado.

Sangue cobria seu peito e rosto. Ele podia sentir o cheiro e a viscosidade enquanto movia os músculos da mandíbula. Não podia enfrentar Elva assim, precisava lavar o sangue pelo menos.

Passos pesados esmagaram o chão atrás dele e ele girou rapidamente, levantando a espada em uma postura defensiva.

Sten recuou levantando as mãos em rendição, relaxando apenas quando Eksel abaixou as mãos e sorriu de lado.

"Halfdan não estava aqui."

Eksel suspirou, "Não estou surpreso."

Ambos olharam para a floresta, deixando seus olhares vagarem pela madeira escurecida.

"Você acha que ele está nos observando?" Sten falou com uma carranca.

"É possível."

"Não entendo, por que ele enviaria apenas alguns de seus homens? Ele devia saber que eles morreriam."

Eksel ficou tenso, girando nos calcanhares para olhar onde havia deixado Elva. Quando tudo o que pôde ver foi o dorso nu de seu cavalo, um pânico doloroso encheu seus pulmões.

"Onde ela está?" Ele rosnou, cerrando os dentes de raiva e vergonha devastadora.

Os olhos de Sten se arregalaram em compreensão antes de ele balançar a cabeça.

Eksel não esperou por uma resposta antes de correr em direção ao cavalo solitário. Seu coração batia fortemente contra o peito e ele segurou o pânico para não escapar. Se Halfdan a pegasse, não havia como saber o que ele faria com ela, até onde iria para causar-lhe dor.

Ele só podia culpar a si mesmo. Foi seu erro que inevitavelmente colocou um alvo em suas costas, e consequentemente nas costas de Elva.

Quando chegou ao cavalo, a terra perturbada tornou seu sequestro ainda mais real.

Ele fechou os olhos, forçando-se a engolir a raiva e o medo. Ficar furioso não a ajudaria, ele sabia que precisava se concentrar, mas levou alguns momentos para seu estômago se acalmar. Toda a morte e carnificina da luta não o fez sentir nem metade do enjoo que sentia agora.

Ele focou os olhos no chão, rastreando o movimento que encontrou na grama e na terra. Pegadas de cavalo o levaram diretamente para a Floresta de Bloodhill.

Ele ouviu Sten chamando-o, correndo atrás dele enquanto ele corria para a cobertura das árvores, mas ele abafou o som. O pensamento de Elva nos braços de Halfdan era aterrorizante, e era a única coisa que impulsionava sua velocidade e determinação.

Ele tinha que chegar até ela.

Ele correu pelas árvores, o galho ocasional arranhando seu rosto de vez em quando. O chão irregular era duro contra suas botas, mas ele só corria mais rápido enquanto procurava sinais no chão.

O grito dela cortou a espessura da floresta como uma faca. O medo era evidente na estridência do som e trouxe dor ao peito de Eksel, acendendo sua coluna em fogo.

Ele podia ouvir seus homens atrás dele, seus passos pesados contra o chão musgoso, mas ele não se importava. Ele acelerou o passo, sussurrando para si mesmo.

"Por favor, que ela esteja viva."

"Eksel!" A voz apavorada de Sten mal chegou aos seus ouvidos e ele decidiu mais uma vez ignorá-lo.

Ele se recusou a reconhecer o perigo em que estava se colocando. Ele não podia perder tempo pensando nisso agora, não quando precisava chegar até ela o mais rápido possível.

Outro grito rompeu seu pânico e a dor em seu peito aumentou ao perceber que ela estava perto.

Com a mente em um nevoeiro, ele correu em direção ao som do grito dela sem perceber que estava correndo para uma armadilha. A dor irradiou por ele, concentrada em seu lado e lentamente se espalhando por seu corpo.

Ele se sacudiu para trás, olhando para uma flecha cravada em seu torso. Ele grunhiu, cerrando os dentes enquanto agarrava a arma de madeira e a quebrava ao meio.

Ele a jogou no chão, parando ao enfrentar um Halfdan sorridente com uma Elva aterrorizada em suas mãos.

Ela olhou para ele com olhos arregalados, seu peito subindo e descendo enquanto um lampejo momentâneo de alívio cruzava seus olhos. Foi rapidamente substituído por preocupação e pânico quando ela notou o sangue que escorria pelo corpo dele.

Halfdan olhou para Eksel, sangue escorrendo pelo queixo e pelo peito.

Eksel olhou ao redor, notando os poucos homens que o cercavam. Ele olhou para Kos por um momento, cerrando os dentes de raiva, antes de voltar seu olhar para Elva.

Seu rosto suavizou ao olhar para ela, tentando comunicar que a tiraria dali viva e em segurança. Mesmo que fosse a última coisa que fizesse. Mesmo que custasse sua vida.

O pensamento o atingiu mais forte do que a flecha. Aquela pequena mulher tinha um poder sobre ele que ele não sabia que existia. A ideia de sua dor, ou pior ainda, sua morte, o abalava de horror. Fazia-o se sentir pior do que seu pai jamais o fez sentir.

Halfdan soltou uma risada ao ver os dois se olhando, fazendo Elva tremer. Ela fechou os olhos com força, cerrando os dentes enquanto ainda segurava o vestido rasgado contra o peito. As mãos de Halfdan encontraram seu caminho até a cintura dela, apertando sua pele dolorosamente.

Eksel sibilou de dor ao tentar avançar em direção a eles, para arrancá-lo dela e levá-la para longe.

Um baque ressoou, Elva gritou com lágrimas nos olhos e Eksel grunhiu. Levou um momento para ele registrar o som, e ainda mais tempo para sentir a dor no ombro.

Ele caiu de joelhos, quebrando a flecha que agora saía de seu braço.

"Por favor, não," Elva sussurrou, sua voz quebrando com seus suaves soluços.

Eksel fechou os olhos, tentando engolir a dor e se manter acordado, tentando se manter forte. Por ela.

Halfdan a girou em seus braços, agora apertando sua mão ao redor do pescoço dela, trazendo seu rosto a poucos centímetros do dela. Seus olhos se arregalaram em uma loucura furiosa, seu rosto ficando vermelho e suas veias saltando da pele em sua testa.

"Você implora por ele?"

Elva choramingou e Eksel forçou-se a ficar de pé, sibilando enquanto a dor irradiava por seu corpo. Ele só precisava aguentar um pouco mais.

Os olhos de Halfdan percorreram o corpo dela e seus lábios se curvaram em uma careta, "Você implora por um assassino?"

Elva agarrou o pulso dele, tentando afastá-lo, mas seu aperto era inflexível.

Eksel passou os dedos pelo cabo de sua faca, respirando profundamente pelas narinas. Ele mataria Halfdan.

"Pergunte a ele," Halfdan falou, acenando com a cabeça em direção a Eksel.

Elva franziu a testa, confusa, enquanto Halfdan soltava seu pescoço e a girava de volta para olhar para Eksel. Ela relutantemente desviou o olhar do homem enlouquecido para olhar para o homem que sangrava.

Sua faca parecia pesada presa no cós de suas calças, mas ele não conseguia se mover. Não quando ela estava tão perto de seu alvo. A dúvida sobre sua habilidade corroía sua mente, diminuindo sua confiança à medida que o tempo passava.

"Pergunte a ele por que eu o caço," Halfdan pressionou sua bochecha contra a dela, observando Eksel com um olhar odioso.

Elva observou enquanto Eksel de repente parecia inseguro de si mesmo, um braço tremendo, enquanto o outro permanecia escondido atrás de suas costas.

"Pergunte a ele!" A paciência de Halfdan se dissolveu em nada e ele pressionou uma faca afiada no pescoço de Elva.

"Por quê?!" Ela perguntou, recuando da lâmina.

Ela olhou para Eksel com tanta esperança e vulnerabilidade que o matou por dentro até mesmo abrir a boca e contar a ela. Ele não queria que sua curiosidade se transformasse em medo. Ele não queria que ela o odiasse como todos os outros.

Ele olhou para as árvores atrás deles e sabia que teria que ganhar mais tempo. Ele olhou de volta para Elva, desviando o olhar para Halfdan, que ria dele com autossatisfação.

Halfdan pressionou a lâmina mais forte contra a pele dela, fazendo-a ofegar, seus olhos suplicando a Eksel.

"Eu matei o filho dele," Eksel murmurou.

"Matou meu filho," Halfdan repetiu.

Elva choramingou.

"Ele era apenas um garoto," Eksel sussurrou hesitante.

Elva inalou bruscamente, e por um momento Eksel viu aquela dúvida e ódio que ele causava em todos. Ele queria pelo menos salvar Elva disso.

Halfdan tremia de raiva, jogando Elva para trás e avançando para Eksel enquanto perdia o controle de si mesmo.

E o inferno se soltou. Seus homens saíram de seus esconderijos nas árvores, atacando os homens de Halfdan.

Eksel não hesitou em enfiar sua faca no pescoço de Halfdan, observando enquanto ele percebia que seria ele a morrer, não Eksel.

"Eu teria deixado você viver," Eksel sussurrou enquanto o deitava no chão, agarrando seu braço que ainda segurava a faca e colocando-o em seu peito.

Sangue jorrou da boca de Halfdan, alívio inundando seus olhos quando ele ainda conseguiu segurar o cabo de sua arma.

O grito de Elva rompeu a névoa do momento e Eksel olhou para cima, lutando para encontrá-la enquanto seus homens e os homens de Halfdan lutavam.

"Merda, Eksel, você está sangrando," Sten apareceu ao seu lado, seu próprio corpo coberto de sangue.

Eksel grunhiu de angústia, ainda tentando escanear a floresta em busca de uma onda de cabelo amendoado.

Outro grito o levou diretamente a ela enquanto ela lutava contra o aperto de Kos. Ele a segurava firme em seu cavalo, tentando escapar da luta.

Antes que ele pudesse se mover ou até mesmo pronunciar uma palavra, Sten empurrou as rédeas de seu cavalo nas mãos de Eksel.

Ele rapidamente montou em seu cavalo, acelerando sua velocidade. A dor parecia desaparecer, suas feridas esquecidas enquanto o desespero tomava conta.

Kos seria o próximo homem que ele mataria, e ele o mataria lentamente.

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