


VIII. Acalmando o Selvagem
A adrenalina tinha passado e agora seu corpo inteiro latejava.
Ele cerrou os dentes, sibilando de dor enquanto se deixava cair de joelhos. Sua consciência ameaçava deixá-lo, mas ele não podia permitir isso. Ele não podia deixá-la sozinha.
Ele podia ouvir os movimentos da água e o pensamento dela nua e tão perto fez seu corpo vibrar com algo além da dor.
A vergonha o preencheu quando pensou na espiada que tinha dado.
Ele se virou imediatamente, sentindo-se como um predador por aproveitar-se do estado vulnerável dela.
Foi rápido, mas foi o suficiente para ver a curva de seus quadris e a depressão de sua cintura.
O pensamento o deixou tonto e ele cambaleou.
O som dos passos apressados dela chegou e quando ela apareceu diante dele, ele gemeu.
As sobrancelhas dela se uniram em uma carranca, preocupação marcando sua testa. Seus olhos estavam arregalados de preocupação e ela pressionou as mãos no ombro dele.
Ela pensou que ele gemeu de dor, mas ele gemeu ao vê-la. O vestido molhado dela grudava na pele como uma luva e os contornos de seus pequenos seios atraíam os olhos dele como um ímã.
Mas ele conseguiu de alguma forma desviar o olhar e olhou para os olhos cor de avelã dela.
"Você está bem?" Ela sussurrou.
Ele não respondeu, apenas cerrou os dentes enquanto se forçava a levantar. Ela se pressionou contra o lado dele, envolvendo o braço dele em seu ombro.
"Vamos," Ela respirou, guiando-o até a pedra.
Seus passos eram pesados, mas ela conseguiu manobrá-lo até uma rocha onde ele se sentou, suspirando de dor. Seus ombros caíram e ele grunhiu pressionando uma mão no ferimento do lado. Ele podia sentir a dureza da flecha e jogou a cabeça para trás, rindo de sua má sorte.
Ele a sentiu se mover ao redor dele até se acomodar na frente dele.
"Hum," Ela murmurou, seus dedos brincando com a barra da camisa dele.
Ele olhou para baixo, levantando uma sobrancelha quando inclinou a cabeça mais para baixo para olhar os dedos dela pressionando contra a pele de sua cintura.
Ele exalou pelas narinas, um arrepio percorrendo sua espinha.
Com um grunhido, ele rapidamente rasgou a camisa, respirando pesadamente como se tivesse acabado de lutar contra cem homens.
"Oh não," ela sussurrou, seus olhos cor de avelã encontrando os dele.
Lágrimas encheram seus olhos novamente e a maneira como ela olhava para ele o fazia se sentir tão humano. Tão normal. Ele nunca queria que ela parasse de olhá-lo assim.
Ele a observou, hipnotizado pela maneira como os lábios dela se moviam enquanto os mordia e pela maneira como seu peito subia e descia a cada respiração. Seu cabelo molhado grudava em suas bochechas, que estavam rosadas pelo ar frio. Ela amarrou o vestido em um nó fraco acima do ombro.
Ele teria que consertar isso para ela mais tarde. Ou dar uma de suas camisas.
Ele cerrou os dentes, pensando nela com suas roupas.
Os olhos de Elva viajaram pelo peito dele, absorvendo a extensão de seu torso antes de estremecer ao ver os ferimentos em seu corpo.
Certo, era hora de acabar com isso.
Ele inalou, preparando-se e segurou a ponta da flecha.
"Eu preciso que você a tire."
Os olhos dela se arregalaram em resposta e sua boca se abriu em choque.
Os olhos de Eksel se fixaram naqueles lábios perfeitos, desejando poder beijá-los até a dor desaparecer.
"Eu?" Ela sussurrou.
Ele se tensionou em antecipação e assentiu.
Ela alcançou a flecha, mas ele balançou a cabeça.
"Por trás," Ele mal conseguiu dizer as palavras enquanto começava a empurrar a flecha mais fundo em sua pele.
Elva ofegou e balançou a cabeça, "O que você está fazendo?"
"Concentre-se, pequena," Ele grunhiu.
Determinação inundou os olhos dela quando viu a dor que preenchia os dele. Seus lábios se levantaram enquanto ele fazia uma careta.
O som da carne dele fez com que ela fechasse os olhos.
"Concentre-se," Eksel implorou, sua voz quebrando enquanto ele empurrava a flecha mais fundo.
Elva exalou em rendição, posicionando-se atrás dele e segurando a ponta de metal que havia atravessado sua pele.
"Puxe," Sua voz quebrou.
Elva puxou, fechando os olhos, recusando-se a ver a maneira como a pele dele se abria e o sangue jorrava dele.
Seu corpo caiu para trás quando a flecha se soltou do corpo dele. Eksel gritou, caindo para a frente, respirando pesadamente como se estivesse morrendo.
Elva jogou a flecha no chão antes de rasgar rapidamente um pedaço de tecido de sua saia. Ela mergulhou o tecido na água e pressionou o pano frio contra o ferimento aberto dele.
Ele sibilou, mas lançou-lhe um olhar agradecido.
"Mais uma," Ele grunhiu.
Os olhos de Elva se voltaram para a flecha que ainda estava cravada em seu ombro.
Ela estremeceu, mas se moveu em direção a ela e repetiu o que acabara de fazer.
Eksel estava exausto e com tanta dor quando terminaram. Elva se moveu ao redor dele, limpando o sangue.
Quando ela começou a limpar suas costas, ela congelou, seus dedos deslizando sobre a pele dele. Eksel olhou para o chão, percebendo que ela podia ver as cicatrizes que marcavam sua pele.
Era tarde demais para esconder sua feiura dela.
"Suas costas," Ela respirou.
Ele agarrou o braço dela, puxando-a para frente dele, "Estou bem."
Mas ao olhar para ela, ele percebeu que ninguém jamais o havia olhado daquela maneira. Com compaixão.
Sua dor causava angústia nela. Fazia-a sentir.
Ele franziu a testa, virando-se dela e lembrando a si mesmo que não merecia ser olhado daquela maneira por alguém como ela.
A dor era esmagadora e, sem pensar, ele tirou a luva e começou a massagear a pele entre os dedos como havia feito na noite anterior.
Os olhos de Elva se arregalaram ao ver uma cicatriz horrível que envolvia toda a palma e o dorso da mão dele. Eksel fez uma careta enquanto esticava a mão, fechando os olhos enquanto rosnava.
Ela deu passos pequenos e curtos em direção a ele. Eksel ouviu as folhas estalando sob os pés dela e abriu os olhos, inclinando a cabeça, franzindo a testa em confusão enquanto ela se aproximava dele. Ela respirou fundo, olhou para ele com aqueles grandes olhos e estendeu as mãos em direção à mão marcada dele.
Eksel rosnou, puxando a mão para trás e inclinando o corpo para longe dela. Os olhos de Elva saltaram dos olhos dele para a mão e ela murmurou uma simples e quieta palavra.
"Por favor."
Ela ainda mantinha as mãos estendidas, pronta para aceitar o toque dele.
Com aquela única palavra, toda a determinação de Eksel caiu.
Ele observou, fascinado, enquanto ela lentamente começava a esfregar a mão dele com seus dedos delicados. A pressão aumentava quanto mais ela se concentrava, quanto mais ela se familiarizava com a pele dele.
Eksel rosnou baixinho porque, pela primeira vez, ele não sentia a dor constante que dominava sua mão. Ele jogou a cabeça para trás, suspirando e aproveitando aquele momento de completo êxtase.
Ela parou, mordendo os lábios.
"Obrigada por me salvar," Ela sussurrou.
Eksel a estudou, notando o alívio em seus olhos e a suavidade em sua voz. Ela estava tão assustada, e pelos deuses, ele faria qualquer coisa para nunca mais ver aquele olhar no rosto dela.
Seus olhos viajaram até suas mãos e ele inalou.
"Eu-"
"Não pare," Ele gritou.
Ela piscou para ele, continuando a massagem que havia começado.
Seu peito doía enquanto ele a olhava. Essa era uma dor que ele acolhia felizmente. Ela era bonita demais para ele olhar, delicada demais para ele segurar.
Sua espinha estremeceu ao pensar que provavelmente seria a última vez que compartilhariam um momento assim.
Em uma semana, eles chegariam a Gleneg e ela estaria aquecendo a cama de seu irmão.
Ele sibilou, puxando a mão dela.
Elva deu um passo para trás, surpresa com a mudança repentina de humor dele.
"Coloque seus sapatos, vamos voltar e comer," Ele grunhiu, levantando-se.
"Mas seus ferimentos-"
"Sten vai me remendar, coloque seus sapatos," Ele se virou dela, caminhando de volta para onde seu cavalo pastava.
Ele fechou os olhos, repreendendo-se por deixar todos aqueles pensamentos sobre ela dominarem sua mente. Ela não era dele e nunca seria. Ele tinha que parar de deixar sua mente se enganar.
A dormência se espalhou por seu corpo e ele lutou para puxar as rédeas. Ele sabia que não conseguiria montar.
"Vamos andando," Ele jogou por cima do ombro.
A visão da dor cruzando o olhar dela quase o fez se virar e pedir desculpas por seu humor. Quase o fez querer dizer que ela não precisava se casar com seu irmão.
Mas ele mordeu a língua, guiando-os de volta ao grupo.