Capítulo 2
O suor escorria pela testa de Oliver. "O arquivo dela está criptografado pelos militares. Isso é tudo o que conseguimos encontrar."
Ele puxou as imagens de vigilância. "E no dia do incidente, ela foi a única que passou por aquele beco."
Alexander olhava fixamente para a tela, lembrando dos olhos impacientes, mas intensamente focados, que viu antes de perder a consciência.
Um sorriso surgiu em seus lábios. "Interessante."
"Sr. Garcia, as pessoas naquela noite não pareciam bandidos comuns, mas a Zoey lidou com eles sozinha e..."
A voz de Oliver caiu. "E ela costurou seus ferimentos sem pestanejar. Zoey não é uma pessoa comum. Vamos mesmo entrar em contato com ela?"
"Claro." Um brilho brincalhão apareceu nos olhos de Alexander. "Afinal, ela é minha salvadora."
Oliver estremeceu com a luz perigosa nos olhos de Alexander.
Alexander mal havia retornado ao país quando foi emboscado. Ele teve sorte de ser salvo, só para ser encontrado por seus próprios homens ao lado de uma lixeira.
Qualquer um guardaria rancor para a vida toda por isso.
"Sr. Alexander Garcia, sobre o Sr. Finn Garcia..."
"Feche a boca." A voz de Alexander era calma. "Quero ver a Zoey."
Oliver ficou surpreso. "Agora?"
"Sim, agora." Alexander caminhou em direção à porta, seu casaco preto formando um arco afiado atrás dele.
Oliver lembrou dos olhos frios e gelados de Zoey nas imagens de vigilância e de repente sentiu que ela não seria fácil de abordar.
A grande entrada de Alexander poderia apenas resultar em um tratamento frio.
Hora do almoço, atrás da faculdade de medicina.
Zoey estava mordendo um sanduíche, sua caneta anotando rapidamente dados experimentais em seu caderno.
De repente, várias sombras bloquearam a luz.
"Zoey?" O líder girava um cano de metal. "Meu chefe quer uma explicação."
Ela levantou o olhar lentamente, seus olhos indiferentes atrás dos óculos grossos. "Quem é seu chefe?"
"Não se faça de boba!" O cano balançou em direção à sua cabeça. "O motociclista que você salvou dois dias atrás! Ele está morto!"
O cano parou a cinco centímetros de sua cabeça.
Ele obviamente mexeu com a pessoa errada.
A mão esquerda de Zoey segurou o pulso do atacante, enquanto a ponta de sua caneta pressionava contra a garganta dele.
A luz do sol refletia na caneta; um leve empurrão acabaria com a vida dele.
O homem estava completamente chocado. Ele nunca imaginaria que Zoey, que parecia tão delicada e frágil, poderia atacar com tanta precisão implacável, subjugando-o instantaneamente.
Essa mulher não era uma médica? Como poderia possuir habilidades tão formidáveis?
"Primeiro," Zoey ajustou os óculos, "seu amigo morreu de um ataque cardíaco."
"Segundo," a ponta da caneta fez sangue escorrer, "você estragou meu almoço."
No chão estava seu sanduíche amassado, o recheio misturado com sujeira, o que só piorava seu humor.
Quanto mais pensava nisso, mais irritada ficava, e aplicou mais pressão.
O homem gritou, ameaçando, "Se você me machucar, meus amigos não vão te deixar em paz!"
"Já acabou?" A expressão de Zoey era vazia enquanto aumentava a pressão.
"Acabou...!" O bandido não entendia por que ela perguntou, mas respondeu instintivamente.
Com um estalo seco, o pulso dele se torceu em um ângulo antinatural.
Os outros homens congelaram, mas continuaram falando:
"Zoey, você matou alguém e ainda tem a coragem de ser estagiária aqui, sem vergonha!"
"A família King fez bem em cortar laços com alguém como você!"
A caneta voou de sua mão, raspando o pescoço do falante e cravando na parede.
Zoey olhou para o relógio. "Irritante."
Os bandidos estavam todos aterrorizados, completamente desprovidos de sua arrogância anterior. Eles nem ousavam mais falar, apenas ficaram ali parados, atônitos, observando Zoey com medo, temendo que ela pudesse desferir um golpe mortal.
O som distante do sino da aula tocou, e ela murmurou enquanto se afastava, "O professor vai me dar uma bronca de novo..."
Terceiro andar da faculdade de medicina, sala de demonstração cirúrgica.
Alexander estava no fundo da sala, seu olhar fixo em Zoey no centro do palco, um sorriso brincalhão nos lábios.
Zoey já o havia reconhecido como o homem falante que ela havia deixado ao lado da lixeira.
"Tensão da sutura em 0,5 Newtons, espaçamento dos pontos em 2 polegadas." Sua voz era tão calma quanto ler instruções. "Evite danificar a artéria coronária."
Alexander de repente lembrou daquela noite, sua técnica precisa enquanto costurava seu ferimento dilacerado.
Quando a anestesia passou, a dor fez com que ele suasse frio, e Zoey tinha enfiado um pedaço de gaze em sua boca: "Morda, e não faça barulho."
Quando a aula terminou, Alexander e seus seguranças bloquearam a saída.
"Você não acha que me deve uma explicação por me largar perto do lixo?"
Zoey tirou as luvas. "Você falava demais, era distração."
Oliver ficou boquiaberto.
A última pessoa que falou com Alexander desse jeito já estava debaixo da terra.
Alexander sorriu. "Acho que você sabe quem eu sou."
Zoey o olhou friamente. "Eu sabia, e ainda assim te larguei lá."
Que mulher teimosa!
A sala ficou em silêncio.
Todos sabiam que Alexander era o chefe do Grupo Garcia, o mais jovem e implacável do mundo dos negócios.
Mas a atitude de Zoey era tão indiferente quanto lidar com um estranho.
Alexander não ficou com raiva; ao contrário, ele ficou intrigado. "Sua técnica de costura não é algo ensinado na faculdade de medicina."
"A prática leva à perfeição, depois de costurar animais suficientes."
Alexander captou a ofensa velada, rindo, ele tirou um cartão dourado do bolso do terno, colocando-o na borda da mesa de dissecação:
"Estou aqui para te retribuir."
"Não estou interessada." Zoey nem olhou. "Eu tenho dinheiro."
"Não é sobre dinheiro." Alexander se inclinou mais perto, sussurrando em seu ouvido, "Posso te ajudar a descobrir quem quer te matar."
Zoey finalmente olhou para ele:
"Você deveria se preocupar mais com quem você irritou."
Ela empurrou a porta da sala. "Afinal, eu só te salvei por capricho; da próxima vez, talvez eu não salve."
Alexander a observou se afastar, o sorriso em seu rosto crescendo.
Oliver perguntou nervosamente, "Sr. Garcia, devemos segui-la?"
"Plante um rastreador." Ele esfregou as manchas de sangue na mesa de dissecação. "Certifique-se de que ela não perceba."
Na manhã seguinte, um pacote apareceu na mesa de Alexander.
O rastreador na coleira preta ainda piscava, ao lado de um bilhete: [Para o dono legítimo.]
Obviamente, Zoey havia descoberto o dispositivo de rastreamento e adivinhado que Alexander tinha enviado alguém para instalá-lo. Sem chamar a atenção de ninguém, ela havia colocado o rastreador na mesa de Alexander—isso era um aviso.
Zoey estava avisando Alexander para não brincar mais com esses jogos de rastreamento entediantes!
"Sr. Garcia!" Oliver entrou correndo. "O sinal de rastreamento mostra que está neste prédio..."
Ele parou no meio da frase, olhando de olhos arregalados para a coleira na mesa.
Alexander de repente riu, seus dedos traçando a caligrafia no bilhete.
Oliver sentiu um arrepio na espinha.
Zoey definitivamente era a primeira pessoa a ousar brincar com Alexander desse jeito.
O que era ainda mais assustador era que Alexander, sempre vingativo, agora brilhava com interesse nos olhos.
De manhã, Zoey tinha acabado de abrir a porta do laboratório quando dois policiais a pararam.
"Sra. King, gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre a briga que aconteceu no beco atrás da faculdade de medicina na noite de sexta-feira passada", um dos policiais disse, mostrando seu distintivo.
Sussurros se espalharam ao redor deles.
Zoey era infame na faculdade de medicina, com a fama de ter uma tendência para a violência, embora seus colegas que a conheciam achassem que ela era apenas distante.
Ela realmente tinha uma fascinação por dissecar corpos, mas quem na faculdade de medicina não tinha dissecado um corpo?
Ela só tinha o hábito de examinar meticulosamente os órgãos que removia durante o processo.
"Entendi," Zoey respondeu calmamente, seguindo os policiais para fora.
Na delegacia.
O reitor da faculdade de medicina entrou apressado, lançando-se imediatamente em um discurso furioso.
"O que você me prometeu? Você disse que não agiria impulsivamente e não machucaria mais ninguém. Agora você não só é suspeita de assassinato, como também está causando problemas fora da escola!"
"Você sabe quem são as pessoas com quem você brigou? Elas vêm de famílias influentes! Não havia câmeras naquele beco, mas a investigação policial mostra que você era a única lá na hora."
O reitor ficou mais agitado.
"Finalmente entendo por que a família King te deserdou. Você é perigosa demais."
"O Sr. King chegará em breve. É melhor você se explicar claramente. Eu já redigi sua carta de demissão. Não podemos deixar você arrastar toda a faculdade de medicina para baixo com você."
A expressão de Zoey permaneceu indiferente, sem mostrar emoção.
Cinco minutos depois, seu pai biológico, Aiden King, entrou furioso e a esbofeteou sem dizer uma palavra.
"Quanta mais confusão você vai trazer para a família King?!"
