Convidado do Capítulo 5

Zoey não recuperou a compostura até o carro parar suavemente em frente ao prédio do seu apartamento. Ela rapidamente empurrou a porta do carro, tentando escapar, mas Andrew foi mais rápido, segurando a porta fechada. Quando ela se virou, encontrou o olhar profundo e indecifrável dele.

"Obrigada pela carona."

Zoey tentou manter o tom neutro, mas não pôde deixar de perguntar com um toque de ressentimento, "Então, você vai dormir na casa da Emily ou voltar para a Mansão Anderson?"

Andrew não respondeu. Em vez disso, ele desabotoou lentamente o terno e perguntou, "Por quê, você está planejando minha agenda agora?"

Ele se inclinou mais perto, a apenas alguns centímetros de distância.

"Ou está esperando que eu vá para a casa dela?"

O coração de Zoey foi perfurado pelas palavras dele, e suas orelhas queimaram de vergonha. Ela rapidamente virou o rosto.

"Eu só estava perguntando."

"Só perguntando?"

Andrew esfregou a barba por fazer no queixo, seus dedos deslizando sobre a gola da camisa, o pomo de Adão se movendo ligeiramente.

"Talvez eu deva ligar para ela e ver se está livre esta noite?"

Zoey sabia que Andrew estava deliberadamente interpretando mal suas palavras, mas ver a foto de Emily como fundo do celular dele ainda a fez sentir uma pontada de tristeza.

"Vá para onde quiser."

Ela abaixou os olhos, a voz quase transbordando de decepção.

Andrew parecia ter antecipado a reação de Zoey. Ele acenou com a cabeça em reconhecimento e então olhou para o andar onde ficava o apartamento dela.

"Então, vou ficar aqui esta noite."

"Por quê?"

"Porque eu sou o Andrew."

A voz dele era calma, mas carregava uma autoridade inegável.

Sim, 'porque ele é o Andrew', ela não podia vencê-lo. Mas hoje era o primeiro dia dele de volta ao país. Ele não ia passar a noite com Emily? Depois de pensar por um momento, ela disse, "Este é meu apartamento."

"É meu também."

Andrew riu, inclinando-se mais perto de Zoey, a moldura da porta do carro os envolvendo em um espaço apertado.

"Não se esqueça, estamos casados. Qual o problema de eu ficar aqui?"

Zoey sentiu uma pontada de dor ao ouvir "estamos casados", sua decepção evidente.

"Mas nós..."

Zoey queria dizer que eles estavam casados apenas no papel e estavam prestes a se divorciar.

"Mas nós o quê?"

Andrew a interrompeu, com seu sorriso habitual de provocação nos lábios, mas os olhos examinando-a.

"Ou há alguém escondido no seu apartamento, e é inconveniente para mim entrar? Quero ver quem tomou meu lugar."

Com isso, Andrew abriu abruptamente a porta do carro e saiu.

"Você está falando besteira!"

Zoey não suportava ser suspeitada, e ela seguiu Andrew para fora do carro, suas palavras tornando-se incoerentes.

"Andrew, não seja ridículo!"

Andrew agarrou os ombros de Zoey, seus narizes quase se tocando.

"Se não há ninguém escondido, por que você tem medo de me deixar subir?"

Ele então puxou o braço de Zoey e se dirigiu à entrada do prédio.

Zoey tropeçou, quase caindo nos degraus. Ela mordeu o lábio e olhou para ele, sua raiva reprimida subindo à cabeça. Mas quando encontrou os olhos dele, que pareciam dizer "Eu te desafio a me impedir", ela resignadamente pegou seu cartão de acesso.

Eles entraram no prédio e depois no elevador, com Zoey permanecendo em silêncio.

Assim que a fechadura da porta fez um clique ao abrir, uma sombra peluda e preta disparou para fora, acompanhada por latidos ensurdecedores. Antes que Zoey pudesse reagir, seu Border Collie adotado, Pixel, já estava com as orelhas em pé, as patas nas calças do terno de Andrew, rosnando ferozmente, com o rabo nervosamente entre as pernas.

Andrew ficou assustado com o "ataque" repentino, seu corpo enrijecendo. Ele deu um passo para trás instintivamente, seus sapatos raspando no chão, seu rosto visivelmente pálido.

Zoey arrastou Pixel para dentro com força, sem olhar para trás.

"Entre, não leve isso a sério com um cachorro."

Os dentes afiados de Pixel brilhavam à luz, fazendo os pelos do pescoço de Andrew se arrepiarem. Só Andrew sabia que tinha medo de cães desde criança. Zoey, claro, não sabia desse segredo.

Andrew reprimiu seu pânico e olhou para Zoey, elevando ligeiramente a voz para aumentar sua coragem. "Parece que não sou o único não bem-vindo aqui. Nenhuma pessoa escondida, mas um cachorro 'amante'? Zoey, seu gosto está ficando mais peculiar."

A palavra "amante" era estranha demais, deixando Zoey momentaneamente sem palavras. Mas quando ela viu o medo fugaz nos olhos dele, percebeu que ele estava tentando desviar a atenção. Com raiva e ansiosa, ela agarrou a coleira de Pixel.

"Pixel! Pare de latir! Este é... um convidado."

Ela se sentiu culpada até mesmo ao dizer "convidado."

Pixel não se convenceu, continuando a latir para Andrew, fazendo sua respiração acelerar. Ele cerrou os punhos, pronto para se defender - com medo de que o cachorro pudesse pular a qualquer momento.

Mas quando ele viu a expressão ansiosa e desamparada de Zoey, de repente riu, inclinando-se rigidamente para sussurrar no ouvido dela, "O que, com medo que eu exponha sua bestialidade? Escondendo isso tão bem, melhor do que esconder um homem."

Zoey se sentiu profundamente insultada, seus olhos se enchendo de lágrimas, sua voz tremendo.

"Andrew, você é um sem-vergonha!"

Andrew agiu como se não tivesse ouvido, endireitando as calças do terno que Pixel havia amassado, e caminhou em direção ao quarto, seus passos anormalmente rápidos.

"Quero ver há quanto tempo esse cachorro tomou o meu lugar."

Ele acidentalmente chutou um saco de ração na entrada, quase tropeçando na saia de Zoey.

Pixel tentou correr atrás dele, mas foi segurado por Zoey.

"Não toque nas coisas do Pixel."

Zoey lutou para arrastar Pixel até a varanda, enfatizando a fronteira.

Os ganidos de Pixel bateram no vidro, seus olhos molhados olhando para Zoey através da grade, fazendo-a sentir uma pontada de tristeza. Afinal, nesses anos vivendo sozinha, se não fosse pela companhia de Pixel, ela não sabia como teria suportado as noites solitárias e exaustivas.

"Seja bonzinho. Só por um tempinho."

A respiração quente roçou seu ouvido, fazendo as orelhas de Zoey queimarem novamente. Andrew olhou para o pescoço corado dela, seus olhos desprovidos de humor, apenas cautelosos com Pixel. Ele respirou fundo, seguindo-a cautelosamente, seu olhar sempre em Pixel, com medo de que ele mordesse seu tornozelo a qualquer momento.

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