Capítulo 2

POV de Erin

"S-sim, Alpha," gaguejei, com os dedos trêmulos enquanto cuidadosamente recolocava a moldura de prata na mesa de cabeceira. "Desculpe. Acho que me perdi." Minha voz falhou, traindo meu medo.

Derek entrou no quarto com uma graça predatória, cada passo medido e silencioso. Seus ombros largos se destacavam sob o terno sob medida, criando uma silhueta imponente contra a porta.

"Este lado do forte está claramente marcado como área privada," ele disse, sua voz inquietantemente calma, mas carregando uma ameaça subjacente. "Para você ter chegado até aqui mostra uma estupidez notável ou desrespeito deliberado." Seu maxilar se apertou enquanto ele enunciava cada palavra com precisão.

Minhas bochechas queimavam de humilhação. Me levantei rapidamente, desesperada para sair, mas minhas pernas estavam fracas.

Nesse momento, uma mulher apareceu atrás de Derek, seu longo cabelo preto caindo nas costas como uma cascata à meia-noite. Ela vestia um elegante vestido bege com bordados prateados intricados que acentuavam suas curvas graciosas. Um pingente com o símbolo distinto do pinheiro prateado de seu clã refletia a luz.

"Está tudo bem, Derek?" ela perguntou, sua voz melodiosa com um leve sotaque sofisticado. Seus olhos se estreitaram enquanto me avaliavam.

"Apenas uma garotinha," Derek respondeu sem se virar. "Nada para você se preocupar, Mya."

Essa deve ser sua noiva do Clã Pinheiro Prateado — a mulher de quem todos estavam falando. A filha do Alpha Charles Windsor, cuja união com Derek uniria duas poderosas linhagens de lobisomens sob a lua cheia de amanhã à noite.

Ela passou por Derek com elegância fluida, suas sobrancelhas perfeitamente arqueadas se levantando ligeiramente. De perto, ela era ainda mais bonita — maçãs do rosto altas, lábios cheios e olhos como âmbar polido.

"Quem é você?" ela perguntou, seu olhar varrendo dos meus tênis gastos até meus jeans de loja de departamento com desprezo mal disfarçado.

Antes que eu pudesse responder, Derek cortou, "Ela é apenas alguém que está prestes a sair." Seu tom não deixava espaço para discussão.

Comecei a me mover em direção à porta, olhos baixos, ombros instintivamente curvados.

"Eu realmente sinto muito," disse, quase num sussurro. "Eu estava apenas procurando por Bradley."

"Bradley não está aqui," Derek afirmou friamente. "E mesmo que estivesse, isso não lhe daria o direito de invadir meu espaço privado." Seus olhos brilharam perigosamente.

Enquanto eu passava pela mesa de cabeceira, meu cotovelo bateu na moldura da foto, fazendo-a cair no chão. O vidro se quebrou, fragmentos se espalhando pelo piso de madeira.

"Desculpe!" exclamei, imediatamente caindo de joelhos. Em meu pânico, peguei os pedaços de vidro descuidadamente, e uma borda afiada cortou meu dedo. Fiz uma careta enquanto o sangue brotava do corte.

A reação de Derek foi instantânea. Suas narinas se alargaram, seus olhos mudando de verde para um dourado brilhante. Por um instante, sua máscara de compostura rachou, revelando algo selvagem por baixo.

"Deixe isso," ele ordenou, sua voz um rosnado gutural. "Saia. Agora."

Me levantei rapidamente, correndo para fora com meu dedo sangrando pressionado contra meu peito.

Assim que cheguei à porta, ouvi a voz de Mya, deliberadamente alta. "Você viu isso, Derek?" ela disse com uma risada musical desprovida de calor. "Que garota irresponsável do interior. Pensar que ela pode comparecer à nossa cerimônia de união amanhã... O que Bradley está pensando?"

Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto fugia pelo corredor.


Me encontrei no salão principal, pressionando meu dedo machucado contra meus jeans. Ao meu redor, membros da alcateia organizavam lírios lunares prateados para a cerimônia de amanhã.

"Você está bem, querida?" uma voz autoritária me tirou dos meus pensamentos.

Olhei para cima e vi uma mulher elegante me observando com interesse calculado. Seu cabelo loiro-prateado estava arranjado em um penteado elaborado, e ela vestia um vestido azul-marinho sob medida com discretos detalhes prateados.

"Estou bem," respondi, endireitando minha postura. "Obrigada por perguntar, Sra. Stone."

Esta era Judy Stone, mãe de Bradley e Derek, a fêmea Alpha da Alcateia Darkwood. Imediatamente limpei qualquer vestígio de lágrimas, consciente de que qualquer sinal de fraqueza apenas diminuiria sua opinião sobre mim.

"Ah, irmã de Aaron Blackwood," ela disse, sua voz carregando a inflexão sutil de alguém acostumada a ser obedecida. Seu olhar caiu sobre minha mão. "Você está machucada."

Antes que eu pudesse protestar, ela pegou minha mão na dela. Notei seu leve estremecimento ao contato, rapidamente disfarçado por um sorriso ensaiado.

"Nada sério, mas precisamos limpar isso," disse ela, seu tom sugerindo tanto preocupação quanto um leve desgosto. "Não podemos deixar você pingando sangue nas preparações da cerimônia."

Enquanto ela enfaixava meu dedo com movimentos eficientes, pude ver os preparativos em pleno andamento através da porta.

"A união de dois clãs poderosos é sempre um momento significativo," comentou Judy. "A lua cheia de amanhã à noite testemunhará o cumprimento de uma aliança de uma década. Você já conheceu Mya Windsor, presumo?"

"Mya parece... adorável," eu disse com cuidado.

O sorriso de Judy foi comedido. "Ela é a filha do Alfa da Matilha Silverpine, uma lobisomem de linhagem impecável. Esta união foi planejada desde que Derek e Mya eram crianças. Trará grande força para ambos os nossos clãs." Ela terminou de enfaixar meu dedo e soltou minha mão imediatamente, limpando discretamente os próprios dedos. "Pronto, muito melhor agora."

"Obrigada," eu disse, reconhecendo o tom de despedida em sua voz.

"E agora, o que te traz ao nosso reduto hoje?" Sua postura havia se enrijecido, criando uma barreira invisível entre nós.

Minhas bochechas voltaram a queimar. "Eu estava procurando por Bradley. Ele mencionou que estava ajudando com os preparativos para a cerimônia." Hesitei. "Mas me perdi e acabei indo a um lugar onde não deveria estar."

"Bem, Derek tem o peso da matilha sobre seus ombros," ela respondeu, ajustando sua pulseira de prata. "A união dele com Mya não é apenas um casamento, é uma aliança política. Não leve a reação dele para o lado pessoal, querida."

"Como estão as coisas entre você e Bradley?" ela perguntou, seu tom sugerindo um interesse casual enquanto seus olhos permaneciam avaliativos.

"Ele é bom para mim," respondi, sentando-me na beirada da cadeira com postura cuidadosa. "Estamos juntos há quase um ano."

"Entendo," disse Judy. "Se não me engano, você fará dezoito anos em breve?"

"Amanhã, na verdade," confirmei.

"Um aniversário importante em nosso mundo," ela assentiu. "Você acredita que Bradley possa ser seu companheiro?"

"Espero que sim," admiti.

O sorriso de Judy se alargou, embora seus olhos permanecessem distantes. "Algumas uniões são destinadas pela lua, enquanto outras... são arranjos mais práticos."

Ela se levantou suavemente. "Você é bem bonita, Erin, de uma forma... natural. Posso entender por que Bradley se sentiria atraído por você na idade dele."

"Você sabe onde posso encontrar Bradley agora?" perguntei.

"Acredito ter ouvido ele mencionar que precisava discutir algo com uma garota chamada Lily." Seu tom carregava um subtexto que eu não conseguia identificar.

"Lily? Lily Winters?" perguntei, confusa.

"Sim, é ela," os olhos de Judy observavam minha reação com interesse.

"Provavelmente devo ir," eu disse, levantando-me.

"Nos veremos na cerimônia de união amanhã à noite?"

"Sim, meu irmão mencionou que recebemos um convite."

"Ótimo. Certifique-se de trazer sua mãe. Está na hora de conhecermos a mulher que criou crianças tão... interessantes."


Quando o táxi parou em frente à mansão dos Winters, o crepúsculo já havia caído. Caminhei até a porta da frente, meu coração batendo mais rápido a cada passo.

A empregada idosa me deixou entrar. "Senhorita Winters está no quarto dela."

Eu sabia o caminho para o quarto de Lily de cor. Bati e empurrei a porta sem esperar. "Lily?"

Lily estava ao lado da cama, cabelo desalinhado e bochechas coradas. Seu quarto estava desordenado, com uma umidade no ar sugerindo que alguém havia tomado banho recentemente.

"Erin!" ela exclamou, os olhos arregalados de choque. "O que você está fazendo aqui?"

"Eu poderia te perguntar o mesmo," respondi. "A Sra. Stone me disse que você estava discutindo algo com Bradley."

O rosto de Lily empalideceu ligeiramente. "Eu—eu queria te surpreender."

Olhando para o rosto pálido dela, não pude deixar de me preocupar.

"O que houve? Você está doente?" perguntei.

Antes que ela pudesse responder, ouvi uma porta se abrir atrás de mim. Virei-me para ver um homem saindo do banheiro de Lily, uma toalha enrolada na cintura, gotas de água ainda brilhando em seu peito nu. Seu cabelo estava molhado, penteado para trás.

O tempo pareceu parar. Por um momento, não consegui compreender o que estava vendo. Ele. No banheiro de Lily. Meio nu. Sua expressão mudou de relaxada para horrorizada quando nossos olhos se encontraram.

Lágrimas já embaçavam minha visão antes que eu conseguisse pronunciar seu nome.

"Bradley?" eu sussurrei, minha voz falhando.

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